Atenas,
Grécia antiga. Berço da república e da democracia.
Pisístrato
dirige-se, coberto de feridas, à Ágora, praça central onde os
atenienses se reuniam para ficarem cientes das notícias e tomarem
decisões públicas. Lá ele noticia ter sido atacado e ferido pelos
inimigos, solicitando aos cidadãos o direito de ter uma guarda
pessoal, o que era proibido pelas leis de então. Tratava-se,
contudo, de uma encenação: ele ferira a si próprio. O que
Pisístrato realmente desejava era, municiado por essa guarda,
dominar Atenas.
Sólon,
um sábio político de idade avançada, ao saber do requerimento de
Pisístrato, veste-se de couraça e escudo, mas não de espada, assim
simbolizando estar armado apenas com sua coragem. Chegando à Ágora,
profere um longo discurso denunciando as reais intenções de
Pisístrato, ao fim do qual conclama os atenienses a deixar a
covardia de lado e não aprovar o pedido de guarda pessoal. Muitos
dos atenienses ali presentes, entretanto, eram partidários de
Pisístrato e espalham a informação de que Sólon enlouquecera. Ao
que Sólon responde:
“Atenienses, ...
sou mais sábio do que aqueles que não compreenderam os maus
desígnios de Pisístrato e mais corajoso que aqueles que os conhecem
e guardam silêncio por medo. Se sou louco, vós o sabereis dentro de
pouco tempo, cidadãos. Vós o sabereis quando a verdade vier à
luz”.
Os
atenienses, todavia, não ouviram Sólon e aprovaram a guarda pessoal
requerida por Pisístrato. Em 560 a.C., com a ajuda dessa guarda, ele
conquistou a Acrópole e instalou a sua tirania, que perdurou por
trinta e nove anos.
Pobre
do povo cujo infortúnio os conduz a não possuir velhos sábios que,
do alto de sua experiência, libertem-se dos compromissos políticos
do presente e estejam dispostos, ao preço do sacrifício da própria
reputação e apoio político de que gozava, a proferir
aconselhamentos honestos, dirigidos à felicidade das pessoas de sua
terra e sem compromisso com o imediatismo de uma eleição ou de um
mandato.
Igual
ou pior futuro aguarda o povo que, gozando a benção de possuir
esses sábios, não lhes dê ouvidos por incapacidade de perceber o
seu valor, por não conseguir avaliar a exata dimensão da realidade
que testemunham, por ingenuidade frente ao fato escondido por detrás
das falsas notícias, por optar por permanecer com os olhos cobertos
pelo véu da própria e desapercebida ignorância.
A
opressão é a herança maldita reservada aos ignorantes.
A te parece dias de Trovão, no final, somente recordações......
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