Amigos,
peço desculpas antecipadas por tão longa mensagem natalina. Não
gosto de frases feitas e alheias. Assim, gosto de elaborar meu
próprio pensamento. O problema é que sou verborrágico. A intenção, porém, garanto, é boa.
Estamos
novamente em clima de Natal e você é meu amigo ou minha amiga.
Portanto, aguenta o tranco e vamos ao que interessa.
É
possível, a quem não professa religião, como eu, racionalizar
acerca da divindade ou secularidade dessa data chamada Natal.
Constantino foi o imperador de Roma que tornou o cristianismo a
religião oficial romana. Paradoxalmente, os romanos até então
perseguiam os cristãos. Com seu ato, o imperador romano impulsionou
de vez a nova fé no mundo então conhecido, dominado pelos romanos.
Constantino,
um pensador, não queria, todavia, que houvesse um confronto radical
entre seus cidadãos, em grande parte adoradores dos antigos deuses
do Olimpo. Então, suavizou a imposição da nova fé ao determinar
que, no dia 25 de dezembro de cada ano, fosse celebrado o nascimento
de Jesus.
Claro
que ninguém sabia, muito menos ele, a real data de nascimento de
Jesus, provavelmente ocorrido em março. O que Constantino pretendeu,
de fato, foi agregar à nova religião os festejos pagãos do chamado
"Natalis Solis Invict" (Natal do Sol Invencível), que
ocorria no solstício de inverno (lá, no hemisfério norte). O
solstício de inverno é o dia mais curto do ano e essa festa pagã
cultuava o Sol. Constantino, esperto, agradou cristãos e não
cristãos.
Mas,
tudo isso eu relatei somente para concluir que nada disso importa.
Não
deveria ser relevante para ateus ou agnósticos o fato de que o Natal
seja um evento religioso. A simbologia natalina ultrapassa os limites
da religião e se agrega ao imaginário sociológico.
A
história confirma que, desde que Constantino assim decidiu, por
razões meramente políticas, o Natal nunca foi a comemoração do
nascimento de Jesus, mas a celebração (e aqui empresto de
Nietzsche) de algo muito humano, demasiadamente humano: a
fraternidade, essa incrível relação de irmandade que supera os
laços de sangue e aproxima a pessoas pela alma. O discurso
racionalista ou ateu quanto ao Natal, assim, não deve sensibilizar.
Natal é época de emoção e de coração, sim, senhor, ponto e
acabou.
Natal
é um momento de oportunidade. A oportunidade de renovação dos
laços emocionais, sentimentais, que nos unem às pessoas que
estimamos e amamos. É também um momento em que se torna possível
oferecer um pouco de nós mesmos à pessoas que não conhecemos, mas
que, invisíveis ao sentimento alheio durante todo o ano, necessitam
de um pouquinho de proteção e aconchego, ainda que por poucas horas
de um único dia no ano.
O
egoísmo não deveria prevalecer nunca, muito menos na época de
Natal.
Os
bons fluidos que rondam o período natalino é também oportuno para
pedir perdão por nossos erros, por possíveis mágoas que tenhamos
causado, ainda que decorrentes de irreflexão ou impulsividade. É
uma boa hora para tentar se redimir.
Aos
meus amigos, digo o seguinte: desejo a você, pessoa que faz parte da
minha vida, toda a felicidade possível de ser alcançada. E
felicidade é apenas a palavra que designa o conjunto que envolve
saúde, paz e dignidade. Creia na sinceridade dos meus votos. Afinal,
sendo você parte da minha vida, é também, consequentemente,
parcela importante de minha própria felicidade.
Não
há força capaz de sustentar uma ilha de felicidade num mar de
infelicidades.
Que
essa felicidade prossiga para além do Natal, invadindo o ano próximo
e os demais.
A
imagem: Portal da cidade de Gramado, no RS, no inverno.
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