sexta-feira, 31 de outubro de 2014

O grito doentio da intelectualidade corrompida




O filósofo da USP Paulo Eduardo Arantes, atualmente aposentado, publicou um artigo na Folha de São Paulo, em 27 de maio de 2001, intitulado “Extinção” (1), por ocasião do apagão elétrico ocorrido durante o governo FHC.
Em seu artigo, o filósofo recordava que Adorno e Horkheimer, meio século antes, haviam advertido que “uma das lições que a era Hitler nos ensinou é a de como é estúpido ser inteligente”, pois, segundo esses pensadores, fora a mais alta intelectualidade europeia que teria pavimentado a estrada em direção à ascensão do nazismo a partir de argumentos lógicos sobre a inviabilidade do sucesso de tamanha aberração. Deu no que deu.
Paulo Eduardo deixava claro que havia um evidente paralelo, na época de seu artigo, entre os “inteligentes” europeus do turbulento período pré-nazista e os “inteligentes” paulistas:

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Antipetismo não representa opção política, mas preconceito!

A matéria do iG cujo link destaco em seguida a esse texto corrobora o que venho alertando: o antipetismo representa mais do que um movimento contrário ao PT no governo. Trata-se de ação irrefletida de uma parcela considerável da população que aproveita-se de uma disputa eleitoral para apresentar o que verdadeiramente povoa suas cabeças: um discurso de ódio, intolerância, elitismo e preconceito contra pobres e nordestinos. Os eleitores antipetistas que não compactuam com isso devem refletir sobre quem está do seu lado.
É direito sagrado votar contra o PT. É direito inalienável manifestar opiniões. Contudo, compete a cada um dos antipetistas, constatando que a opinião que está compartilhando é idêntica à dos baluartes da segregação e do ódio, parar por um momento para pensar em que tipo de pessoa está se transformando, que espécie de pensamentos está se incorporando à natureza do ser humano que se é.

domingo, 26 de outubro de 2014

Ferocidade midiática: a necessidade de regulação da mídia


João Feres Júnior, cientista político que coordena o projeto Machetômetro da UERJ, cujo objetivo é analisar as valências das matérias publicadas na grande imprensa, declara, em entrevista ao jornal GGN, ser “muito preocupante para a democracia brasileira esse tipo de comportamento da grande mídia. A cobertura se encerrou com uma página deprimente". Referia-se ele à capa da revista Veja publicada dois dias antes da eleição e repercutida nos grandes jornais e no Jornal Nacional, da Rede Globo.
Ainda na mesma entrevista, o pesquisador sustenta que "a cobertura dos três jornais que a gente estuda, a Folha de S. Paulo, o Globo e o Jornal Nacional, se caracterizou por um viés bem forte contra a candidata do Partido dos Trabalhadores Dilma e contra o PT. Agora, no final da campanha, acho que a coisa se revestiu de uma radicalidade que eu nunca tinha visto antes. Todos os jornais e revistas semanais juntos querendo dar um golpe de mídia, ou seja, virar o resultado eleitoral por meio de um factoide que a Veja começou a publicar e que rebate nos outros jornais todos". Para ele, a campanha da oposição ao governo federal foi bancada pela revista Veja.

sábado, 25 de outubro de 2014

Último debate. Agora, a eleição!


E lá se foi o último debate eleitoral entre Dilma e Aécio.

À exceção de Aécio logo no início, com a primeira pergunta, tentando encurralar Dilma com uma espada forjada com a famigerada capa da Veja que, de forma criminosa, lança suspeitas sobre Dilma e Lula, o debate foi em geral, como os anteriores, enfadonho e morno, repetindo-se as mesmas discussões sobre corrupção dos dois partidos, defesa do governo de FHC e do próprio governo pelo Aécio, defesa dos programas do governo do PT com Lula e Dilma.
Após assisti-lo, estou convicto de que, se a eleição seguir o seu curso natural, daqui a um dia Dilma Roussef será reeleita para dirigir o país por mais quatro anos. Esse destino não será modificado pela capa desesperada e criminosa da revista Veja, nem pela atuação dos candidatos nesse debate.

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Seis razões para o meu amigo indeciso votar na Dilma


Amigo indeciso,

Aqui quem te escreve é o Marcio.
Estou enviando essa mensagem indistintamente para todos os meus amigos. Ela, porém, é destinada exclusivamente àqueles que ainda estão indecisos em relação a quem votar para a presidência do Brasil.
Se você é um amigo que já decidiu em quem votar e está convicto, não perca seu tempo. Vote em quem você democraticamente escolheu. Pare de ler aqui. Vai cuidar de sua vida e seja feliz! Boa eleição!
Porém, peço ao amigo indeciso a gentileza e a consideração de continuar a ler. É muito importante para mim e, creia, para você também.

sábado, 18 de outubro de 2014

Jornalistas, eu os acuso!




A responsabilidade da imprensa pelo acirramento de ânimo entre petistas e anti-petistas é evidente. Estão fabricando um fosso que vai se aprofundando. Um dia será impossível a construção de pontes para o retorno à confraternização.
Ontem (18/10) publiquei um twit com a seguinte mensagem: "O antipetismo cego está se radicalizando e dividindo o país. Um dia ainda conseguem a guerra civil.”. É o que penso de verdade, mas esse pensamento não cabe em somente cento e quarenta caracteres, por isso a razão desse texto.
Estamos entrando num caminho extremamente perigoso, a partir do qual a percepção de uma parcela da população quanto à dificuldade de solução política pela via democrática começa a criar, em mentes menos tolerantes, perigosas ideias de dominação a qualquer preço, a qualquer custo.

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Sugestões para a Presidenta Dilma


Presidenta Dilma,
Tenho apoiado o PT na internet, tentando, como muitos outros, construir algum contrapeso a esse massacre midiático. Também assisti aos debates televisivos e conversei com muitas pessoas a respeito.
A opinião, em geral, não é boa.
Não que a senhora esteja se saindo pior do que o Aécio, não está. Porém, a discussão moralista não está boa para nenhum dos dois.
O Aécio dificilmente vai sair da abordagem do tema da hora: “corrupção do PT", seja na Petrobras, seja no mensalão. Isso certamente vai exigir resposta firme, à altura.

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Petrobras: a construção midiática de uma pauta negativa eleitoral


É absolutamente inacreditável que a Petrobras esteja sendo utilizada pela mídia e pela propaganda tucana como exemplo de má gestão do governo do PT.
Digo inacreditável porque bastam alguns cliques na internet para comprovar que essas notícias são falsas.
O próprio O Globo, em 29 de agosto último, teve que reconhecer que, no final do governo tucano de FHC, em 2002, a Petrobras possuía um valor de mercado de US$ 15,4 bilhões (01) e que agora, em outubro de 2014, ela valia US$ 116,3 bilhões (02), o que inclusive a fez retornar à condição de maior empresa da América Latina.
O valor da Petrobras, portanto, cresceu sete vezes e meia no governo do PT em relação ao tucano. Por conta disso, ela, cuja colocação no ranking mundial das empresa era acima do centésimo lugar, pulou para a quarta colocação em 2010 (dados da Wikipedia).

terça-feira, 14 de outubro de 2014

A crise hídrica de São Paulo e a eleição presidencial de 2014




Sentia no ar eleitoral um odor desagradável que vinha incomodando fortemente, mas cuja origem até agora me escapava. Sei que são comuns os golpes eleitorais midiáticos.
Situações de escândalos historicamente vêm sendo reiteradamente criadas pela imprensa às vésperas das eleições. Até já nos acostumamos a aguardar a chamada "bala de prata" da imprensa, aquela capaz de matar o lobisomem petista na boca da urna. "O que será que a Veja vai publicar no dia anterior à eleição?", pergunta-se a sociedade antes de toda eleição.
Não fosse trágica essa atuação da imprensa, a situação seria ridícula, vergonhosa. Obtiveram sucesso em algumas eleições, perderam em outras.

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

A discussão política no Facebook




Esse texto decorre dos dois anteriores aqui do blog, cuja repercussão foi para mim extremamente surpreendente. Talvez fosse útil, para quem ainda não leu, que os lesse para melhor compreensão deste. Eles estão aqui:
e aqui:
O primeiro recebeu milhares de acessos ao blog, tanto através do divulgador principal, o blog do jornalista Luis Nassif, a quem agradeço, como por meio de compartilhamentos do Facebook.
O segundo ainda está na casa das centenas, mas continua sendo compartilhado. A maioria dos comentários se alinhou com os pensamentos que expus. Todavia, como não poderia deixar de ser num ambiente plural e democrático, muitos discordaram.

domingo, 12 de outubro de 2014

O coronelismo utópico




Três dias atrás (09/10), escrevi o ensaio "Carta aberta ao antropólogo Roberto DaMatta", através do qual refutava o artigo desse renomado intelectual brasileiro intitulado "Um soco na onipotência", artigo cujo objeto era a defesa passional da candidatura de Aécio Neves à presidência da república.
Nunca foi minha intenção negar ao DaMatta o seu sagrado direito de optar por uma candidatura, direito constitucional de todos os cidadãos eleitores do Brasil. Apenas entendi que, diferentemente do que ocorre com a maioria dos eleitores brasileiros, cujo acesso à cultura e à informação historicamente vem sendo sonegado, DaMatta possui o cabedal intelectual, a pletora de informação e conhecimento, que lhe permite uma argumentação com fundamentos mais profundos do que aquilo que denominei de "redação de Facebook".
Ressaltei que, ao utilizar os mesmos artifícios retóricos rasos que são utilizados nas redes sociais, o antropólogo se despe de sua condição de intelectual, colocando-se pari passu com os ignorantes ecoadores de bordões, mantras e memes.

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Um soco na arrogância da visão seletiva supostamente intelectual (ou, Carta Aberta ao antropólogo Roberto DaMatta)




Roberto DaMatta, li, ontem (08/10/2014), o seu texto “Um soco na onipotência”, onde você defende que o PT seja “defenestrado do poder” e revela ter sentido a angústia diminuída ao ver Aécio chegar ao segundo turno dessas eleições. Na sua visão, Aécio, tendo “achado o seu papel e o seu tom”, e “com sua tranquilidade”, irá proporcionar ao Brasil a “descoberta da soma e da continuidade”.
Senti uma enorme tristeza ao término da leitura. Sempre respeitei você e seus pensamentos. O seu texto para mim significou, de fato, um soco de alto teor destrutivo, porém não na onipotência do PT, mas na imagem do antropólogo Roberto DaMatta, que nunca imaginei pudesse abdicar da inteligência para defender uma causa.
Participo pouco do Facebook, mais para divulgar meus textos. Isso porque percebo nas redes sociais uma enorme carência de discussão inteligente e racional dos problemas políticos brasileiros. Trata-se de mera gritaria irracional, com repetição de memes e de conteúdo absolutamente raso. É nessas discussões adialéticas, onde não é possível o contraponto, visto como ofensa, e cuja pretensão é somente a de fazer prevalecer a própria visão e de repelir agressivamente todo pensamento que contrarie essa ótica, que vejo comumente serem usadas essas expressões de mera injúria como “petralhas”, “tucanalhas”, “privataria”, “coxinhas” e, vejam só, “lulopetismo”, a mesma utilizada por você, um intelectual.

sábado, 4 de outubro de 2014

Dia de eleição

Amanhã iremos às urnas escolher quem presidirá esse país.
Pode representar continuação, com Dilma, ou modificação, com Aécio ou Marina. Os demais não possuem chance alguma.
Penso que isso, o escolhido, o eleito, não é o mais significativo. O mais importante é o Brasil e os brasileiros.
Não existem políticos completamente santos, nem totalmente diabólicos. São brasileiros e representam, na média, o que é o povo.
O político que representa dignamente os seus eleitores é o mesmo brasileiro que dedica parte de seu tempo livre ao exercício do altruísmo, seja na distribuição de sopão aos sem-teto, seja abrigando animais abandonados, seja construindo cisternas para os pobres da caatinga.