terça-feira, 30 de novembro de 2010

Amor: derivação por extensão de sentido


Costumamos pensar que o amor significa muito. E é verdade, significa mesmo.
A consulta a um dicionário revela que a palavra amor significa muito mais do que se imagina. São mais de trinta significados diferentes para um mesmo sentimento. E deve-se admitir que nenhum deles pode estar correto. Afinal, amar, por ser infinito sentimento de bem-querer, não pode estar preso a um signo de simbologia limitada; é necessariamente difuso, universal.
Amar é livre expressão de sentimento. Amar não é prender-se a um determinado conceito; é libertar-se de qualquer amarra. É por isso que afirmamos amar o ser que desejamos sexualmente, mas não desejamos sexualmente o filho que amamos. É porque amor não é sexo, embora o sexo possa estar no amor.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Meu paraíso




Quanto tempo em nossas vidas perdemos imaginando como ela deveria ser ao invés de aceitá-la como é? Quantos os dissabores lutando batalhas de futilidades, de insignificâncias? Queremos tanto enxergar um determinado mundo imaginário, sofregamente ambicionado, que nos cegamos para o mundo real. Às vezes, recusamos aceitar que o mundo real é, na verdade, o mundo de nossos sonhos. Um mundo que custa enxergar porque, atarantados em busca de inconcretas vaidades, sequer lembramos que temos algo inefável em nosso espírito, uma visão especial que permite vislumbrá-lo: o olhar da emoção. É ela a única que expõe por inteiro a verdadeira natureza das coisas, das pessoas, de tudo que nos cerca. Somente as coisas que emocionam realmente existem, tudo o mais é ilusão ou mentira. E se alguém não se emociona com nada e nada lhe toca o coração, a própria irrelevância a torna inexistente, porque existir sem sentimento é como não existir.

sábado, 27 de novembro de 2010

Fumar, nem em festa de casamento



Tempos atrás, uma notícia de jornal informava que o Tribunal de Justiça de São Paulo teria revogado uma liminar, concedida por juiz de primeiro grau, em favor de noivos que visavam isenção de cumprimento da lei antifumo em festa de casamento por considerarem que, tendo alugado o salão para casamento, este seria uma extensão de sua residência. O desembargador que revogou a liminar, e aplicou uma restrição a uma festa particular, entendeu que não haveria amparo legal para considerar um salão de festas como extensão da residência dos locadores.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Carta para minha amiga



Minha querida amiga,
Contaram-me sobre sua crise nervosa. Entristeceu-me, pois tenho carinho por você e sei que algo dessa espécie não ocorre com ninguém gratuitamente. É reflexo de algo muito intenso que a pessoa carrega dentro de si. Significa que a pessoa sofre. E a gente se entristece quando sabe do sofrimento de alguém por quem nutrimos carinho. E mesmo amigos próximos às vezes não sabem como lidar com situações extremas vivenciadas pelo amigo que sofre. Ficam sem saber bem o que fazer para ajudar. Não sabem se a pessoa, conturbada pela vivência da aflição, quer aproximação ou distância. Há sofredores que necessitam muito falar. Há os que, pelo contrário, queiram calar. Quem ama e sabe da dor do amigo quer muito fazer algo, mas eis que surge o receio de, ao invés de ajudar, agravar o que já não é pequeno.

domingo, 21 de novembro de 2010

Lei Universal da Responsabilidade Política


Sugiro a seguinte Lei Universal de Responsabilidade Política:
Artigo 1º. Toda pessoa, de qualquer nação do mundo, para ocupar qualquer mandato político, deve abdicar completamente do direito a sigilo de qualquer espécie sobre a própria vida particular e de seu cônjuge, disponibilizando publicamente seus dados bancários, cartorários, fiscais, fundiários, financeiros, além de outros que digam respeito aos seus antecedentes pessoais cíveis e criminais, bem como aos bens que possua.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

O bem e o mal



Ninguém sabe exatamente o que é a vida. Ninguém sabe exatamente o que é a morte. Ninguém sabe sequer se vida e morte existem de fato. Tudo pode não passar de ilusão, de ficção. Essa ideia, aliás, foi explorada no filme Matrix.
Vamos supor, todavia, que tudo que nos cerca não seja uma miragem e exista de fato. Pense bem: todos os átomos que o compõem sempre estiveram aqui. Você, no que diz respeito à matéria que compõe seu corpo, é eterno. Quando Carl Sagan dizia que somos feitos de pó de estrelas era exatamente isso que ele pretendia afirmar, a nossa imortalidade material. Por algum motivo inexplicável, certo dia átomos que se encontravam dispersos se juntaram, formaram um corpo e ganharam algo intangível chamado “consciência”. Antes de um corpo se formar, essa consciência não existia ou não podia interagir com o mundo. Depois da morte do corpo, quando os átomos voltam a se separar, a consciência novamente deixa de existir ou de interagir com o mundo.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Palavras, nomes e o politicamente correto



É curiosa essa inclinação que certas pessoas possuem a imaginar que basta uma modificação no nome das coisas para que elas melhorem.
Certa época de minha vida, durante quatro anos, fui policial civil e era batata: toda vez que um novo Secretário de Segurança Pública assumia, os departamentos mudavam de nome ou de sigla. Comecei trabalhando na Seção de Atividades Cartorárias, cuja sigla era SAC. Tempos depois, com a mudança do Secretário, a sala em que trabalhava continuava a mesma zona mas a seção virou Setor de Cartório, SeC, assim mesmo, com a vogal “e” em minúscula, cujo profundo significado escapou-me completamente. É que não fiz MBA em Administração Pública. Por fim, se não me falha a memória, transmutou-se o setor em Setor de Cartório Legal que Funciona de Verdade, SCLFV, ou algo assim. Brincadeirinha.

sábado, 6 de novembro de 2010

A mentira, o voto no PT e a elite intelectualizada



Durante a campanha eleitoral de 2010, li um artigo da Agência Estado, assinado pelas jornalistas Anne Wrth e Ana Conceição, cujo título é, segundo penso, simplesmente ridículo: "Como o senhor rei mandar...".
O título pretendia sugerir que os eleitores do PT são ignorantes que respondem com seus votos ao simples clientelismo.
A análise, contudo, de nossa história recente, talvez de uns 20 anos para cá, dá conta de que os eleitores de esquerda, o que inclui maciçamente os do PT, integram a parcela mais politizada e esclarecida do país.

Amizade: substantivo feminino


Amizade é o mistério que torna possível um perfeito entendimento entre pessoas por vezes completamente diferentes.
É a unidade que se forma por afinidade e que leva as pessoas a se atraírem e se relacionarem.
Amizade nada tem a ver com sexo ou com laços de sangue, mas nem o sexo, nem o parentesco, a impedem. Casais realmente felizes são, antes de tudo, amigos, assim como irmãos podem, e na verdade devem, ser amigos.
Amizade é essa intensa afeição que sentimos por alguém e que nos enleva o espírito. Amizade é ter simpatia e apreço infinitos pelo amigo e, na verdade, os elos que formam a corrente da amizade são forjados justamente desses imensos e inexplicáveis afetos recíprocos que existem entre os amigos.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

A fé e a navalha do barbeiro


Tudo que fazemos na vida é porque temos fé. Isso se aplica a todas as pessoas, inclusive aos ateus e a Richard Dawkins. Não estou, claro, falando da fé religiosa, baseada na revelação. Refiro-me àquela convicção íntima que temos acerca da existência das coisas e de como ocorrem e se sucedem no tempo e no espaço.
Diariamente apostamos nossas próprias vidas nesse jogo da fé. Acreditamos, por exemplo, que podemos avançar, de forma segura, o sinal verde a sessenta quilômetros por hora ou mais e que nenhum doido irá ignorar o sinal que para ele está vermelho e nos abalroar. Pura fé.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

O cidadão comum e a História que passa diante dos olhos


É bastante interessante analisar alguns aspectos vinculados ao desenrolar da História.
A imensa maioria das pessoas do povo, na condição de meros figurantes nesse palco, nem se dá conta de que participa da história viva que, tempos depois, será narrada em livros para as futuras gerações.
Quando se estuda a Revolução Francesa, por exemplo, pensa-se em seus aspectos mais simbólicos, como a ascensão de uma nova forma de pensar a sociedade, com mais liberdade, participação política do cidadão comum e interesse pelos direitos do ser humano, e em como esse simbolismo culminou por ser irradiado para todos os governos ocidentais, com suas constituições garantindo, de uma forma ou de outra, a igualdade, a fraternidade e a liberdade perseguida pelos revolucionários franceses.