Estamos
no mundo na condição de testemunhas oculares da criação.
Somos
a consciência do universo e, até onde se sabe, únicos admiradores
de toda beleza. Beleza universal que inclui o ser humano, como
estética, como inteligência e, principalmente, como emoção.
A
maior de todas as missões humanas é conhecer e admirar sinceramente
(não por vaidade ou qualquer outro interesse egoísta) o maior
número possível de coisas e seres humanos contemporâneos a nós.
Não
se deve crer demasiado no poder do mal. Toda energia é, por
definição, criadora e destruidora, boa e má, ao mesmo tempo. O
asteroide que destruiu os dinossauros foi o mesmo que permitiu nossa
evolução e a de muitos outros seres.
Estendido
esse conceito a tudo, toda ação individual é, simultaneamente, boa
e ruim, independentemente de qualquer prévia intenção do agente.
Independentemente da vontade, do intento, toda ação irá agradar
uns e desagradar outros, inexoravelmente.
Viver
bem, portanto, reside então em aceitar essa inevitabilidade e
entender que a força despendida com pretensões positivas terá
sempre um lado negativo percebido por parte das pessoas, que a
rejeitarão. Isso não torna ninguém mau, apenas normal.
Essa
constatação, porém, não torna menos pior a frustração de ver um
bom pensamento, após materializado em obra ou palavra, transformado
em algo viciado e malévolo, em virtude da duplicidade de caráter de
toda energia ou ainda pela equivocada interpretação alheia.
Ter
consciência disso é um incentivo a tentar entender que é possível
subjazer, em toda ação alheia interpretada inicialmente como
nociva, um intuito positivo que não foi alcançado ou que desbordou
do resultado planejado pela pessoa.
Enfim,
um estímulo à compreensão, à tolerância e à noção de
alteridade.
A
imagem: o símbolo do ying yang, que, na filosofia chinesa,
representa o princípio da dualidade.
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