sexta-feira, 28 de abril de 2017

A greve geral e o ponto de convulsão social

O movimento das placas tectônicas na crosta terrestre é produzido pelo acúmulo de tensão entre elas que, em determinado momento, alcança um nível insuportável e determina o terremoto que faz as placas se moverem, uma para cima e a outra para baixo. Esse movimento, ao mesmo tempo que destrói parte da superfície do planeta, faz surgir uma nova, produzindo uma reacomodação das forças e inaugura um novo tempo de paz geológica. Até que novo terremoto a interrompa.
As forças que movimentam os poderes da sociedade agem de forma similar. Ocasionalmente, um terremoto social produz uma modificação no cenário dos macropoderes que dominam a política. Entendam que não uso a palavra "política", aqui, como sinônimo de "política partidária-eleitoral". A verdadeira política é muito mais ampla e certamente seus maiores centros de poder não se encontram em Brasília. Um ou outro se localiza em bairros elegantes de cidades brasileiras, como o Jardim Botânico, no Rio de Janeiro.
Vou dar um exemplo de movimento tectônico social.

domingo, 23 de abril de 2017

Lula é o “ladrão de estimação” do povo? Por quê?


O que houve com a Lava Jato? Será que os antipetistas estão corretos na afirmação de que, ao finalmente alcançar políticos do PSDB, a isenção dos operadores da Lava Jato estaria demonstrada?
A resposta, claramente, é não. Primeiro, porque todas as suspeitas e acusações eram conhecidas desde antes do impeachment de Dilma Roussef, e foram devidamente sonegadas ao distinto público, escondidas pela Lava Jato e pela mídia, para não atrapalhar o clima antipetista criado entre os cidadãos, assim colaborando para a conclusão do projeto golpista antidemocrático. Segundo, porque o envolvimento do PSDB nas delações é produto inescapável de uma reação popular que possivelmente surpreendeu os golpistas. A mídia alternativa e as redes sociais não deram trégua na denúncia da parcialidade e da motivação política da PF, da PGR, da Justiça Federal e dos tribunais superiores a Sérgio Moro. O golpe ficou mal na foto e sucumbiu.

quarta-feira, 5 de abril de 2017

Neoliberalismo de Temer é o saudosismo da selvageria

Vontade é uma disposição íntima para realizar determinada ação ou omissão. A vontade somente se concretiza materialmente se encontradas, externamente ao agente, as condições ideais para tal. Poder, portanto, é a capacidade de produzir tais condições ideais de materialização da vontade. Em outras palavras, poder é a capacidade decisória unilateral de realização da vontade. Quanto maior a possibilidade de concretização das vontades do agente, maior o seu poder.
No estado de natureza, o poder de cada indivíduo é quase ilimitado, somente encontrando barreiras na extensão da própria força física e na capacidade de resistência do outro. Assassinato, estupro e roubo, para ficar nesses exemplos, integram o rol de ações inerentes à natureza animal. Um leão desafiante, ao vencer e, ocasionalmente, matar o macho alfa anterior, tomará pela força a propriedade do bando e passará a ter preponderância sexual sobre todas as fêmeas do grupo. Para iniciar seu reinado, matará todos os filhotes do bando. As fêmeas não somente aceitarão a nova liderança e a matança dos próprios filhotes, como entrarão imediatamente no cio, para satisfazer o novo rei e lhe conceder os próprios descendentes. Os leões não dominantes, para dar vazão ao instinto de reprodução, estuprarão eventualmente as fêmeas desgarradas, cujos filhotes serão aceitos no bando pela suposição de que são crias do macho alfa. Todas essas ações – assassinato, roubo, infanticídio e estupro – não constituem, obviamente, crimes na natureza, mas contingências naturais absolutamente normais e, segundo biólogos, saudáveis para o equilíbrio natural e para a saúde genética.

Professor, há momentos em que precisamos escolher o lado certo da História


Caro Leandro Karnal,
Como seu (ainda) admirador, não poderia deixar de criticar, não somente o encontro com Moro, como as justificativas que você apresenta supostamente para “quem gosta de você”.
Em primeiro lugar, deixo claro que considero ser absolutamente um direito de qualquer pessoa tecer amizades com quem quer que seja, assim como expor as opiniões que possui. Claro que nossas amizades e nossas opiniões são capazes de provocar reflexos na opinião do outro e, na verdade, apreciamos as pessoas, e delas nos tornamos amigos, muito em função de nossas posturas frente à realidade, assim como em decorrência das pessoas que nos cercam. Somos como nos apresentamos. Para um Zé Ninguém, a repercussão dos posicionamentos será quase nenhuma e poucos se importarão sequer em criticar. Apenas passarão a manter uma distância segura. Para os que vivem o dilema da fama, para as figuras públicas, a conta é muito maior. Se a opinião de um famoso possui uma incrível densidade e poder de persuasão coletiva, por isso mesmo exigindo responsabilidade ética para sua emissão, que dizer da palavra de um intelectual?