publicado
no WhatsApp em 27/09/2018, por Marcio Valley
Vale
a pena acreditar no ideal de justiça, mesmo quando impossível crer
na lei produzida e interpretada para o deleite dos poderosos, pois é
ele que torna coletivas, contra abusos de poder, as vontades
individuais.
Vale
a pena acreditar no espírito da humanidade, ainda que se discorde do
caráter dos seres humanos que a comandam, uma vez que ele é o
criador do altruísmo que agrega e do amor que constrói.
Vale
a pena acreditar na inteligência, soterrada intencionalmente que
esteja pela indigência intelectual generalizada, posto que, sem ela,
a vida não seria contemplativa, senão mera sobrevivência.
Vale
a pena acreditar na dignidade do próximo, inclusive para aqueles que
o sistema decide arbitrariamente que são criminosos ou empurra em
direção ao que tipifica como delito; do contrário, cada um seria
digno apenas para si mesmo, perdendo sentido a existência social.
Vale
a pena acreditar que as diferenças entre os humanos produz valiosa
riqueza cultural, pois o contrário disso, no extremo, seria admitir
que melhor é a uniformidade dos insetos.
Vale
a pena acreditar na utopia civilizatória, vivenciando, diuturnamente
que seja, a barbárie social caracterizada pela desigualdade extrema
de riqueza e de cultura, pois, se há um sentido de bem e de bondade,
ele não admite seres humanos que buscam seu alimento nas lixeiras
dos abastados.
Vale
a pena acreditar na racionalidade, ainda que sofrendo o caos diário
engendrado pela irracionalidade humana, uma vez que é a razão,
temperada pela emoção, que nos qualifica como seres pensantes.
Vale
a pena acreditar na bondade, mesmo sendo testemunha do que é capaz a
maldade de poucos, posto que, se de um lado é o bem que irradia amor
e amizade entre as pessoas, do outro não se verifica exemplo de ação
má que tenha engendrado algo bom.
Vale
a pena acreditar que o império do mal decorre, não do árduo
trabalho da maldade de poucos, mas em vista da fácil omissão dos
muitos que são bondosos, sendo certo que um somente domina milhares
quando, dentre estes milhares, existem uns poucos que se identificam
com o mal e muitos temerosos ou ingênuos.
Vale
a pena acreditar no direito de escolher, alijados que sejamos da
produção do cardápio das opções, uma vez que não escolher de
jeito nenhum é como estar morto em vida.
Vale
a pena acreditar numa rarefeita democracia, mais do que optar por uma
sólida ditadura, uma vez que escolher não escolher é, ao mesmo
tempo, paradoxo, contrassenso e egoísmo.
Vale
a pena acreditar na política, único contraponto civilizado ao
sangue do sectarismo cego que adviria do confronto entre facções de
pensamento distinto sempre que uma escolha difícil precisasse ser
feita.
Vale
a pena acreditar que, de conquista em conquista, construiremos um
mundo melhor, pois pensar diferente disso é crer que estamos nos
precipitando no inferno.
Vale a pena acreditar em acreditar,
pois, se creio, existo e existo melhor.
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