É
comum especialistas afirmarem que a internet, ao estimular a
virtualidade nas relações interpessoais, está afastando
fisicamente as pessoas umas das outras e tornando rarefeito o
sentimento que as envolve.
De
fato, é possível que a internet favoreça o afastamento físico das
pessoas, dada a comodidade de estabelecer amizades à distância.
Porém, talvez não seja esse o principal fator de afastamento real
entre as pessoas.
Atualmente,
a maioria da pessoas reside em metrópoles, com todas as dificuldades
de deslocamento que disso decorre. Metrópoles em geral, com raras
exceções, costumam possuir sistemas de transporte coletivo
ineficientes, o que já indispõe para sair de casa. Pelo mesmo
motivo, na maior parte das grandes cidades, o uso de veículo próprio
se multiplica, o que implica o agigantamento dos engarrafamentos.
Enfrentado o trânsito, após muita demora no trajeto, encara-se o
problema de ausência de local para estacionar. Desencorajador.
Aliado
a isso, as cidades se veem tomadas por uma violência extremada, cada
qual com suas peculiaridades ou motivações. Em alguns grandes
centros, com problemas sociais graves, a violência é criminosa e,
em outras, que padecem com guerras e terrorismo, de ordem política
ou religiosa. A violência, seja qual for sua motivação, assusta a
todos em todo o mundo, sejam ricos, sejam pobres.
Por
fim, há a questão econômica. O dinheiro anda escasso para a
maioria das pessoas no mundo todo, o que torna preferível a
comunicação pela internet, sem gastos com bares e restaurantes.
Talvez
não seja a internet, mas esse fatores - transporte coletivo
ineficiente, violência e falta de dinheiro - os mais relevantes na
decisão de isolamento individual. Sem esses problemas, decisivos,
talvez as redes sociais fossem apenas mais um meio de comunicação
entre as pessoas, inclusive para agendamento de encontros reais. Nada
mais do que isso.
O
perigo da fragilização das relações interpessoais, cada vez mais
intensa, portanto, não se explica somente pela virtualização
promovida pela internet.
O
modelo real de sociedade que a humanidade vem construindo, que
favorece a emergência de violências e atomiza as pessoas por
diversos motivos diferentes, parece ser uma explicação mais
apropriada para o distanciamento entre todos.
Num
mundo mais justo, igualitário e pacífico as pessoas se amariam mais e estariam mais
reunidas, com ou sem internet.
Concordo com você em gênero número e grau, maravilhoso o texto!
ResponderExcluirObrigado, Lu Alencar, a mais fiel leitora do blog. Te amo. Bjs.
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