Um
texto de autoria do jornalista Luis Nassif, profissional que muito
respeito, advoga a proibição do BBB. Transcrevo o texto e, logo a
seguir, teço minhas considerações a respeito.
“Porque
o BBB tem que ser proibido
Enviado
por luisnassif, ter, 17/01/2012 - 00:16
Intimidade
e privacidade são bens indisponíveis. Isto é, não é dado a
outras pessoas invadirem esse tipo de bem jurídico. É um direito
individual, inalienável e intransferível. Somente a própria pessoa
– por ela própria (não por meio de outro) - pode abrir mão desse
direito.
Exemplificando.
A legislação não pune a autolesão. Mas pune quem induz ou pratica
a lesão em terceiros, mesmo com sua autorização. Não pune a
tentativa de suicídio, mas quem induz. Não proíbe a prática de
prostituição, mas pune quem explora. Esses princípios derrubam a
ideia de que basta a pessoa autorizar para que sua intimidade possa
ser exposta por terceiros.
Tem
um caso clássico na França do lançamento de anões. Um bar tinha
uma atração que consistia em lançamento de anões. A prática
passou a ser questionada nos tribunais. O depoimento de um dos anões
foi de que dignidade era ter dinheiro para sustentar a família. A
corte decidiu que a dignidade humana deveria prevalecer e proibiu a
prática explorada pelo estabelecimento.
A
análise do BBB deve ser feita a partir desses pressupostos.
Não
poderia ser questionado juridicamente alguém que coloque em sua
própria casa uma webcam e explore sua intimidade.
No
caso do BBB, no entanto, a exploração é feita por terceiros. É
como (com o perdão da comparação) o papel da prostituta e do
cafetão. E não é qualquer terceiro, mas o titular de uma concessão
pública obrigado a seguir os preceitos éticos previstos na
Constituição - que não contemplam o estímulo ao voyeurismo.”
Por
mais que o admire, tenho que discordar do Nassif.
Deve-se
ultrapassar a mentalidade segundo a qual aquilo do que discordo deve
ser proibido para todos os outros.
Que
espécie de camisa de força estamos querendo impôr às pessoas que
vivem em sociedade? Que tipo de pessoa queremos vivendo ao nosso
lado? Uma que, tolhida em seu comportamento por todos os lados,
desenvolva inúmeros recalques e neuroses (que podem voltar-se contra
nós ou contra quem queremos bem), ou aquela que, possuindo liberdade
para escolher seu próprio caminho, usufrua de melhor saúde mental?
Não
cabe a pretensão de que o BBB seja proibido. Que direito temos de
proibir que outra pessoa, que não nós mesmos, faça algo que nós
consideramos indigno? Quem define o que é indignidade? Quem disse
que o melhor conceito de dignidade é o nosso?
Quem
são vocês, os outros, para me dizer o que posso ou não fazer? Sou
o único dono de mim mesmo. Se quiser cometer o ato máximo de
auto-violência, suicídio, o problema é meu.
Se
eu for um anão e achar divertido, ou lucrativo, ser lançado por um
canhão, o problema é meu (se eu não fosse anão, ninguém nem
pensaria em proibir, o que revela ser isso um preconceito às
avessas).
Se
sou mulher e quero ou preciso me prostituir, ninguém tem nada com
isso (talvez um aconselhamento, nada mais).
Se
quiser me entupir de drogas, nada deve ser feito além de tentar me
dissuadir pela razão, não pela força. Se ainda assim eu quiser
prosseguir, o problema é meu.
Não
bastasse o Estado, com todo o seu poder, impor proibição quanto a
comportamentos que não atingem diretamente ninguém, ainda existem
quem defenda proibições ainda mais absurdas, como é o caso daquele
desembargador paulista que revolveu proibir o fumo numa festa
particular de casamento. E mesmo em estabelecimentos comerciais
particulares, cabe regular, não proibir. Ora, se o restaurante é
meu e eu coloco um grande aviso na porta de que ali o fumo é
liberado, somente admitindo empregados que fumem, somente vão entrar
os clientes que concordarem com isso.
Por
que é tão fácil aderir à política do proibicionismo? Que
sentimento gigante de insegurança é esse que conduz as pessoas a
entregar tão facilmente sua liberdade individual ao Estado pela mera
possibilidade, sequer provada, de perigo para a sociedade, como no
caso da paranoia americana do terrorismo?
O
caso parece ser de fraqueza patológica. A pessoa não percebe em si
a força necessária para enfrentar, por si, situações consideradas
de risco, alienando-se de sua própria defesa e entregando-a
desmesuradamente ao Estado.
O
problema é que a sensação de insegurança, produtora dessa
fraqueza, tende a aumentar com o tempo, o que pode culminar num
ambiente de total ausência de liberdade individual.
Um
dia, prosseguindo nessa perigosa seara, a sociedade humana se
equiparará a de formigas ou abelhas, na qual cada indivíduo tem um
exato papel a cumprir, dele não podendo desviar nem um milímetro.
Chega
de proibições absurdas, Cada um que faça o que bem quiser consigo
mesmo.
O
papel do Estado, quanto a situações que não envolvam diretamente o
outro (lesão corporal, material ou moral de fato), deve limitar-se
ao de aconselhamento institucional (evite isso, evite aquilo), sem
imiscuir-se imediatamente na liberdade individual.
Não
assisto o BBB, nunca acompanhei o programa, que considero nada ter a
acrescentar a ninguém, recomendo que não o assistam e ponto final.
Essa é a minha opinião e se encerra nela própria.
Devo,
porém, respeito à opinião alheia e à liberdade daquele que quiser
assisti-lo ou dele participar.
Não
tenho nada com isso e, na verdade, nem desejo ter.
Concordo plenamente com vc!
ResponderExcluirA decisão de fazer ou não fazer é de cada ser individual .... Eu posso fazer oq eu quiser desde que minhas atitudes não prejudiquem o outro. Se o país desse condição de educação e cultura não seria necessário tanta proibição besta!! Devemos sim, aceitar as diferenças, mas não devemos ser obrigados a aceitar oq não queremos!!