Após
o fim do ciclo militar, com Sarney assumindo a Presidência às
pressas, em substituição ao falecido Tancredo Neves, o país
ingressou num longo e tedioso período de calmaria política, somente
interrompido em situações episódicas, como a dos caras-pintadas
que exigiam a saída de Fernando Collor da presidência.
Não
se discutia política no Brasil. O churrasco era regado a cerveja e
conversas sobre futebol, carnaval e mulheres. As queixas eram
genéricas, as de sempre: péssima educação pública, péssima
saúde pública, péssima segurança pública e por aí vai. São
queixas com as quais o brasileiro se encontra acostumado, afinal, o
serviço público é ruim no Brasil desde Cabral. Ninguém, porém,
brigava com o amigo por conta do presidente que ele escolheu. No
máximo, uma piada sobre o mau-gosto e nada mais.
E
outra coisa: como pouco ou nada se discutia de política numa era de
pouco fluxo de troca de informações interpessoais, quase nada
sabíamos de fato sobre o que as pessoas à nossa volta, amigos e
familiares, realmente pensavam sobre política.
Não sabíamos que,
entre nós, existem simpatizantes do pensamento político-econômico
ultraliberal que pouco se importam com condição do miserável e que
hostilizam nordestinos. Pessoas que admitem formar fileiras e unir
passeatas com nazistas, homofóbicos e adeptos da ditadura, desde que
isso sirva ao propósito político de retirar do governo o partido do
qual discordam. Voto? Eleição? Quem se importa...
E,
já que não se falava de política, Sarney pôde insistir em planos
econômicos sucessivos, todos fracassados, cada um deles gerando
incalculáveis prejuízos ao brasileiro comum, que era quem os
suportava na verdade. As massas permaneceram silenciosas.
Collor
pôde cassar a poupança dos brasileiros, deixando várias pessoas
penduradas na brocha, um ato impensável num verdadeiro Estado de
Direito, sem que as massas viessem às ruas. Imaginem o governo
federal extorquir a poupança de uma vida inteira de uma pessoa,
digamos, com sessenta anos? Mesmo ante tamanha violência, ninguém
testemunhou uma pessoa esmurrando outra por saber que ela havia
votado no Collor.
Fernando
Henrique Cardoso pôde dilapidar o patrimônio público brasileiro,
conforme denunciado e demonstrado no livro "A Privataria
Tucana", do laureado jornalista Amaury Ribeiro Junior, três
vezes ganhador do Prêmio Esso de jornalismo, sem com isso reduzir um
tostão da dívida pública que, pelo contrário, aumentou ainda
mais. Não houve, contudo, qualquer comoção pública além das
normais lamúrias cotidianas.
A
calmaria perdurou exatamente até 1º de janeiro de 2003, momento em
que Luis Inácio Lula da Silva finalmente, na quarta tentativa, subiu
a rampa do Palácio do Planalto e tomou posse como o 35º presidente
do Brasil.
A
partir desse momento, iniciou-se um processo de acirramento político
cujo tom foi gradualmente se elevando à medida da percepção da
dificuldade em tirar o PT da presidência meramente pelo exercício
democrático do voto.
Em
2015, doze anos após o início dessa escalada da discórdia, a
oposição ao PT chegou a um nível que dificilmente alguém poderia
imaginar. Hoje, a oposição aceita quebrar o Brasil economicamente,
desde que com isso se alcance extirpar o PT do governo federal.
Tome-se como exemplo a Operação Lava-Jato, no qual claramente o
remédio está matando o paciente. O que fazem os grandes formadores
de opinião? Pedidos de comedimento, de obediência aos ritos ou de
criação de formas de proteção ao patrimônio público? Que
nada... são só elogios para o juiz Sérgio Moro que, aparentemente,
não erra. Deve ser somente coincidência, mas a partir da Operação
Lava-Jato o desemprego no Brasil começou a crescer.
Fica
a indagação: por que as manifestações políticas cresceram a
partir da assunção do PT à presidência?
A
resposta óbvia: pelo comprometimento maciço da grande imprensa com
a oposição política do Brasil. Muitas pessoas entendem que isso
não explica tudo e que grande parte do incremento do sentimento
antipetista se deve às trapalhadas do PT no governo. Isso não é
verdade. Trapalhadas todos os governos fazem e, pela minha
experiência, os anteriores fizeram bem mais e com menos créditos
sociais a apresentarem.
A
diferença está toda na forma como as notícias passaram a ser
veiculadas, no estrépito, nas entrelinhas maliciosas, na ligação
necessária de qualquer notícia boa com algo ruim. O Manchetômetro
da Uerj está aí para corroborar isso.
Mas,
quem são afinal esses líderes da moralidade e da ética eleitos
pela imprensa para dar voz ao antipetismo? Quem são essas figuras
públicas que os grandes veículos de comunicação do país, todos
os dias, há doze anos, privilegia, concedendo um espaço precioso
para a exposição de suas falas antipetistas, sem a idêntica
contraparte necessária?
Creio
que os principais são Fernando Henrique Cardoso, Gilmar Mendes,
Aécio Neves e, mais recentemente, Eduardo Cunha.
Não
coloco aqui personalidades como Bolsonaro, Malafaia, Lobão e outras
porque são caricaturas. Ninguém as leva a sério. São usadas pela
mídia em função de suas próprias radicalidades e idiossincrasias
que, além de possuírem um certo público, pequeno, formado por
ignorantes e aproveitadores, atraem pela curiosidade, como alguém
fantasiado de vampiro numa maratona.
E
quem dá voz aos quatro cavaleiros do apocalipchment?
São
principalmente os integrantes de duas famílias respeitáveis: os
Marinho e os Civita. Os quatro cavaleiros estariam a pé se não
fossem essas famílias.
A
questão que se impõe enfrentar é: essas pessoas e essas empresas
possuem legitimidade para exigir de alguém específico o
comportamento moral e ético que apregoam?
Inicialmente,
é importante levar em consideração que toda a suposta “verdade”
que chega ao cidadão comum é apenas a notícia de terceira mão
coletada, selecionada, manipulada e produzida por algum veículo de
informação. Não estamos lá, dentro da sala da Presidenta Dilma,
para saber se a frase dita por ela, e informada em off ao Merval
Pereira, por exemplo, realmente foi dita ou se, por outro lado, se
trata de informação falsa passada ao imortal, ou ainda se é pura e
simples mentira criada por ele para atender aos próprios interesses.
Então,
trata-se de fé: a gente acredita que o jornalista está falando a
verdade ou acredita que ele está mentindo. No fundo, no fundo, não
sabemos, de modo que temos que lançar mão de bom senso,
inteligência e poder de crítica.
Há,
contudo, um elemento importante: se é possível acreditar na
imprensa contra o PT, por que desacreditá-la contra os antipetistas?
Por
conta disso, e com base no que a imprensa publica, vejamos o que
encontramos em relação aos supostos bastiões da moralidade, sempre
levando em conta que, em princípio, são apenas notícias e não
fatos.
Fernando
Henrique Cardoso
As
privatizações geraram um prejuízo, à época, de quase dois
bilhões e meio de reais. Se atualizado, esse valor seria certamente
multiplicado várias vezes. Isso não é um valor simbólico, pelo
que perdemos com as estatais. Nada disso. Trata-se de prejuízo real,
da diferença entre o que entrou e o que saiu dos cofres públicos
com os leilões de privatização. Se fosse considerada a
subvalorização das empresas privatizadas, o prejuízo seria
incalculável.
O
problema, porém, não é o prejuízo em si, que pode ser creditado à
má gestão. A questão é como se permitiu a formação desse
prejuízo, ou seja, a partir de favorecimento de pessoas e
conglomerados com, por exemplo, a aceitação de moedas podres pelo
preço de face quando valiam, na verdade, uma fração disso. As
moedas podres, já podres em si pela desvalorização do mercado,
ficaram ainda mais podres ao serem adquiridas pelos compradores
através de empréstimos concedidos pelo BNDES.
Uma
pessoa que tivesse um sobrenome tucano ilustre, como, apenas como
exemplo, Jereissati, pôde ser beneficiado comprando uma telefônica,
digamos, uma estatal do porte da Telemar, a preço de banana,
financiada pelo BNDES e com imensas garantias de faturamento. Ou
seja, praticamente sem botar a mão na própria fortuna. Você,
certamente, não conseguiria.
Além
disso, é sabida a compra dos votos para a reeleição de FHC. Ah,
você talvez não saiba, mas não havia reeleição antes do PSDB
chegar à presidência. Ela foi encomendada sob medida para a
reeleição de FHC. Hoje, por causa do PT, querem novamente acabar
com a reeleição, que provavelmente voltará a existir quando um
segmento político considerado mais interessante retornar ao poder.
Os
casos de desvios na era FHC são inúmeros: Sivam, Proer, manipulação
do câmbio e outros.
Hoje,
falam de Lulinha, mas em 2000, quando ainda era presidente, FHC
permitiu que o governo financiasse uma empresa para a montagem do
pavilhão brasileiro na Expo 2000 na Alemanha. Custo? Em valor da
época, R$ 14 milhões de reais (quanto seria agora, 15 anos
depois?). A empresa pertencia a quem? A Paulo Henrique Cardoso, filho
de FHC. A regra não é a impessoalidade na administração pública?
Só vale para petistas?
A
filha de FHC, Luciana Cardoso, foi secretária do próprio pai na
presidência. Nepotismo? Não se viu jornal denunciando...
O
Manchetômetro da Uerj comprova: as capas da Veja e as primeiras
páginas dos grandes jornais, à época, não relacionavam
diretamente FHC com tais escândalos, nem mesmo no caso da emenda da
reeleição, no qual ele era obviamente o principal interessado.
Houve blindagem.
Imaginem
se tudo isso tivesse ocorrido num governo do PT. Certamente não
chegaria ao fim do primeiro mandato.
Gilmar
Mendes
É
sócio-fundador no Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP)
que firmou contrato sem licitação com o Tribunal de Justiça da
Bahia, contrato esse que valia dez milhões e meio de reais em abril
de 2012, destinado à realização de cursos direcionados a juízes e
funcionários. Detalhe: à época, o TJBA estava sendo investigado
pelo Conselho Nacional de Justiça.
O
ex-sócio de Gilmar Mendes no IDP, Inocêncio Mártires Coelho, que é
também ex-procurador-geral da República e também ex-professor
dele, apresentou denúncia, conforme matéria publicada na revista
Carta Capital, em junho de 2012, afirmando que o IDP, com Gilmar à
frente, faturou cerca de dois milhões e meio de reais, entre os anos
de 2000 e 2008, com diversos contratos firmados com órgãos do
governo federal, todos sem licitação. O ex-sócio afirmou que
Gilmar fazia retiradas ilegais, desfalcando o caixa do IDP, além de
sonegar impostos e exigir pedágio dos outros sócios para, como
ministro do STF, servir de garoto propaganda do IDP.
A
revista Carta Maior, em agosto de 2012, publica reportagem na qual
Gilmar Mendes é acusado de manter relações com o contraventor
Carlinhos Cachoeira e seu amigo Demóstenes Torres, o mesmo senador
que teve uma conversa gravada pela Polícia Federal, entre ele e o
contraventor Carlinhos Cachoeira, na qual o senador afirma ao
bicheiro que conseguiu obter favor de Gilmar Mendes, no STF, numa
ação que envolvia Companhia Energética de Goiás.
A
revista Carta Capital, também em 2012, publicou reportagem na qual
acusava Gilmar de sonegação fiscal, de nepotismo, de intervir em
julgamentos em favor de José Serra e outros desvios.
A
empresa de um Ministro do Supremo Tribunal Federal fecha contrato
milionário, sem licitação, com um tribunal estadual investigado
pelo CNJ, além de diversos outros contratos com órgãos federais,
todos sem licitação. Dois semanários o acusam de nepotismo e
advocacia administrativa. Há uma suspeita de envolvimento com um
bicheiro. Embora tudo isso, nenhum escândalo na imprensa, nenhuma
manchete, nenhum comentarista dissecando a informação.
Resta
perguntar: e se ele fosse simpatizante do PT?
Aécio
Neves
Que
político brasileiro é famoso por ser cachaceiro? Quem disse Lula
acertou em cheio. Quantas vezes Lula foi flagrado bêbado em algum
lugar? Nenhuma. E dirigindo? Nenhuma. Há notícia de Lula,
alcoolizado, agredindo alguma mulher? Não.
E
há notícia de Lula agredindo a D. Marisa? Também não.
E
Aécio? Bem, é fato que ele se recusou a fazer um teste do bafômetro
em 2011, quando dirigia, preferindo pagar a multa. Nesse mesmo
episódia sua carteira foi apreendida por estar vencida.
Além
disso, o jornalista Juca Kfouri noticia, em 2014, que ele agrediu a
mulher numa festa no Hotel Fasano, no Leblon.
No
quesito ética e envolvimentos suspeitos, destacam-se os cinco
aeroportos construídos com dinheiro público mineiro, no seu
governo, sempre próximos a terras da família, sendo famoso o caso
do aeroporto da cidade mineira de Cláudio, que não entrou em
operação e cujas chaves ficavam de posse do tio do governador.
A
família de Aécio controla duas rádios importantes em Minas e mais
um semanário. Há fortes suspeitas de que esses veículos tenham
sido favorecidos com a publicidade estatal no governe dele. A irmã
dele, Andrea Neves, trabalhava de graça no governo, enquanto o irmão
era governador, em órgão de assessoramento do governo cuja
atribuição era, olha que coincidência, aprovar os gastos em
publicidade.
Aliás,
no quesito nepotismo Aécio é campeão. Além da irmã Andreia
Neves, que trabalhava de graça aprovando despesas com publicidade
que incluíam pagamentos a empresa de mídia da família, recebiam
salário mineiro seis primos e um tio, cujo nome também era Tancredo
Neves, todos com altos cargos na administração pública mineira.
Até mesmo o genro do padrasto de Aécio conseguiu ser nomeado
presidente de uma estatal mineira.
Vamos
supor que Lula ou Dilma tivessem nomeado tantos parentes para o
governo federal. Alguém duvida que o mundo cairia?
Agora,
em setembro de 2015, sai a notícia, na revista Época, que Aécio
usou aviões do governo de Minas para vir ao Rio de Janeiro, nada
mais, nada menos, do que 124 vezes nos sete anos e três meses em que
foi governador. Além disso, aproveitou o avião público para fazer
seis viagens à Florianópolis, onde morava a namorada.
Aécio
deve ter se afeiçoado ao avião, pois depois que saiu do governo,
deixando lá o amigo tucano Anastasia, ainda utilizou a aeronave
oficial uma meia dúzia vezes.
Apenas
para constar, o governador petista Pimentel, em nove meses, somente
utilizou o avião uma vez.
Eduardo
Cunha
Será
que é necessário escrever algo sobre o Eduardo Cunha, o mais
recente dos cavaleiros do impeachment? Aliás, prova viva de que a
imprensa está disposta a quebrar o país se isso possibilitar a
saída do PT do governo, afinal a mídia incensou sua candidatura à
presidência da Câmara.
Cunha
foi nomeado presidente da Companhia Estadual de Habitação do Rio de
Janeiro, no governo de Anthony Garotinho, saindo poucos meses após
ante a acusação de fraudar licitações da estatal para favorecer a
construtora de um colega de partido. Ao responder ao processo, seu
advogado utilizou documentos falsos para inocentá-lo. A fraude
processual foi descoberta.
Cunha
também foi vinculado a denúncias de desvio de recursos na Prece,
que é o fundo de pensão da Companhia de Águas e Esgotos do Rio de
Janeiro.
O
prócer do impeachment, todavia, viu o próprio nome envolvido no
escândalo da Petrobras, que seria o fio condutor da tentativa de
retirar da Presidenta Dilma os 53 milhões de votos que obteve na
eleição. Ironia do destino.
A
deputada estadual Cidinha Campos, do PDT-RJ, acusou Cunha, em 2007,
de comprado uma casa por setecentos mil dólares, vendendo-a por
oitocentos mil dólares a um traficante de drogas.
Cunha
foi acusado de participar, entre os anos de 2002 e 2006, de um
esquema de sonegação fiscal que deu um prejuízo de quase um bilhão
de reais ao estado do Rio.
Cunha
foi nomeado presidente da antiga Telerj pelo então presidente
Fernando Collor, por indicação de Paulo César Farias. Após dois
anos no cargo, suas contas foram reprovadas pelo TCU ante a
contratação de servidores sem concurso e por licitações
irregulares.
Um
petista com esse passado teria se candidato impunemente à
presidência da Câmara dos Deputados, sem alarido da imprensa? Aqui
vale destacar que o deputado é casado com uma jornalista global.
A
Família Civita
A
Família Civita é proprietária da Editora Abril, que publica a
revista Veja. Possui fortes ligações com o tucanato foi ou está
sendo processada, na 12ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo,
acusada de ser beneficiária de de desvio de dinheiro público em
favorecimento da Fundação Victor Civita.
A
revista Veja é acusada de fazer composição com o bicheiro
Carlinhos Cachoeira, que tinha ligações com o ex-senador Demóstenes
Torres e com o ministro Gilmar Mendes, para produzir denúncias
contra o governo do PT. As investigações apuraram que Policarpo
Jr., diretor da sucursal da revista Veja em Brasília, trocou cerca
de duzentas ligações telefônicas com Carlinhos Cachoeira, que se
gabou deser o pai de “todos os furos” da revista.
A
revista Veja, provavelmente agradecida pelos “furos”, publica, em
2004, matéria considerada falsa sobre a CPI da Loterj, transformando
o contraventor Carlinhos Cachoeira, que era réu, em vítima de
achaque, o que possivelmente o livrou da cadeia.
O
Distrito Federal, quando José Roberto Arruda era o governador,
comprou assinaturas da revista Veja, no expressivo valor, para a
época, de quinhentos mil reais. Na mesma semana da compra a revista
publicou uma entrevista destacada com o governador, nas Páginas
Amarelas.
A
Prefeitura de São Paulo, no governo de Gilberto Kassab, comprou
assinatura da revista Veja em setembro de 2012, também de cerca de
quinhentos mil reais. No mesmo mês o prefeito foi objeto de uma
matéria de capa na revista.
Meras
coincidências?
Que
tipo de manchete a revista Veja publicaria se uma gravação
comprovasse a ligação de Lula com alguém do submundo do crime? E
vangloriando-se de criar factóides?
A
Família Marinho
A
relação de escândalos vinculados às Organizações Globo é
imensa e antiga.
Começa
com o explícito apoio, confessado, ao golpe militar de 1964, o que
evidencia sua já antiga natureza anti-democrática, de inconformismo
com o resultado das urnas, o que também seria evidenciado no famoso
caso Proconsult, de 1982, quando a Globo, atemorizada pela
possibilidade de eleição de Brizola para o governo do Rio,
participou de uma tentativa de fraudar as eleições.
A
manipulação da informação pelo jornalismo da Globo é fato
notório. O comício das Diretas Já foi transmitido como sendo parte
das comemorações do aniversário de São Paulo. A edição do
debate entre Lula e Collor, para favorecer Collor, fato também
confessado por representantes da Globo à época, é outro. Collor
era dono de uma das tevês regionais afiliadas da Globo, ou seja,
sócio da Globo.
Repórteres
que saíram da Globo, como Luiz Carlos Azenha ou Rodrigo Vianna
denunciam a determinação da empresa para que fatos desabonadores
sobre políticos do PSDB ou positivos sobre governos do PT fossem
escondidos. A regra era publicar somente fatos negativos sobre o PT,
maximizando-os, chegando ao ridículo do episódio da bolinha de
papel lançada no então candidato José Serra.
A
Globo não se intimida em usar o poder para lucrar. Em 1986, Antonio
Carlos Magalhães, então ministro das comunicações, suspendeu os
contratos públicos com a empresa NEC Brasil, que perceu valor
vertiginosamente, obrigando a NEC do Japão a vender sua filial
brasileira por um milhão de dólares para a Globo. Após a venda, os
contratos públicos foram restabelecidos e a empresa voltou a ser
valorizada no mercado, passando ao valor de 350 milhões de doláres.
Poucos meses depois ACM foi recompensado com a propriedade de uma
afiliada da Globo na Bahia.
Em
outro exemplo, lançou o título de capitalização Papa-Tudo, sendo
vendidos milhões. Contudo, os títulos jamais foram honrados e
ninguém da Globo foi preso.
Recentemente,
ficou-se sabendo do escândalos que envolvem a Fifa e o futebol
brasileiro. Existem ligações íntimas com a Globo, que domina o
esporte enquanto espetáculo, inclusive ditando os horários dos
jogos.
Vinculada
à questão do futebol, a Globo viu-se envolvida num suspeitíssmo e
nebuloso caso sobre uma pendência com a Receita Federal, que envolve
quase um bilhão de reais em valores atuais. O processo fiscal, que
concluíra pela dívida não paga da Globo, que tentara sonegar
através da utilização de uma paraíso fiscal, simplesmente sumiu
na Receita Federal. Posteriormente, foi provado que uma Auditora
Fiscal retirou o processo do arquivo e deu fim a ele. Ela foi presa
e, posteriormente liberada por um habeas corpus concedido... por
quem? Sim, por Gilmar Mendes. A servidora se recusou a informar por
que fez isso. Céus! A quem interessaria sumir com um processo que
responsabilizou a Globo em quase bilhão de reais? Não faço a menor
ideia.
...
Esse
é o resumo da ópera em relação aos principais líderes da
oposição no Brasil.
Notícia
por notícia, todos são acusados de desvios éticos e morais. A
diferença ocorre somente no destaque que se dá às acusações.
Algumas merecem manchetes diárias. Outras nem aparecem. A suposta
sonegação fiscal da Globo, por exemplo, não é noticiada pelas
co-irmãs, somente sendo encontrada nos chamados blogs sujos.
Essa
é a oposição que algumas pessoas enxergam como ícones da
honradez. Não que não o sejam. Podem até ser. É discutível,
entretanto, que essas mesmas pessoas formem sua opinião a partir das
manchetes dos jornais somente para um dos lados.
Mentiras
por mentiras, elas existem para ambos os lados.
Assim
como as verdades.
Aos com memória curta, seletiva e hipócritas.
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