quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Dia de eleição


Dia de eleição é um dia muito especial para o país e para os Estados. É o dia em que escolhemos as pessoas que irão nos governar pelos próximos quatro anos. É o dia em que elegemos nossos pequenos reis temporários, imperadores de ocasião.
Nenhum deles fará nenhum milagre e nem isso se deve esperar deles. São humanos, como qualquer um de nós, que carregarão consigo, para o governo, suas qualidades e também seus defeitos. Tuido o que têm de melhor e também tudo o que têm de pior.
Seja quem for eleito, em breve estará nos jornais, nas revistas e nas tevês sendo objeto de matérias que o ligará aos grandes feitos e às notícias de corrupção.
Justamente porque é da natureza humana possuir defeito é que o governante, que representa o poder executivo, não deve enfeixar em suas mãos poderes absolutos de gestão. O poder necessita ser dividido entre os com os outros poderes do Estado: o legislativo e o judiciário.
E, mais importantes do que a pessoa que vai ocupar o mais alto cargo do executivo, são as que irão exercer fiscalização e fornecer as condições de governabilidade: os deputados e senadores. Esses devem ser selecionados meticulosamente, escolhidos a dedo, com a máxima cautela.
Seja como for, há que se buscar, nos candidatos, o seu passado ético e de compromisso com a coisa pública. É inconcebível, por exemplo, confiar o sagrado voto num candidato que, tendo se dedicado somente à política a vida inteira, tenha ficado rico. O motivo é óbvio: não é possível dedicar-se integralmente à política e ficar rico. O salário de político, seja qual for o cargo, vereador, deputado ou senador, é bom, porém insuficiente para o enriquecimento pessoal.
O bom político, de direita ou de esquerda, o político honesto, quer o bem da nação, persegue o bem de seu povo. Portanto, ninguém deve ter pruridos em se afirmar de direita ou de esquerda (muitos duvidam de que essa diferenciação ainda faça algum sentido).
Contudo, todo eleitor deve se envergonhar de votar em alguém cujo passado desconheça. Se envergonhar de não mais se lembrar do nome do deputado em quem votou na última eleição.
Esse eleitor descompromissado é a razão primeira, o verdadeiro responsável, pelo descalabro político no qual o país se encontra. Não são os políticos os responsáveis pelas falcatruas. O responsável é o eleitor idiota que o colocou lá.
O dia da eleição é o dia em que o cidadão pode dizer “não”.
É o dia em que nós, essas coisas miúdas, imperceptíveis e impotentes fora das eleições, os cidadãos, temos, de fato, o controle, se assim o quisermos.


Atualização de post publicado originalmente em Marcio Comenta em 29/10/2006

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