sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Vida

Viver, apenas, não dá conta de explicar a vida.
A vida, como ente real, verdadeiro, transcendente, não se explica pela mera possibilidade de respirar, nutrir-se e reproduzir-se.
Vida, de fato, é sentir, é experimentar, é compartilhar, é admirar coisas e pessoas que estão no mesmo mundo e no mesmo tempo que nós.
Vida é amar, é zangar, é rir, é chorar.
Vida é dar felicidade ao outro, sim, mas é também correr o risco de entristecer, porque a vida envolve e é, ela própria, o imponderável.
De quer serve a atividade física que busca garantir apenas uma longa e saudável solidão? De que serve toda cultura e toda erudição se não servem à construção de uma base de sabedoria fundada na tolerância e na pluralidade? De que serve imensa riqueza se não para encontrar eco no altruísmo?
Uma vida na opulência, saudável e asséptica, isolada do mundo real, desconectada das pessoas, de modo nenhum difere da morte se pensada como o desligamento supremo das coisas mundanas.
A morte um dia chegará, por que a pressa?
A vida real, a vida como deve ser, não envolve distanciamento e solidão, mas proximidade e comunhão.
Vida pressupõe tocar, cheirar, ouvir, saborear e admirar o máximo de coisas e de pessoas que se queira e que se possa, porque essa talvez seja a única oportunidade que se tenha.
A morte é inevitável, certa. A vida, nem sempre.

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