quarta-feira, 3 de maio de 2017

A insanidade do apelo a Bolsonaro ou à intervenção militar


Em dezembro de 2016, o site Brasil 247 reproduziu um artigo publicado no Estadão, de autoria do general Rômulo Bini Pereira. No artigo, assim declarou o militar:
Se o clamor popular alcançar relevância, as Forças Armadas poderão ser chamadas a intervir, inclusive em defesa do Estado e das instituições. Elas serão a última trincheira defensiva desta temível e indesejável 'ida para o brejo'. Não é apologia ou invencionice. Por isso, repito: alertar é preciso (1).
O artigo, portanto, era uma advertência do militar: cuidado que a Cuca vai te pegar. No texto, o general sustenta que um exemplo de desgraça política capaz de prejudicar o país e de exigir a atuação dos militares seria a invasão promovida na Câmara dos Deputados por um grupo de manifestantes. O exemplo é bisonho de tão superficial. O general percebe como desgraça uma situação absolutamente normal em qualquer ambiente democrático: a manifestação popular.

Declarações públicas levianas desse naipe, nesse específico caso vinda de uma pessoa que possui a responsabilidade institucional de manter pacífico o ambiente coletivo, interna ou externamente, são responsáveis por tornar a opinião pública insensível às barbaridades cometidas contra os cidadãos, seja quando pacificamente exercitam o direito de manifestar-se politicamente nas ruas de nossas cidades, seja no desrespeito aos direitos humanos mínimos testemunhado com frequência na atuação de nossas diversas polícias, que silenciosamente matam milhares de pessoas por ano sob o pálio da segurança pública, principalmente pobres e negros.
Manifestações populares, inclusive e principalmente as que adentram o palácio mais destacado do povo, os parlamentos, constituem um direito do cidadão garantido pelas constituições de qualquer país democrático e civilizado do mundo. Devem ser meramente observadas pelo aparato de segurança estatal, tanto para dar segurança aos manifestantes, como para exercitar a repressão sobre eventual excesso cometido, ainda assim de forma proporcional ao excesso. De forma nenhuma é aceitável o que ocorreu em Goiânia, quando um jovem manifestante, apenas por ser manifestante e ter a boca e o nariz cobertos por um lenço, presumivelmente como defesa contra gás lacrimogênio, recebeu uma cacetada tão violenta na cabeça que partiu o cassetete ao meio. O jovem se encontra em grave risco de morte ou de sobreviver com sequelas terríveis. As autoridades públicas possuem o dever de agir para que o policial que praticou tal ato responda por tentativa de homicídio agravada pelo motivo fútil. Quem teve a experiência de segurar um pesado e denso cassetete policial nas mãos sabe que, para ser quebrado no corpo de alguém, a violência da pancada exige que o agente assuma o risco de obtenção do evento morte na ação. O dolo é, minimamente, eventual.
Como é possível que, num país que amargou 24 anos de ditadura militar, um general esteja publicamente admitindo a possibilidade de intervenção militar? Ou, ainda, que parte da população clame por uma intervenção militar ou pela eleição de uma caricatura do militarismo, o deputado Bolsonaro? Bolsonaro prefigura, em suas declarações, o perigo totalitarista que nos espreita.
Existem duas coisas boas a falar sobre Bolsonaro. Primeiro, o fato de defender ideias nacionalistas e de proteção dos interesses nacionais. Ocorre que, se por um lado o nacionalismo é bom ao colocar o país em local privilegiado na tomada de decisões públicas, por outro, sua versão extremada é capaz de conduzir a coisas indizíveis, como as realizadas pelo supernacionalista Hitler em sua época. Por tudo que declara, Bolsonaro pratica o tipo extremado de nacionalismo, à moda nazista.
A segunda coisa boa que se pode falar sobre ele é quanto à sua inacreditável transparência. Ciente de estar revestido pelo manto protetor da imunidade parlamentar no que concerne às suas declarações, Bolsonaro não exercita a fácil hipocrisia, ferramenta comum às pessoas públicas. Não oculta a própria malignidade e nos diz clara e cristalinamente quem é. Ainda assim, revelando-se em sua crueza e inteireza, cresce nas pesquisas.
São duas coisas de duvidoso mérito em meio a incontáveis outras "qualidades" muito, mas muito ruins que caracterizam a personalidade e o caráter do deputado.
Bolsonaro é publicamente contra a democracia, que classifica como uma porcaria. No passado, quando ainda não tinha chance alguma de ser presidente, concedeu entrevista na qual disse que, se eleito presidente, fecharia o Congresso e daria um golpe de Estado no mesmo dia. Sustenta, sem meias palavras, que a ditadura militar brasileira foi gloriosa, assim como a chilena; defende a tortura e morte de adversários políticos de ambos os regimes; já sustentou que as ditaduras brasileira e chilena, esta com mais de três mil mortes, matou pouco; é favorável à utilização das forças armadas contra os poderes judiciário e legislativo, caso atrapalhem o governo, como fez Fujimori quando presidente do Peru.
Com sua confusa inteligência política, Bolsonaro advoga que a ditadura brasileira – realizada à força pelos militares e durante a qual não se exercia plenamente o direito ao voto e não existia direito a manifestações políticas pelo povo – foi um movimento “democrático”, assertiva que desafia o conceito de democracia produzido pela ciência política. Sem espanto algum, trata-se exatamente da opinião de quem clama pelo militarismo ou por Bolsonaro, fruto evidente de ignorância política.
Aparentando total insciência ou desprezo sobre a conturbada relação histórica entre política e religião, Bolsonaro é contra o Estado laico (2), defendendo que a visão religiosa deve prevalecer também no plano político, tal e qual já ocorreu no passado e continua a ocorrer, hoje em dia, nos países muçulmanos. Como se sabe, teocracias dominam amplamente a vida privada dos cidadãos, negando a plena liberdade religiosa e de exposição de pensamento, além de agravar pesadamente o patriarcado, colocando a mulher como um apêndice obediente do homem. O posicionamento não surpreende, vindo de um homem que já produziu declarações apologéticas ao estupro, sobre as quais ainda pende uma ação criminal, e defendeu salário menor para as mulheres, sob a justificativa de que engravidam e recebem salário maternidade. Sua inclinação misógina é revelada inclusive quando se refere pejorativamente à própria filha, nascida após quatro filhos do sexo masculino. A filha, segundo ele, resultou de uma “fraquejada” sua (3), caso contrário teria tido um quinto filho macho.
O deputado não é violento somente no aspecto da atuação política, mas, também, em suas visões sobre as interrelações sociais. Ele defende a pena de morte e, à sua falta, pontifica que a polícia deveria “matar mais”. Defende, assim, que nossos policiais se transformem em assassinos públicos, matando segundo o seu próprio juízo de valor, sem necessidade de lei instituidora da pena de morte e muito menos de sentença que a determine.
Além de antidemocrático e misógino, o nobre deputado ainda reúne em si as “qualidades” pouco invejáveis de homofobia e racismo. Sim, pois, sem meias-palavras, diz que preferiria ver um filho morto a ser homossexual e que a residência de homossexuais desvaloriza a casa dos vizinhos. Defende a violência contra homossexuais, inclusive pelos pais, como forma de correção, e argumenta que eles não devem ser protegidos por leis anti-homofobia. Não titubeia em declarar que ele própria agrediria um casal de gays se os visse se beijando em público.
E o deputado não para em sua sanha de reunir em si as piores inclinações políticas possíveis e imagináveis. Ele é, também, contra o direito das minorias, que devem sucumbir às maiorias. Considera os índios fedorentos e mal-educados (deve preferir índios com doutorado que utilizem sabonetes). Recentemente, em abril desse ano, no Clube Hebraica, clube carioca localizado na zona rica da cidade e, obviamente, frequentado por privilegiados, proferiu discurso afirmando que, se eleito presidente, extinguirá todas as reservas indígenas e todas as comunidades quilombolas. No mesmo ato, e sem temer evidenciar ainda mais um racismo já evidente, referiu-se a afrodescendentes quilombolas como se fossem escravos, dizendo que o mais leve deles pesava sete arrobas (medida de peso de animais) e que, com esse peso, não serviria sequer como procriador. Como se sabe, os proprietários escolhem os melhores animais para que procriem, assim gerando um melhoramento genético da raça. Nos tempos da escravidão, fazia-se o mesmo com os escravos. Bolsonaro sabia disso ao produzir sua piada racista e se lixou. A plateia, racista como ele, achou muita graça da piada.
Como é possível uma pessoa tão ignóbil politicamente figurar dentre os mais populares candidatos a qualquer cargo político e, principalmente, ao de presidente da República? Como é possível que eleitores que se consideram democráticos, e que desejam continuar a influir nas escolhas políticas do futuro, sequer possam supor a alternativa militar? E, pior, como podem pessoas negras, homossexuais ou mulheres declarar o voto em Bolsonaro?
Afora a possibilidade mais provável da opção decorrer do mal banal sempre presente em grande parte dos seres humanos, é possível que muitas delas estejam sofrendo da terrível angústia de produzir escolhas complexas.
Como isso se processaria? Explico. Uma pequeníssima, mas barulhenta, porção de brasileiros aderiu, de forma consciente, à alternativa apresentada pela extrema direita mundial. Essa pequena fatia produz incessantes e insanos apelos de adesão ao extremismo aos eleitores frustrados com a política. No Brasil, tais pessoas são identificadas como simpatizantes de celebridades políticas como o exaustivamente mencionado Bolsonaro e outras igualmente deletérias como Malafaia, Marcelo Madureira, Alexandre Frota, Lobão e outros desse naipe.
Isso, contudo, não seria o bastante, não fosse a concomitante existência de interesses econômicos poderosos que ressoam a mensagem da extrema direita, sem a indispensável produção de crítica inteligente. Rede Globo e outros órgão de imprensa, como Abril, Estadão e Folha de São Paulo, não espantam a ideia da ditadura, pois possuem expertise em lidar lucrativamente com o autoritarismo, como brilhantemente demonstrou a Globo no período dos governos militares, durante o qual se tornou a maior empresa de informação do país simplesmente negociando com os ditadores e não permitindo que seus jornalistas produzissem críticas ácidas demais ao stablishment militar. Com o apoio da grande mídia, ou sua inércia, a mensagem dos adeptos da instauração de um regime autoritário consegue atingir os temores íntimos de parte da população.
Sabe-se que o ser humano vive em eterno dilema entre o desejo de liberdade total e a necessidade sempre presente de formular escolhas. Ser livre é, basicamente, não possuir restrições à escolha entre alternativas. O ser humano, contudo, de forma contraditória, aprecia a liberdade em tese, mas não gosta de escolher na prática. Quanto mais alternativas, menos sente-se confortável para optar. O ser humano médio aprecia a segurança proporcionada pela rotina caracterizada pela monotonia das imposições pré-ordenadas e que, portanto, configura a antítese da liberdade.
Assim, quanto mais complexa a escolha, mais o ser humano médio sofrerá por ter de fazê-la. A complexidade pressupõe a necessidade de reflexão mais profunda sobre aspectos mais diversificados da situação posta. Como pontificava Sartre, o ser humano está condenado a vivenciar a angústia da liberdade, pois nada é capaz de eximi-lo dessa liberdade. Seguindo esse ensinamento, o caminho mais fácil para reduzir a angústia existencial seria mitigar a quantidade de opções possíveis. Segundo o psicólogo-palestrante Barry Schwartz, é mais fácil e menos frustrante escolher um jeans entre dois ou três modelos do que entre mil. O aumento de liberdade, nesse caso, se transforma em incremento da angústia na escolha e de inevitável insatisfação com seja o que for escolhido, pois jamais se saberá como seria a realidade com a alternativa que foi relegada.
Ora, a situação política brasileira provavelmente nunca foi mais complexa do que a atual. Vivemos um simulacro de democracia. A situação prática é próxima a de uma ditadura, com manifestações populares sendo reprimidas violentamente para que projetos de elite sejam aprovados apesar da insatisfação maciça do povo em relação a tais projetos. A imprensa internacional denuncia o golpe e a fraude das reformas, mas a população não sabe disso, pois a imprensa nacional, comprometida com o projeto golpista, produz manchetes de um mundo de fantasia, no qual tudo está indo muito bem, apesar de ficar cada vez pior.
Por conta dessa atuação maligna da imprensa majoritária, esmaeceu, nos cidadãos, a compreensão do verdadeiro conceito de democracia, o que é e para que serve. Fugiu de suas mentes o entendimento de que a política não tem como ser negada sem sofrimento ainda maior, pois é ela o único meio seguro e pacífico de intermediação dos conflitos públicos. É a política a melhor ferramenta para a solução, sem violência, da questão da divisão social dos recursos escassos. Sem ela, como evitar graves confrontos entre os indivíduos e classes sociais que necessitam desses recursos? O mero uso da força pode muito, mas não pode tudo.
Todavia, embora esmaecido, a noção de democracia não desapareceu completamente da consciência das pessoas. Algo remanesce, incômodo, mesmo no espíritos dos cidadãos mais desatinados que atenderam ao canto de sereia da intervenção militar. A resistência encontra explicação no fato de que a grande imprensa não é mais a única voz da Ágora moderna.
Os gregos clássicos nos deixaram de legado a Ágora como uma espécie de interface entre os interesses privados e os públicos, forma encontrada para que o coletivo não engolisse o privado e vice-versa. Para os gregos a Ágora era uma espaço físico real no qual, diretamente, os próprios cidadãos (por eles denominados de “políticos”, eis a origem da palavra) exerciam o direito à voz e ao voto para a escolha das ações do governo a serem produzidas. Posteriormente, dado o aumento da complexidade social, passou a ser uma realidade virtual e restou dividida em seus aspectos de voz e de voto. A voz do cidadão – que é a Ágora propriamente dita – foi intermedida passando a ser entendida como a “opinião pública”, considerada como tal aquilo que é publicado pela imprensa. Seu voto – a escolha final do cidadão – passou a ser indireto, utilizado apenas para escolher o representante parlamentar que de fato irá escolher a política pública prevalecente. Ainda que tenha passado a ser assim, a “Ágora intermediada” não perdeu o poder de influenciar a atuação dos representantes políticos em direção à realização de uma suposta demanda pública. Claro que, tratando-se de opinião reflexa e presumida, a nova Ágora intermediada é permeada e contaminada pelos interesses de quem divulga a “opinião pública”.
Afora a imprensa, a principal alternativa para o cidadão exercitar a voz política seria coletivamente, através de passeatas e outras manifestações públicas, menos presentes e sempre mais difíceis de organizar.
Eis, porém, que surge uma nova Ágora, ainda incipiente, que devolve ao cidadão a voz política e faz ressurgir das cinzas sua capacidade de influir politicamente: a massificação da internet e a consequente pulverização da informação através de sites de notícia independentes, blogs e redes sociais. Com seu potencial de esvaziar o poder da Ágora intermediada de definir a pauta da discussão pública, a nova Ágora – a internet – é considerada, por aquela, como inimiga a ser combatida. Então, a grande mídia busca criar a imagem falsa de que interesses políticos somente permeiam a nova Ágora, como se não viciasse muito mais a própria atuação. Não por outro motivo, um dos primeiros atos do governo golpista é fazer cessar a propaganda estatal para a mídia digital independente, embora mantendo e até aumentando a receita da mídia tradicional, sua aliada.
Entretanto, ainda que em menor expressão, a mídia digital independente alcança amplos setores da população e torna públicos posicionamentos políticos totalmente diversos daqueles que a mídia tradicional representa. O mundo das manchetes dos grandes jornais é um mundo muito diferente daquele que emana dos artigos e reportagens dos jornalistas e blogueiros independentes. Sobre um mesmo tema, a mídia majoritária fala de Marte e a alternativa, de Vênus. Essa ampla diversidade na análise política provoca um curto-circuito na cabeça do cidadão. As alternativas de visão de mundo são disparatadas demais para que uma escolha seja produzida sem angústia e sem um demorado e laborioso processo de reflexão.
A escolha mais fácil parece ser colocar todos os políticos no mesmo balaio conceitual e posicionar-se em favor do regime que produz o menor número de opções políticas: a ditadura. Sem preocupação com o registro histórico sobre os modelos de rotina pública adotados pós-implantação de regimes autoritários – que indefectivelmente massacra e silencia os cidadãos – o cidadão desavisado se percebe apoiando uma intervenção militar ou sua versão estilizada em Bolsonaro.
Essa é a explicação para a opção política pela intervenção militar ou por Bolsonaro: a inércia cognitiva provocada pela dificuldade de escolha. Isso aliado a uma boa dose de pusilanimidade moral. Quem escolhe o militarismo ou Bolsonaro escolhe não ter escolhas. Escolhe ser aprisionado em seus pensamentos. Escolhe o fim da democracia e o fim da política. Escolhe silenciar, ou mesmo compactuar, frente às iniquidades que virão inevitavelmente a partir da instalação de um regime ditatorial fascista. Escolhe uma sociedade pautada pela experiência da segregação aberta e despudorada que poderão emergir do sempre possível endurecimento do regime, com as facetas horrendas do racismo, da misoginia, da homofobia, da xenofobia e do fim da liberdade religiosa.
De modo nenhum quem clama pelo militarismo ou se declara eleitor do Bolsonaro pode afirmar-se democrata, pois utiliza a liberdade proporcionada pela democracia justamente para nela pôr fim e para destruir as liberdades civis. A inclinação favorável ao autoritarismo pode decorrer de más intenções, de sadismo, de masoquismo, de pura crueldade, de ignorância, de algum tipo de demência ou idiotia, mas, nunca, jamais pode ser creditada às exigências éticas de um espírito democrata. Nada que está fora do conjunto faz parte dele. Portanto, a pretensão de fim da democracia não integra o conjunto dos elementos democráticos.
Curiosamente, várias vivandeiras do militarismo repetem à exaustão, contra o pensamento de esquerda, o bordão "não gosta do Brasil, vá para Cuba ou para a Coreia do Norte", pretendendo com isso produzir uma crítica ao autoritarismo de esquerda supostamente praticado nesses países. Imaginam, talvez, que o autoritarismo de direita, com o qual sonham, seja diferente e melhor do que o desses países. São tolos. As primeiras vítimas do autoritarismo, de esquerda ou de direita, em geral são, paradoxalmente, os apoiadores de primeira hora.
É necessário compreender que, dentre as possibilidades de regimes de seleção de escolhas públicas, somente uma autoriza o cidadão a voltar atrás em sua decisão: a democracia. O adepto do canto de sereia da intervenção militar pode, hoje, afirmar que sua adesão não significa que seja segregacionista ou a favor da extinção dessa ou daquela liberdade. Contudo, ainda que se arrependa futuramente da malsinada opção, não poderá expor suas opiniões caso sobrevenha uma ditadura que estabeleça a iniquidade que diz repudiar. Após a ditadura, cessa toda e qualquer possibilidade de mudança que não venha pela resistência violenta ou pela mera vontade do ditador. A partir da ditadura, ao povo somente restam duas opções: adesão ao que vier, bom ou ruim, ou resistência. Como covardia, aderir à iniquidade e tentar sobreviver ou, como bravura, a ela resistir e aceitar morrer.
De fato, um panorama no qual ficam mais claras as diferenças e, portanto, mais simples o ato de escolher. No entanto, resta a cada um que busca o caminho fácil da redução das escolhas a autoindagação sobre se vale a pena conquistar essa facilidade, se ela nos torna mais humanos, inteligentes e sensíveis, ou se, pelo contrário, nos relega à condição de boi no gado ou formigas no formigueiro. Um perfeito sistema coletivo descerebrado.
Notas:

(1) Extraído em 2 de maio de 2017, do site: http://www.brasil247.com/pt/247/brasil/270859/General-j%C3%A1-alerta-sobre-poss%C3%ADvel-interven%C3%A7%C3%A3o-militar.htm

(2) Extraído em 2 de maio de 2017, do site: http://www.jornaldaparaiba.com.br/politica/noticia/180921_bolsonaro-defende-porte-de-arma-para-todos-e-fuzil-contra-o-mst


(3) Extraído em 2 de maio de 2017, do site: http://exame.abril.com.br/brasil/piada-de-bolsonaro-sobre-sua-filha-gera-revolta-nas-redes-sociais/

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