Viver,
apenas, não dá conta de explicar a vida.
A
vida, como ente real, verdadeiro, transcendente, não se explica pela
mera possibilidade de respirar, nutrir-se e reproduzir-se.
Vida,
de fato, é sentir, é experimentar, é compartilhar, é admirar
coisas e pessoas que estão no mesmo mundo e no mesmo tempo que nós.
Vida
é amar, é zangar, é rir, é chorar.
Vida
é dar felicidade ao outro, sim, mas é também correr o risco de
entristecer, porque a vida envolve e é, ela própria, o
imponderável.
De
quer serve a atividade física que busca garantir apenas uma longa e
saudável solidão? De que serve toda cultura e toda erudição se
não servem à construção de uma base de sabedoria fundada na
tolerância e na pluralidade? De que serve imensa riqueza se não
para encontrar eco no altruísmo?
Uma
vida na opulência, saudável e asséptica, isolada do mundo real,
desconectada das pessoas, de modo nenhum difere da morte se pensada
como o desligamento supremo das coisas mundanas.
A
morte um dia chegará, por que a pressa?
A
vida real, a vida como deve ser, não envolve distanciamento e
solidão, mas proximidade e comunhão.
Vida
pressupõe tocar, cheirar, ouvir, saborear e admirar o máximo de
coisas e de pessoas que se queira e que se possa, porque essa talvez
seja a única oportunidade que se tenha.
A
morte é inevitável, certa. A vida, nem sempre.
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