domingo, 10 de fevereiro de 2013

147 empresas controlam 40% da economia mundial



Texto extraído do blog "Resistências e Resiliências"
Quando a ciência se dá conta dos 1% que dirigem a economia.
Fonte: Les Dernieres Nouvelles du Monde (via Imediata).
Trad: Mario S. Mieli
Três pesquisadores suíços destrincharam recentemente a rede mundial de multinacionais, servindo-se de uma base de dados da OCDE (Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômicos) agrupando mais de 30 milhões de atores do mercado econômico. Os cientistas chegaram a uma síntese, agrupando-os sob a forma de uma rede de 43.060 multinacionais. Suas relações de força mútuas foram também reconstituídas conforme a perspectiva da propriedade: uma empresa que possui mais de 50% de ações de uma outra foi considerada como detentora do controle acionário dessa última.

A rede parece deter uma estrutura geral bastante comum nos sistemas naturais: certos atores são pontos de convergência de poder, ao passo que outros estão apenas na periferia e exercem somente um baixo nível de controle sobre os outros. Este fenômeno, conhecido como “o rico fica mais rico” não espantou os pesquisadores. Um ator de grosso calibre econômico atrai forçosamente os recém chegados.
O que surpreendeu mais foi a descoberta de um outro fenômeno conhecido como “o clube dos ricos”. No centro desta rede, encontram-se 1.318 empresas que parecem mais fortemente conectadas entre si e formam um núcleo central. Este núcleo detém a maioria (60%) da indústria mundial, em consequência dos lances no mercado acionário. Pior ainda, 147 empresas estão ainda mais interconectadas e “dirigem” o núcleo.
Este 1% da totalidade do mercado mundial controla, sozinho, quase 40% do coração da economia atual. Mas quais são essas empresas? O que produzem? Pois bem, elas não produzem absolutamente nada fisicamente. Trata-se de intermediários financeiros. E entre elas encontramos nomes bastante conhecidos nesses tempos de crise: Barclays, JP Morgan, Goldman Sachs, …
A questão inicial colocada por esse trabalho científico era determinar se havia uma “cabeça” no sistema financeiro atual. O núcleo descoberto pelos pesquisadores se pareceria bastante com essa “cabeça”. Eles alertam, contudo, contra a ideia de se ver nisso uma conspiração.

Considerações do Marcio Valley sobre o texto:
De fato, pode inexistir uma conspiração no sentido comum de intenção prévia.
Todavia, não há dúvida de que, em situações de instabilidade econômica, como a de 2008, todo o poderio político dessas 147 "famiglias" (porque o poder econômico é eminentemente político, não tenham dúvida) será direcionado para salvar as fortunas, ainda que ao custo de lançar à indignidade milhões e milhões de famílias pelo mundo afora, possivelmente com milhares morrendo de fome.
Trata-se de um roteiro já reencenado diversas vezes, como quando o governo dos EUA injetou mais de um trilhão de dólares nos bolsos dos bilionários para "salvar" a economia (leia-se, salvar a fortuna do financista que ajudou a eleger o Bush), ou quando o Brasil, em situação similar, realizou o Proer.
Essa é, na verdade, a maior questão a ser solvida pelo capitalismo (ou financismo) atual: a total incompreensão do ser humano, inclusive dos cientistas dessa área, os economistas, sobre o real papel do dinheiro, que, como representação do trabalho humano (porque o trabalho é, de fato, a única riqueza real existente), obviamente não foi criado, ou não deveria ter sido, para ser acumulado indefinidamente ou servir para extravagâncias de poucos à custas de milhões.
O dinheiro acumulado, sem circulação, é sua antítese, uma violência à própria teleologia do objeto.

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