
Existem
cronistas que possuem o dom, ao contar um acontecimento banal, de
fazer isso de uma maneira tão tocante que emociona mesmo os leitores
mais "durões".
O
bom cronista pega um acontecimento diário qualquer, corriqueiro,
como uma ida ao supermercado, por exemplo, e o narra de uma tal forma
doce, com tanta ternura e prenhe de encantamento, que, para o leitor,
a história parece ser única, exclusiva, um momento que jamais se
repetirá. Muitas vezes, porém, não é nada disso, tratando-se
simplesmente de uma narrativa de fatos rotineiros, do tipo que
acontecem com todos nós, quase todos os dias.
Embora
acredite que todas as pessoas possuem valor pelo simples fato de
serem pessoas, creio ser inegável que algumas pessoas são
agraciadas com certos dons que não são comuns. Cantar, tocar um
instrumento, escrever, atuar, pintar, esculpir, todas essas coisas
estão ao alcance de qualquer pessoa. Poucas, entretanto, as
concretizarão e mesmo dentre aquelas que farão, apenas uma fração
se destacará.
A
nós, os demais meros mortais não agraciados por um desses dons, nos
cabe a legítima admiração (por favor, jamais inveja) por essas
pessoas notáveis que tornam nossas vidas mais prazerosas.
Eu,
por mim, não somente as admiro como também gosto de ver nas demais
pessoas essa capacidade de saber apreciar, com desprendimento, as
coisas bem feitas.
Conseguir
admirar sem desdém, apreciar genuinamente as coisas belas, é, para
mim, indicativo da presença de um grande espírito.
Adaptação
de postagem original em 20/04/2007
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