publicado
no WhatsApp em 29/09/2018, por Marcio Valley
Hoje, sábado, 29 de setembro de 2018, é um dia histórico para o Brasil.
Talvez
pela primeira vez na história nacional, uma eleição é
caracterizada pelo engajamento suprapartidário contra apenas uma das
diversas candidaturas.
Centenas
de milhares de cidadãos do mundo, em grande parte brasileiros,
saíram às ruas para dizer “não!”, em várias dezenas de
cidades no país e espalhadas pelo mundo.
Apesar
da enorme adesão e das imagens de milhares de pessoas nas ruas do
Brasil e do mundo, a repercussão pela imprensa majoritária nacional
foi tímida, para dizer o mínimo.
Possivelmente,
temem apresentar ao povo o poder que o povo tem. Em tempos de redes
sociais, o comportamento é ridículo.
Porém,
somente na aparência foi um não a um determinado candidato a
presidência da república. Esse não é mais profundo, com maior
densidade de significados.
O
candidato alvo desse não massificado apenas personificou o objeto
oculto da ojeriza coletiva. Ele, como individualidade, não era
importante há dois anos e, caso o maravilhoso movimento das mulheres
do mundo seja bem sucedido, como se espera seja, voltará à mesma
insignificância logo após o período eleitoral.
Hoje,
as pessoas não foram às ruas rejeitar uma pessoa, mas algumas
ideias que pareciam já ter sido ultrapassadas pela inteligência
humana.
Hoje,
as pessoas disseram não à homofobia. Não ao racismo. Não à
misoginia. Não à prevalência dos interesses financeiros sobre as
necessidades mais básicas das pessoas.
Há,
entretanto, um não mais contundente que foi gritado hoje pelas
multidões: um sonoro não à tentativa de resolver discordâncias
sociais pelo uso da violência com abuso do direito.
A
violência já foi testada e reprovada em diversas experiências
históricas. As grandes guerras, o nazismo, o fascismo, os comunismos
soviético e chinês, a luta pelo sufrágio feminino, pelos direitos
civis dos negros e outros. Em todos esses momentos o Estado lançou
mão da violência como solução miraculosa de supostos graves
problemas. Em todos eles, a violência não somente nada solucionou
como, pelo contrário, causou danos ainda maiores.
O
“não” dito hoje pela população em alto e bom som representa
também, a contrario sensu, um estrondoso “sim”. Sim ao respeito
pelos princípios democráticos que orientam a nossa Constituição e
que vêm sendo violentados pelas instituições públicas e privadas.
Sim
ao direito dos eleitores de verem atendidas as políticas públicas
que escolheram no voto.
E,
principalmente, sim ao espírito de humanidade e altruísmo social
que deve pautar as ações individuais com repercussões públicas.
O povo, hoje, principalmente as mulheres, disseram um rimbombante
“não” ao egoísmo.
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