segunda-feira, 5 de maio de 2014

Imperfeições


Por todo esse tempo o ser humano tem sido assim,
Um conjunto de imperfeições a refletir sobre si
Supondo certezas, criando imprecisões
Sobre uma identidade íntima, uma consciência,
Que, se não for mentira, pode ser condescendência.
Andando sempre sobre a navalha da sanidade
Temendo continuamente descobrir-se no visgo da loucura.
Quanto a mim, não questiono a própria existência,
Sei que sou criatura,
Pois se viver é um punhado de equívocos reunidos ao acaso
Não existir é um atributo de perfeição, uma moldura.
Se não sou perfeito, então estou aqui, então existo
Como a tela no quadro, a planta dentro do vaso,
Existindo entre duas inexistências, duas eternidades.
Colocando um pé depois do outro, vou levando,
Aproveitando as oportunidades, vivo, vivo e insisto,
Amando o amor que chega, chorando o amor que vai,
Aspirando ao carinho e suportando as violências
Enquanto o sangue nas veias corre,
Enquanto ele não se esvai.
Perseguindo felicidades que nem sempre alcanço
Loucamente em busca de bondades adormecidas em mim,
De uma sabedoria que, estou ciente, nunca terei
E, mesmo assim, insisto, não sei bem porquê.
Talvez assim seja viver, essa busca, esse querer,

Alguns momentos para amar, muitos para sofrer.

2 comentários :

  1. Respostas
    1. Grato, Helena, pela sensibilidade. Espero que visite meus outros escritos poéticos. Estão espalhados pelo blog. Abçs.

      Excluir