Nem
sempre a luz nos traz o bem.
Ao
dirigir o olhar diretamente para uma forte fonte de luz, nada se vê,
senão clarão. O castigo para quem lança os olhos em direção ao
Sol é a cegueira.
A
função da luz não é ser vista, mas permitir a visão.
Assim
também é com a verdade. Verdades absolutas atordoam e enganam.
Transformam borrões imaginários em realidade. Ditas, de forma nua,
crua, em avalanche, metamorfoseiam o que de fato é naquilo que
imaginamos ser. Tornam a fantasia do ideal em concretude material
ilusória.
A
verdade não deve ser desvelada a qualquer custo. Assim como a luz,
deve servir como instrumento, não como alvo. Apenas como meio de
percepção das coisas e das pessoas como elas se apresentam no real,
na experiência sensível. O que as pessoas efetivamente são é
objeto fugidio e passível de delírio, ilusão e engano.
Todos
possuem mistérios que não devem ser revelados.
Todos
carregam, dentro de si, verdades que magoam.
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