sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Luz e verdade


Nem sempre a luz nos traz o bem.
Ao dirigir o olhar diretamente para uma forte fonte de luz, nada se vê, senão clarão. O castigo para quem lança os olhos em direção ao Sol é a cegueira.
A função da luz não é ser vista, mas permitir a visão.
Assim também é com a verdade. Verdades absolutas atordoam e enganam. Transformam borrões imaginários em realidade. Ditas, de forma nua, crua, em avalanche, metamorfoseiam o que de fato é naquilo que imaginamos ser. Tornam a fantasia do ideal em concretude material ilusória.
A verdade não deve ser desvelada a qualquer custo. Assim como a luz, deve servir como instrumento, não como alvo. Apenas como meio de percepção das coisas e das pessoas como elas se apresentam no real, na experiência sensível. O que as pessoas efetivamente são é objeto fugidio e passível de delírio, ilusão e engano.
Todos possuem mistérios que não devem ser revelados.

Todos carregam, dentro de si, verdades que magoam.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Amor extremo, extremas decisões
















O homem puxou a cadeira e seus olhos cruzaram-se enquanto a mulher sentava-se. O incômodo encontro de olhares o fez buscar, lá dentro de si, um motivo para exibir um sorriso. A mulher percebeu o esforço, recompensando-o com um sorriso de retribuição.

O homem afastou-se um pouco, pegou um prato no aparador e, dirigindo-se à sopeira que repousava, fumegante, no réchaud, retirou-lhe, com muito cuidado, sua tampa de vidro. Tão logo viu-se livre da tampa, o aroma, lépido, fugiu de sua prisão de aço inoxidável, espalhando-se pelo ambiente até alcançar as narinas da mulher.

De olhos fechados, a mulher aspirou profundamente o agradável aroma e permaneceu sem expirar por longo tempo, talvez temendo perder qualquer pedaço daquela sensação. O homem a observava com ternura. O amor que sentia pulsava, latejava, doía. Pela mulher, pelo momento.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Respeito à opinião alheia é sempre devido?

Muitas pessoas creem, com verdadeira fé, que Deus criou o ser humano e o colocou nesse planeta com o objetivo de crescer e se multiplicar indefinidamente. Esse pensamento religioso vem sendo propagada por séculos e séculos.
Aparentemente, estamos cumprindo bem o mandamento divino: já somos mais de seis bilhões no mundo.

Hobsbawm e a questão do crescimento econômico

Assim pontificou o saudoso historiador Eric John Ernest Hobsbawm: "Hoje o problema real que se coloca, o maior deles, é que o poder do progresso material e tecnocientífico, baseado em crescente e acelerado crescimento econômico, num sistema capitalista sem controle, gera uma crise global de meio ambiente que coloca a humanidade em risco."
Hobsbawn vai direto na ferida.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Os parasitas do Capital


Os ricos investidores do mercado especulativo são eufemisticamente denominados "rentistas".
Deveriam, na verdade, ser chamados pelo que realmente são: parasitas do Capital.
Define-se parasita como o ser que, agregando-se maliciosamente a outro ser, dele retira toda a energia necessária à sua própria sobrevivência, em prejuízo daquele que é parasitado.