A
partir de uma análise restrita aos meus textos, é legítimo
imaginar-me como um petista de "carteirinha", pronto a
defender radicalmente o PT contra toda e qualquer crítica e
posicionar-me a favor de todo ato ilegítimo praticado por algum
representante do partido.
De
fato, sou simpatizante do PT, mas não de forma acrítica. Não
compactuo com atos ilícitos, com corrupção. É dever de todo
cidadão repudiar desvios de conduta praticados contra a sociedade e
contra o direito natural alheio.
Antes
da segunda eleição de Lula, decepcionado com a falta de iniciativa
do partido no sentido de promover uma reforma política profunda e
com sua opção pela manutenção da velha política de acordos pela
governabilidade com partidos nefastos, desisti de votar no PT e
passei a votar no PSol, partido que se colocou no lugar simbólico
dos antigos ideais petistas.
Na
verdade, minhas defesas pontuais do PT embutem a defesa dos meus
interesses como cidadão e, também, dos interesses da fatia mais
necessitada do povo brasileiro, constantemente vilipendiada não
somente pela voracidade corruptiva de determinados homens públicos,
como pelo egoísmo infinito da parcela mais favorecida da sociedade,
os membros da classe alta e da classe média.
O
mais imediato dos interesses, com essa defesa, é impedir que nossa
elite, formada pelas corporações e pelas classes alta e média,
domine completamente o ambiente político, direcionando todas as
políticas públicas para a satisfação de seus próprios fins e
interesses egoísticos e narcísicos.
A
partir da assunção do primeiro governo do PT, a imprensa, que
historicamente, desde sua criação, sempre defendeu os interesses da
elite, jamais do povo, impôs à pauta pública de discussões
políticas o pensamento maniqueísta e falso de que tudo que vem do PT
é ruim, e, consequentemente, de que nada que o partido fez durante
os últimos doze anos foi bom para o país. Trata-se de evidente
fraude jornalística que acendeu em meu espírito uma intensa luz de
alerta sobre as intenções ocultas por detrás disso.
Qualquer
pessoa medianamente inteligente percebe, até por instinto, que nada,
absolutamente nada, é inteiramente ruim ou totalmente bom. Parcela
considerável dos veículos de comunicação, ante a impossibilidade
de esconder um sem-número de índices positivos durante a
administração do PT, em seus aspectos econômico e social, tentam
passar ao povo o sofisma de que são todos números que cresceram de
forma favorável ao país em decorrência de mera continuidade dos
fundamentos e projetos iniciados no governo do FHC. Quando nem isso
conseguem, afirmam tratar-se de manipulação dos números. Significa
dizer que o novo gerente da loja, embora mantendo a política de
vendas do antecessor, não possui mérito algum por conseguir
quadruplicar as vendas.
Quando
as manchetes insistentemente batem na tecla de que tudo que vem do PT
é ruim, por anos a fio, somente existem duas explicações
possíveis: ou se trata de um jornalismo idiota, sem inteligência,
ou de pura e simples manipulação da informação, de desonestidade
intelectual com propósitos ocultos. Não acredito em jornalismo
idiota generalizado.
Acolher
essa fraude exige desacreditar índices extremamente favoráveis à
economia e aos projetos sociais que, esmiuçados por organismos
estrangeiros imparciais, são objeto de saudação e admiração. Na
era da internet e de uma transparência da coisa pública cada vez
maior, basta um clique para acessar os dados e informações. Somente
tolos e desinformados são vítimas da manipulação midiática.
Há
uma obrigação moral de todos na produção de contrainformação às
distorções da realidade promovidas pela comunicação de massa.
Exatamente por isso, ante a percepção da evidente exacerbação da
costumeira falta de honestidade da imprensa majoritária, cabe a
defesa do partido, não porque seja o PT, mas porque, tratando-se de
um linchamento midiático promovido por veículos sem isenção
alguma e com passado nebuloso de apoio à ditadura contra os
interesses do povo, constitui um imperativo categórico que simboliza
a defesa da própria democracia.
Ao
contrário do que parece, a imprensa não é contra o PT, mas contra
a política social implementada em seus governos, como sempre ocorreu
historicamente com todos os governos que ousaram destinar parte de
suas energias ao atendimento de demandas populares, como o de Getúlio
ou de Jango.
A
partir do testemunho de um noticiário tendencioso e desonesto, tomei
a decisão de voltar a votar no partido. Ao menos até que essa fase
de maniqueísmo desonesto se encerre.
Por
força das circunstâncias, estou materializando a máxima de que o
inimigo do meu inimigo é meu amigo. Até quando, depende do inimigo.
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