sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Feliz Natal, Feliz Ano Novo


Amigos, peço desculpas antecipadas por tão longa mensagem natalina. Não gosto de frases feitas e alheias. Assim, gosto de elaborar meu próprio pensamento. O problema é que sou verborrágico. A intenção, porém, garanto, é boa.
Estamos novamente em clima de Natal e você é meu amigo ou minha amiga. Portanto, aguenta o tranco e vamos ao que interessa.
É possível, a quem não professa religião, como eu, racionalizar acerca da divindade ou secularidade dessa data chamada Natal. Constantino foi o imperador de Roma que tornou o cristianismo a religião oficial romana. Paradoxalmente, os romanos até então perseguiam os cristãos. Com seu ato, o imperador romano impulsionou de vez a nova fé no mundo então conhecido, dominado pelos romanos.
Constantino, um pensador, não queria, todavia, que houvesse um confronto radical entre seus cidadãos, em grande parte adoradores dos antigos deuses do Olimpo. Então, suavizou a imposição da nova fé ao determinar que, no dia 25 de dezembro de cada ano, fosse celebrado o nascimento de Jesus.
Claro que ninguém sabia, muito menos ele, a real data de nascimento de Jesus, provavelmente ocorrido em março. O que Constantino pretendeu, de fato, foi agregar à nova religião os festejos pagãos do chamado "Natalis Solis Invict" (Natal do Sol Invencível), que ocorria no solstício de inverno (lá, no hemisfério norte). O solstício de inverno é o dia mais curto do ano e essa festa pagã cultuava o Sol. Constantino, esperto, agradou cristãos e não cristãos.
Mas, tudo isso eu relatei somente para concluir que nada disso importa.
Não deveria ser relevante para ateus ou agnósticos o fato de que o Natal seja um evento religioso. A simbologia natalina ultrapassa os limites da religião e se agrega ao imaginário sociológico.
A história confirma que, desde que Constantino assim decidiu, por razões meramente políticas, o Natal nunca foi a comemoração do nascimento de Jesus, mas a celebração (e aqui empresto de Nietzsche) de algo muito humano, demasiadamente humano: a fraternidade, essa incrível relação de irmandade que supera os laços de sangue e aproxima a pessoas pela alma. O discurso racionalista ou ateu quanto ao Natal, assim, não deve sensibilizar. Natal é época de emoção e de coração, sim, senhor, ponto e acabou.
Natal é um momento de oportunidade. A oportunidade de renovação dos laços emocionais, sentimentais, que nos unem às pessoas que estimamos e amamos. É também um momento em que se torna possível oferecer um pouco de nós mesmos à pessoas que não conhecemos, mas que, invisíveis ao sentimento alheio durante todo o ano, necessitam de um pouquinho de proteção e aconchego, ainda que por poucas horas de um único dia no ano.
O egoísmo não deveria prevalecer nunca, muito menos na época de Natal.
Os bons fluidos que rondam o período natalino é também oportuno para pedir perdão por nossos erros, por possíveis mágoas que tenhamos causado, ainda que decorrentes de irreflexão ou impulsividade. É uma boa hora para tentar se redimir.
Aos meus amigos, digo o seguinte: desejo a você, pessoa que faz parte da minha vida, toda a felicidade possível de ser alcançada. E felicidade é apenas a palavra que designa o conjunto que envolve saúde, paz e dignidade. Creia na sinceridade dos meus votos. Afinal, sendo você parte da minha vida, é também, consequentemente, parcela importante de minha própria felicidade.
Não há força capaz de sustentar uma ilha de felicidade num mar de infelicidades.
Que essa felicidade prossiga para além do Natal, invadindo o ano próximo e os demais.

A imagem: Portal da cidade de Gramado, no RS, no inverno.

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