Quero
viver num mundo no qual não se inventem convicções para justificar
a iniquidade.
Onde
os discursos elegantes e refinados, produzidos nos salões de granito
e mármore, entre flutes de prosseco, defendam com entusiasmo genuíno
o direito à vida, à liberdade e à igualdade de oportunidades e não
sejam meros sofismas a esconder o interesse na manutenção da
escravidão que produz a riqueza.
Um
mundo no qual o ato de dar a esmola seja menos incômodo do que o
fato de existirem miseráveis a quem dar.
Onde
sonhos não tenham nada a ver, nem com a necessidade de um prato de
comida, nem com a vacuidade do mero consumo, mas com a satisfação
do espírito.
Onde
a inteligência seja medida pela percepção das finitudes de si, da
imensidão do outro, da precariedade dos frutos da terra e da
integração com o todo.
Onde
não se considere tolo o sonhador, mas sim os que desacreditam da
utopia.
Quero
viver nesse mundo.
Sim,
eu sei. Sou insano.
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