-
E aí, Carlão, como vai, irmão?
-
Beleza, tudo bem. Parece que agora as coisas vão começar a dar
certo no país.
-
Como assim, mano? Porque você acha isso?
-
Ô, cara, é por causa desse tal de mensalão. Começaram a botar os
políticos na cadeia, mano véio. Agora acaba a sem-vergonhice.
-
E você sabe sobre o que é esse tal de mensalão?
-
Claro! É sobre político roubando lá em Brasília.
-
Mas, você sabe que roubo é esse?
-
Ah, sei lá. A gente sabe que esses caras vivem roubando. "Demorô"
pra um ir parar na cadeia e dar o exemplo.
-
Mas você acompanhou o julgamento? Sabe se havia prova pra condenar
os caras?
-
Putz, cara, deixa de ser ingênuo. E precisa de prova? Eles roubam
mesmo, todo mundo sabe.
-
Então qualquer político que tivesse ido a julgamento mereceria ser
condenado?
-
Claro! É tudo ladrão, irmão.
-
Você já tinha escutado falar em José Dirceu ou José Genoíno?
-
Pô, xará, esses são os piores. São os chefes da quadrilha.
-
Quem te disse isso?
-
Ô, cara, está em todos os jornais e deu no Jornal Nacional. Parece
que saiu o esquema todo naquela revista, a Veja.
-
E você tem ideia de como eles agiram ou o que eles roubaram?
-
Cara, não faço ideia. Mas eles têm que ir pra cadeia mesmo. Tô te
dizendo, mano, é tudo ladrão.
-
O que você acha do PT?
-
Esse é o partido dos ladrões.
-
Por quê?
-
Não foram do PT os caras do mensalão que foram condenados? Então.
-
Então você não sabe exatamente o que eles fizeram, mas acha que
foram condenados de forma justa?
-
Claro, você acha que os juízes lá de Brasília iam condenar os
caras sem prova?
-
E seu te disser que eles foram condenados sem prova, com base numa
tal de teoria do domínio do fato?
-
Que bicho é esse?
-
É mais ou menos assim: se você é o chefe de algum lugar, você
sabe e é responsável pelos atos de seus subordinados.
-
Tô achando que faz sentido. O cara é chefe, então tem a obrigação
de saber tudo.
-
Você já foi chefe de alguma coisa?
-
Já. Fui chefe de seção de uma loja que trabalhei.
-
Você acha possível que algum subordinado seu tenha feito algo
errado sem que você pudesse saber?
-
Pô, claro, mano. Neguinho tá sempre arrumando problema pelas costas
dos outros.
-
E como fica, então, esse tal de domínio do fato?
-
É, complicado. Eu que não ia querer ser responsabilizado pelo erro
que eu nem sabia.
-
E quanto aos políticos do PT?
-
Bom, esses aí mereciam mesmo ser condenados.
-
Mas você não acabou de dizer que é errados ser responsabilizado
pelo erro alheio?
-
Eu sei, mas lá com eles é diferente. Deu na tv, no Jornal Nacional,
em todos os jornais dizendo que eles roubaram. Você acha que esse
monte de jornais iria todos mentir sobre a mesma coisa? Claro que
não. Então, é porque tem verdade nisso aí. Os caras roubaram
mesmo.
-
Cara, funciona assim. A revista dá uma notícia falsa com manchete
na capa, o Jornal Nacional repercute a manchete da revista e os
outros jornais repercutem o que o Jornal Nacional noticiou. No final,
todos estão falando sobre a mesma coisa.
-
Pô, mas que coisa embaralhada. Sei não. Acho que a tv e os jornais
são coisas sérias. Não iam ficar publicando mentira, não. Sei lá.
-
É, infelizmente eles contam com essa credulidade. Sabem que podem
manipular a opinião pública. Já deram até nome pra isso, é a tal
da opinião publicada.
-
Ei, não sou crédulo, nem ingênuo. Assim você me ofende. Sou
inteligente e capaz de perceber quando alguém está tentando me
manipular.
-
Então, tá, amigo, não vamos brigar por causa disso. Você tem o
direito de acreditar no que quiser. Proponho um brinde.
-
Aí você falou a minha língua. Vamos lá. Tintim.
Marcio, uma texto simples que até alfabetizado entende, uma linguagem acessivel a qualquer cidadão.
ResponderExcluirPrecisa divulgar o teu blog na mídia alternativa.
Parabéns.
Fernando
Obrigado, Fernando. Conto com você pra divulgar o blog. Abraço.
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