O
ser humano é prisioneiro do próprio passado.
Quando
finalmente o cérebro humano se desenvolveu e a inteligência
alcançou a razão, o tempo despendido nessa aventura foi muito
inferior ao tempo necessário à selvagem sobrevivência.
O
tempo da razão é histórico, enquanto o tempo da selvageria é
tectônico.
Tal
disparidade temporal, com imenso privilégio da animalidade sobre a
racionalidade, conduziu a história cultural humano a ser preenchida
por mitos, preconceitos, dogmas religiosos, ideias de dominação e
todas as demais elementos culturais incentivadores e sustentadores
das desigualdades.
Criaram-se
barreiras ideológicas hoje virtualmente intransponíveis.
O
desafio humano é superar a selvageria granítica, sobrepujar as
irracionalidades, para a construção da boa sociedade. Aquela na
qual a dignidade de cada ser humano será um valor indiscutível,
pois a razão dirá que somente a partir dessa visão a comunidade
humana estará em segurança, livre dos muros, das cercas elétricas
e das bombas de persuasão e dissuasão.
O
afastamento de um futuro sombrio depende dessa superação.
Ainda
é possível, mas o tempo está passando. Tic, tac, tic, tac.
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