sexta-feira, 25 de abril de 2014

Capitalismo, globalização e inovações tecnológicas


Existem pessoas que defendem, com argumentos inteligentes e racionais, ser o capitalismo o melhor ambiente possível para o desenvolvimento da sociedade e do conhecimento tecno-científico do ser humano. Segundo elas, a competitividade impõe ao capitalista oferecer inovações tecnológicas aos consumidores, sob pena de, em última análise, falirem. Citam, como exemplo dessas rápidas inovações, os computadores, telefones celulares, televisores, automóveis, produtos que mal saem das prateleiras e já estão obsoletos.
São pessoas e opiniões que devem ser respeitadas, o que não impede afirmar que o raciocínio, porém, é equivocado. Aparentemente, confundem mudanças de design e novidades superficiais e supérfluas com verdadeiras inovações científicas e tecnológicas. Além disso, colocam num mesmo balaio o que é oferecido com tudo aquilo que poderia sê-lo. Os balaios são diferentes.
Na verdade, assim como ocorre na gestão de todos os seus interesses, o sistema capitalista move-se exclusivamente pela lógica do lucro, pouco se importando com a qualidade da invenção ou com a necessidade que as pessoas dela possam ter. Uma inovação somente é disponibilizada para os consumidores se estiverem em absoluta sintonia com a lucratividade. Qualquer outra novidade, por mais benefícios potenciais que encerre, mas que escape dessa lógica, é simplesmente ignorada ou, pior, escondida das pessoas.

quarta-feira, 23 de abril de 2014

O último condomínio do mundo




O mundo finalmente sucumbira a um conflito nuclear mundial.
Até onde se sabia, dos escombros daquilo que um dia fora uma orgulhosa civilização humana, com todas as suas metrópoles, somente restara um perdido condomínio no meio da floresta amazônica.
Sobrevivera por sorte, por estar escondido no meio da floresta. Era um grande condomínio rural horizontal onde se praticava uma experiência de fazenda comunitária. Praticamente uma pequena cidade, nele residiam quase duas mil pessoas que viviam de forma isolada, desenvolvendo uma economia mínima, autossuficiente e autônoma. Os próprios residentes plantavam e criavam todo tipo de cultivo e de animais.
Seus fundadores eram pessoas idealistas que se uniram na criação do condomínio, desejosos de vivenciar uma experiência de comunidade coesa e igualitária, assim fugindo ao caos da sociedade capitalista e consumista, na qual as pessoas eram valorizadas sob a métrica de suas posses.

terça-feira, 22 de abril de 2014

Pseudônimos




Pessoas que pretendem realizar um trabalho com uma certa dimensão pública, mas, ao mesmo tempo, desejam manter o anonimato como forma de preservar a privacidade, geralmente divulgam sua obra através da utilização de um pseudônimo, um nome fictício alternativo ao nome real, mas que não é falso, tendo inclusive proteção legal. Não pode ser caracterizado como nome falso pois a pessoa assume a autoria e responsabilidade pelo que faz, embora identificando-se com um outro nome.
Até aqui, novidade alguma.
O interessante é que o uso de pseudônimos, em geral, é associado aos artistas, como atores, cantores e escritores. Todavia, sua utilização é muito mais abrangente. Somente para dar um exemplo, todos os papas da Igreja Católica trocam de nome ao assumir o trono papal. O nome “Francisco”, do atual papa, é o pseudônimo religioso do argentino Jorge Mario Bergoglio. Talvez alguns espíritas não saibam, mas o nome Allan Kardec é o pseudônimo do francês Hippolyte Léon Denizard Rivail.

domingo, 13 de abril de 2014

O mensalão e a Corte Interamericana de Direitos Humanos


Noticiou-se essa semana que os ex-ministros da Justiça Márcio Thomaz Bastos e José Carlos Dias denunciaram o Estado brasileiro e o Supremo Tribunal Federal (STF) na Comissão Interamericana de Direitos Humanos, em Washington, em virtude do processo do mensalão, que resultou nas condenações de seus clientes.
Além deles, que representam três dos condenados, o advogado de José Dirceu já adiantou que irá participar da denúncia.
Por fim, está absolutamente claro que o Henrique Pizzolato, além de expor o judiciário brasileiro nas cortes italianas, certamente irá também recorrer à CIDH.
A denúncia do mensalão, sustentada pela Procuradoria Geral da República e defendida pelo Relator Joaquim Barbosa, funda-se primacialmente em quatro pernas, que são:

terça-feira, 8 de abril de 2014

Monstro humano



Sou um monstro de fome insaciável. Mato toda vida que encontro mesmo sem fome atual, movido pelo temor de estar faminto amanhã.
Aceito a companhia de outros monstros de minha espécie, mas só para formar um bando que me garanta maior facilidade na exploração do mundo, para auxiliar-me no morticínio das vidas à minha volta.
Ocupo todos os lugares que posso e, para isso, desalojo quem e o que lá se encontrava antes de mim, se necessário, arranco suas raízes, dou fim à sua vida.
Não tenho nenhum outro compromisso com qualquer semelhante, mesmo os que aceitei no meu bando, que não seja o de explorar a sua força em meu favor; quando se torna inútil, abandono-o imediatamente, sem remorsos. As fraquezas alheias somente servem para o meu proveito, para lucrar, para guardar.

domingo, 6 de abril de 2014

A Bíblia II - Adão e Eva



Segundo narra a bíblia judaica, em seu livro Gênesis, após criar tudo na terra, nos mares e no céu, inclusive “monstros marinhos”, Deus criou o primeiro homem.
O homem, todavia, não foi criado aleatoriamente, da mera imaginação do arquiteto divino, como parece ter ocorrido com todas as demais coisas. Sendo o homem uma criação especial, merecedora de maior atenção, ele disse “façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança”.
O que exatamente significariam esses plurais: “façamos” e “nossa”? Seriam vários os deuses e não somente um? Ou seria um plural majestático e nada modesto? Não se sabe. A resposta pode estar mais à frente, como veremos.
Criado o primeiro homem, Deus a ele ordenou que comesse de tudo o que havia no paraíso, menos os frutos da “árvore do conhecimento do bem e do mal”, porque, se assim o fizesse, ele “certamente” morreria. Assim, ficou ciente o primeiro homem de que o seu pai, criador e amoroso, instituiu, para o ato de comer o fruto da árvore do conhecimento, a pena de morte.

Polarizações












A percepção do branco somente é possível a partir da existência do negro. Aqui não se trata de etnias ou racismo, mas de polarizações.
O ser humano é evolutivamente um animal polar. Sua realidade não é meramente descritiva, mas fundamentalmente baseada em comparações. A pessoa não gosta do amarelo por ser amarelo, mas por considerá-lo mais belo do que o verde, por exemplo.
A ausência de comparações é o útero materno da infelicidade e da depressão. Sem a polarização, a realidade empobrece ao nível da indescritibilidade, tornando-se quase inexistente em termos de sensações. Num cenário de vácuo comparativo, as emoções exaurem e morrem.
Por que o ser humano deseja tanto a riqueza? Porque, por comparação, percebe as dificuldades que atravessam os que não a possuem. Primitivamente, dificuldades vinculadas à carência alimentar, fome, doença e morte. Mais modernamente, ausência de mobilidade, social e física, e de poder de consumo.

terça-feira, 1 de abril de 2014

A barbárie descolorida
























A leitura dos comentários produzidos na internet sobre o aniversário de cinquenta anos do golpe de estado praticado pelos militares brasileiros parece evidenciar que a população brasileira está se polarizando em dois posicionamentos ideológicos bastante distintos um do outro, sendo ambos, basicamente, fundamentalistas: os que se afirmam "de esquerda" e os que estão "do outro lado". Utiliza-se a expressão "do outro lado" para evitar ferir suscetibilidades, pois poucos são capazes de se afirmar como "de direita".
Os comentários das pessoas "de esquerda" em geral repudiam o golpe e defendem indiscriminadamente as ações dos guerrilheiros, inclusive eventuais assassinatos e outras ações criminosas.
Já as pessoas "do outro lado" assumem posicionamento francamente contrário, colocando-se em defesa dos militares e de todas as suas ações, mesmo as desumanas, desde que praticadas contra os "terroristas" de esquerda.