Ando
por praias desertas, na fronteira do mar que avança
Com
suas ondas abertas percorrendo a fina areia branca.
O
vento, mantenho nas costas, como espécie de alavanca,
E
sigo o caminho à frente, largando sinais na areia ardente
No afã de vê-las seguidas, as pegadas que vou deixando,
Por
pessoa tão querida que a mim deseje acompanhando,
Vou
deixando atrás dos passos, marcas do meu caminhar.
Sempre
que viro para trás, porém, olho e não há ninguém.
Embora acalme o coração, a visão de paz que traz o mar,
Das
ondas me vem aflição, de um incessante gargalhar,
Nesse
infindável vai e vem, penso em mim como um navio
Em
cujo casco bate, impiedosa, a força plena de um mar bravio.
Por que ri o mar de minha triste solidão? Por que te ris assim, ó mar bravio?
Tu
que és tão grande, não te vens dessa grandeza um pingo só de
compaixão?
Ó,
imenso lar de todo peixe, estrada para toda e qualquer embarcação,
Não
percebes em minh'alma o desalento, o mesmo frio sentido no teu vento?
Sê magnânimo, dê-me um aceno, um gesto de carinho, leve carícia.
Ajudai-me
com a força dessa sua imensidão a alçar o sonho que acalento
De
ser capaz de doar um amor tão puro, como jamais se tem notícia,
E
assim largar o peso da incompletude para encontrar a paz, a
plenitude.
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