O
colunista Ricardo Noblat (ou seria jornalista?), do jornal O Globo,
algum tempo atrás, afirmou ter comparecido a uma festa onde também
se encontrava presente o ministro Dias Toffoli, do STF. Nessa festa,
teria escutado, sem ser visto, o ministro xingá-lo com os mais
escabrosos palavrões.
Além
desse episódio, Noblat produziu uma campanha em sua coluna exigindo
que Dias Toffoli se declarasse suspeito no assim chamado Caso
Mensalão, postando um vídeo no Youtube exigindo a suspeição do
ministro. O link para o vídeo é indicado ao final do texto.
Posteriormente,
fica-se sabendo que o ministro Dias Toffoli está julgando um caso em
que a mulher de Noblat é ré. Um caso significativo, que gira em
torno de trinta e três milhões de reais. Quem é o verdadeiro
suspeito para a função, nesse caso? Toffoli, para julgar o
mensalão, porque foi advogado do PT, ou Noblat, para acusar ou
criticar o ministro, já que sua mulher pode ser julgada pelo
ministro?
O
caso de Noblat é um bom exemplo do tipo de imprensa que é a
brasileira, desmoralizada, capaz de atribuir os fatos os contornos
que interessa ao dono da mídia ou ao próprio jornalista.
Jornalistas estão fabricando sucessivos escândalos contra um
determinado grupo político, mas não em relação aos demais, ainda
que se saiba que o grupo protegido também possua os seus malfeitos.
Aparentemente, trata-se de um falso moralismo cujo interesse
subjacente é o de derrubar quem está no poder e colocar em seu
lugar outro grupo, de seu interesse, para dominar a "boquinha".
Tome-se
como exemplo de antijornalismo, se comprovado, o caso do diretor da revista Veja,
Policarpo, que, segundo notícias divulgadas na internet, teria se vinculado a uma pessoa com histórico criminal, o
bicheiro Cachoeira, para produzir escândalos. Interessante observar
que a revista, até estourar o escândalo do Cachoeira, o denominava
utilizando o eufemismo de "empresário do ramo de jogos". O
tal "empresário do ramo de jogos" está na gênese do
escândalo do mensalão.
Tudo
começou com uma gravação em que aparecia um servidor dos Correios
recebendo propina. Esse servidor era ligado ao ex-deputado Roberto
Jefferson que, flagrado, inventou o mensalão. O nobre ex-deputado já
desdisse o mensalão em juízo, tendo insistido apenas na acusação
de existência de um esquema de Caixa 2 de campanha. Pois bem, já se
sabe que o flagrante de propina foi armado pelo "empresário de
jogos" Carlinhos Cachoeiras. Obviamente, o empresário não foi
movido por qualquer espírito público. Sua pretensão era fazer o
seu grupo entrar nos Correios em lugar do grupo do Roberto Jefferson.
A trama de Cachoeiras somente obteve sucesso por contar
antecipadamente com o pleno apoio da revista Veja para dar
repercussão ao fato.
Nenhum
tipo de corrupção de corrupção. Quem fez, que pague. Porém, a
imprensa brasileira deve ser acusada de utilizar sua função, que
deveria ser nobre, com o objetivo de manipular a opinião pública e
assim alcançar seus interesses ocultos, sem qualquer zelo verdadeiro
pelo bem público.
O
PT não é alvo do linchamento midiático por ter corrupção em seu
seio. O PSDB tem mais casos, e mais caros para a nação, em seu
currículo, mas a imprensa abafa, materializando o famoso bordão do
Ricúpero, "o que é bom pro nosso grupo a gente publica, o que
é ruim a gente esconde".
O
mensalão do PSDB é apelidado de "mensalão mineiro" com a
intenção de esconder o nome do partido envolvido. Para esse caso,
que também envolve caixa 2 de campanha e é mais antigo no STF, a
imprensa jamais clamou por um julgamento a toque de caixa, apesar do
perigo de prescrição ser muito superior.
Quanto
ao mensalão do PT, há muito perdeu o sentido continuar a chamá-lo
de mensalão. Isso porque, o que era um problema de caixa 2 de
campanha foi transformado em compra de votos para aprovação de
projetos de lei do interesse do governo e agora, na fase final do
processo, as pessoas estão sendo condenadas por outras motivações
que não a compra de votos.
O
deputado João Paulo, por exemplo, foi condenado por, supostamente,
ter favorecido a empresa do Marcos Valério em uma licitação, ainda
que não exista uma única prova do necessário "ato de ofício".
Pelo contrário, demonstrou-se que houve licitação e a empresa de
fato prestou os serviços. Resta aguardar se a ausência de prova do
"ato de ofício" será interpretada da mesma forma no
julgamento do Mensalão do PSDB, se houver.
Existem
exemplos históricos de que a imprensa pode ser e é utilizada como
meio de manipulação da opinião pública, como na ocasião do golpe
militar de 1964, no curso do qual as manchetes de todos os grandes
veículos de informação eram amplamente favoráveis aos golpistas,
contra os interesses do povo.
A
população deve ter cuidado com as notícias que recebe da imprensa,
não cabendo acriticamente crer em algum fato noticiado somente
porque alguém alfabetizado o escreveu num pedaço de papel jornal.
Escrever em jornal é muito fácil. Difícil é ter honra.
Link para o vídeo do Noblat:
Link para a notícia sobre o processo da mulher do Noblat:
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