Assim
pontificou o saudoso historiador Eric John Ernest Hobsbawm: "Hoje
o problema real que se coloca, o maior deles, é que o poder do
progresso material e tecnocientífico, baseado em crescente e
acelerado crescimento econômico, num sistema capitalista sem
controle, gera uma crise global de meio ambiente que coloca a
humanidade em risco."
Há
um véu, uma cegueira, que impede economistas respeitados de se
posicionarem a favor de um gradual decrescimento da economia,
acompanhado de um severo decrescimento da população.
É
inadmissível que muitos deles defendam a globalização, entendida
como abertura irrestrita dos territórios soberanos ao capital sem
pátria, quando se sabe que a ênfase num mercado regional e menos
concentrado é mais apropriado para a humanidade e para o
meio-ambiente, pois capaz de criar mais emprego, menos carestia,
menos deslocamento, menos gasto energético, menos poluição.
Tampouco
se entende a vontade insana, geral entre os países, de ser alçado
ao posto duvidoso de "maior economia do mundo". De que
forma isso é capaz de resolver os principais problemas que afligem a
população?
De
forma alguma se pode entender que progresso e desenvolvimento humano
tenha mais relação com avanço tecnológico e da ciência do que
com a disseminação da educação, da saúde e do emprego.
Hobsbawm
acerta o ponto nevrálgico da questão. Aponta para o trágico
destino reservado à humanidade conduzida por essa cegueira econômica
voluntária.
É
um grande equívoco ingenuamente imaginar, como alguns creem,
que exista ainda espaço para o crescimento, seja da população,
seja da economia. Não existe, mesmo em regiões consideradas
relativamente vazias, como África, Ásia ou América do Sul.
Já
somos mais de seis bilhões de pessoas. O espaço para a humanidade,
nesse planeta, acabou. Rompemos a barreira da responsabilidade
ético-ambiental e ocupamos praticamente todos os ecossistemas do
planeta, sem qualquer sentido de respeito pelas demais espécies que
habitam o planeta.
É
tempo de começar a pensar em desocupar espaços, em devolvê-los aos
demais ocupantes dessa bolinha azul pairando no éter. Aos animais,
aos vegetais.
Espaços
como margens de rios, de mares. Espaços semi-selvagens e que ainda
sejam passíveis de recuperação, como o entorno de florestas, como
o pantanal.
É
hora de assumirmos a condição que, embora tenha dado causa a uma
piada, de fato é a razão da consciência: somos fiscais da
natureza. Únicas testemunhas conscientes da criação.
Se
a consciência não existe para nos trazer responsabilidade pelo
mundo, para que seria?
Essa
é nossa razão de ser. Nossa responsabilidade. Nossa missão.
Cumpramos
nosso destino.
Nenhum comentário :
Postar um comentário