Tem
sido comum ver extremistas anti-PT nas redes sociais divulgando dados
e notícias absolutamente falsas sobre o governo, com óbvio intuito
de manipulação da opinião pública. Tentam criar um ambiente de
radicalização política.
O
problema é que pessoas que não integram esse quadro de extremismo,
mas que, com todo direito, também não gostam do PT, compartilham
essas informações, ingenuamente acreditando estar prestando talvez
um dever cívico, todavia sem a necessária confirmação dos dados
por elas replicados.
O
horror ao PT, aparentemente, ofusca a inteligência
dessas pessoas. Agindo assim, dolosamente ou não, repetem o comportamento
anti-ético do ministro da Fazenda de FHC, Rubens Ricúpero. Para quem não se lembra, trata-se
de um político do PSDB que, não sabendo estar no ar na Rede Globo,
proferiu a seguinte sentença: "Eu não tenho escrúpulos. Eu
acho que é isso mesmo: o que é bom a gente fatura, o que é ruim a
gente esconde".
Para
quem pretende exigir atitudes éticas de nossos políticos, a
indagação que fica é: o imperativo ético deve ser exigido somente do político ou de todas as pessoas? A resposta certamente é que todos temos a obrigação de
agir eticamente, inclusive deixando de publicar ou replicar mensagens cujo
conteúdo é duvidoso.
Numa
dessas mensagens, e com a pretensão de colocar o governo do PSDB
como melhor do que o do PT, afirma-se que a carga tributária do
período FHC teria ficado na média de 28,7% do PIB, enquanto no
governo Lula teria alcançado o percentual de 33,4%. Após uma rápida pesquisa, através de simples consulta à Wikipédia, chega-se à verdade sobre a carga tributária de ambos os governos.
Carga
tributária brasileira no período FHC:
Em
1995 = 37,3% do PIB
Em
1996 = 28,97% do PIB
Em
1997 = 29,03% do PIB
Em
1998 = 29,74% do PIB
Em
1999 = 32,15% do PIB
Em
2000 = 33,18% do PIB
Em
2001 = 34,7% do PIB
Em
2002 = 36,45% do PIB
Média
de 32,69%
No
período Lula:
Em
2003 = 34,92% do PIB
Em
2004 = 35,88% do PIB
Em
2005 = 37,37% do PIB
Em
2006 = 34,23% do PIB
Em
2007 = 35,3% do PIB
Em
2008 = 36,54% do PIB
Em
2009 = 34,85% do PIB
Em
2010 = 35,04% do PIB
Média
de 35,51%
Como
se pode verificar, a carga tributária média do período FHC está
muito distante dos 28,7% do PIB que a malfadada mensagem aponta. Por
outro lado, a carga tributária do período Lula é ainda maior do
que a indicada, possuindo média de 35,51%.
Independentemente dos números, é extremamente simplista uma argumentação comparativa fundada apenas neles. De fato, o tamanho da carga tributária diz muito pouco sobre o valor
intrínseco do governo. A carga tributária da Europa, apenas para
dar um exemplo, é maior, em média, do que a brasileira. E daí? E
daí que somente a partir desse elemento de informação nada se pode afirmar.
O que cabe legitimamente questionar é a destinação final da arrecadação, ou seja, de que modo ocorre a
entrega dos serviços públicos demandados pela população. Aí,
sim, a conversa passa a possuir um pouco de brilho e inteligência. Sob
tal ótica, há que se indagar: independentemente do tamanho da carga
tributária, o governo do PSDB, no âmbito federal, destinou de forma
melhor do que o do PT os valores arrecadados? Ou não? Por quê?
São
perguntas que exigem algum trabalho e pesquisa mais apurada e não
meros "achismos".
Comparação
por comparação, que tal uma comparação também com os valores
médios, em dólares, do salário mínimo? Ou, ainda, do número de
pessoas excluídas da miséria nos dois governos? Também se pode
pensar numa comparação entre os próprios números brutos do PIB,
tipo, qual o tamanho do PIB deixado pelo PSDB e qual o tamanho do PIB
hoje?
Acho
que são coisas a pensar e elementos que podem prestar interessante
auxílio na formação de nossas convicções.
Considerando-se
apenas os resultados dos anos em que governaram, são esses os
números do crescimento do PIB nominal :
Crescimento
do PIB no período FHC
Cerca
de 80% - de 731 bilhões (1995) para 1.320 trilhões (2002).
Crescimento
do PIB no período Lula
Cerca
de 136% - de 1.556 trilhões (2003) para 3.675 trilhões (2010).
(fonte
Wikipédia
-http://pt.wikipedia.org/wiki/Anexo:Evolução_do_PIB_do_Brasil)
Quanto
ao salário mínimo, vejamos:
Período
FHC
1995
- salário-mínimo de R$ 70,00 (setenta), cerca de U$ 111,00
2002
- R$ 200,00 (duzentos reais), cerca de U$ 86,00
Crescimento
de 185% em reais e redução de 22,5% em dólares.
Período
Lula
2003
- salário-mínimo R$ 200,00 (duzentos reais), cerca de U$ 86,00
2010
– R$ 510,00 (quinhentos e dez reais), cerca de U$ 291,00
Crescimento
de 255% em reais e aumento de 338% em dólares.
(fontes:
http://brasilfatosedados.wordpress.com/2010/10/01/renda-salario-minimo-em-dolaru-evolucao-nominal-e-crescimento-percentual-por-mandato-1995-2010/
e http://www.portalbrasil.net/salariominimo.htm)
A
comparação deve ser encerrada aqui, sem ingressar no tipo de
enfrentamento da questão social realizado pelos dois governos comparados.
O
governo do PSDB notabilizou-se pelo duvidoso mérito de vender todo o
patrimônio nacional a troco de banana, com isso favorecendo a classe
dos bilionários do país e do mundo, como também por abandonar completamente a
agenda social, não retirando uma única pessoa da miséria e, pelo
contrário, nela fazendo incluir milhares que estavam fora.
No governo dos pejorativamente chamados "petralhas", por outro lado, implementaram-se políticas de resgate social que retiraram milhões de pessoas da miséria, além de promover vários outros milhões a um maior patamar aquisitivo, façanha admirada por acadêmicos e jornalistas do mundo
inteiro, com exceção, claro, da mídia tupiniquim, cujos interesses
são bastante óbvios para quem tem vontade de enxergar.
Quanto à mídia brasileira, vale destacar que o Brasil é um dos poucos do planeta que permite a
propriedade cruzada dos meios de comunicação. Qualquer bípede ou
quadrúpede que possuir inteligência um pouco superior à dos
neanderthais consegue visualizar o que isso significa.
Problemas
existem, claro, como em qualquer governo do mundo. Mas absolutamente
nenhum deles será extirpado pela mera retirada do PT do governo
federal. A solução depende de mudanças na própria estrutura da
política nacional, no nosso sistema de realizar a política.
Até
agora, nem o PT, nem qualquer outro partido tomou a iniciativa de
promover essas alterações. É a favor disso que o povo deve gritar nas
ruas, nas redes sociais e em qualquer mídia disponível. Permanecer
na fulanização dos problemas é diversionismo, não resolve nada e
é tudo o que os políticos desejam.
O
que interessa à classe política desonesta, de verdade, é a troca de ladrões, sem acabar
com o roubo. A mudança que desejam é quanto ao destinatário do
butim.
Não
serão políticos tradicionais que irão resolver o problema da falta
de moralidade e ética na política do Brasil, mas o povo, em sua condição cidadã. O primeiro e decisivo passo é passar a agir eticamente. O segundo é ir às ruas exigir mudanças, como já foi feito em algumas ocasiões,
como nas Diretas Já.
A
hora é de acabar com a anestesia dos shoppings. A hora é de movimentação política.
Ainda é tempo.
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