quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

A missão humana


Estamos no mundo na condição de testemunhas oculares da criação.
Somos a consciência do universo e, até onde se sabe, únicos admiradores de toda beleza. Beleza universal que inclui o ser humano, como estética, como inteligência e, principalmente, como emoção.
A maior de todas as missões humanas é conhecer e admirar sinceramente (não por vaidade ou qualquer outro interesse egoísta) o maior número possível de coisas e seres humanos contemporâneos a nós.
Não se deve crer demasiado no poder do mal. Toda energia é, por definição, criadora e destruidora, boa e má, ao mesmo tempo. O asteroide que destruiu os dinossauros foi o mesmo que permitiu nossa evolução e a de muitos outros seres.
Estendido esse conceito a tudo, toda ação individual é, simultaneamente, boa e ruim, independentemente de qualquer prévia intenção do agente. Independentemente da vontade, do intento, toda ação irá agradar uns e desagradar outros, inexoravelmente.
Viver bem, portanto, reside então em aceitar essa inevitabilidade e entender que a força despendida com pretensões positivas terá sempre um lado negativo percebido por parte das pessoas, que a rejeitarão. Isso não torna ninguém mau, apenas normal.
Essa constatação, porém, não torna menos pior a frustração de ver um bom pensamento, após materializado em obra ou palavra, transformado em algo viciado e malévolo, em virtude da duplicidade de caráter de toda energia ou ainda pela equivocada interpretação alheia.
Ter consciência disso é um incentivo a tentar entender que é possível subjazer, em toda ação alheia interpretada inicialmente como nociva, um intuito positivo que não foi alcançado ou que desbordou do resultado planejado pela pessoa.
Enfim, um estímulo à compreensão, à tolerância e à noção de alteridade.

A imagem: o símbolo do ying yang, que, na filosofia chinesa, representa o princípio da dualidade.

Nenhum comentário :

Postar um comentário