segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

Putin atirou no próprio pé?

 

No artigo "Putin será derrotado", Aldo Fornazieri, professor da Escola de Sociologia e Política (Fespsp), defende a tese, em resumo, de que, ao invadir a Ucrânia e desestabilizar a região, Putin contribui dá um tiro no próprio pé, pois fortalece a OTAN por reforçar o argumento de sua necessidade.

Como análise do "dever ser", perfeita a crítica do Aldo às ações russas na Ucrânia. Como entendimento do "é", apresenta-se um tanto poliana.

Não se sabe por quanto tempo os EUA conseguirão dar sobrevida à sua economia, mas dificilmente passará uma ou duas décadas até que desmorone por completo.

sábado, 26 de fevereiro de 2022

Putin abusou?

 

O lead do artigo "A guerra da Ucrânia, a mídia e os heróis e vilões da Marvel", do jornalista Luis Nassif, publicado no jornal GGN, é o seguinte:

"Com essa preparação, é possível que se chegue ao final da linha concluindo que Putin, de fato, abusou, quando ordenou a invasão.

Mas se sairá desse padrão de tratar o comandante de um dos países mais poderosos do planeta, como um mero descontrolado de boteco".

O grande "xis" da questão colocada por Nassif se desdobra no seguinte: teria mesmo Putin abusado geopoliticamente ao ordenar a invasão da Ucrânia? Havia outros meios de enfrentar o poder que se quer hegemônico dos EUA?

Ambas as respostas, segundo creio, passam pela negativa e explico.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2022

A elite empresária: razão e insensibilidade

 

Esqueça-se a responsabilidade social e política da mídia, o compromisso com fatos e valores democráticos, e fixemo-nos apenas no vetor negócios”.

O jornalista Luís Nassif invoca a reflexão acima no artigo “A Lava Jato e o desmonte da credibilidade da mídia”, publicado no jornal GGN. Nele, aborda-se a questão da perda, pela grande mídia, em meros quatro anos, de quase 70% dos leitores, agudizando um fato que já vinha antes, de modo mais lento, se desenvolvendo consistentemente. Segundo a inteligência da matéria, o súbito incremento da velocidade da queda se explicaria, com alto grau de certeza, pelo alinhamento acrítico e, portanto, dolosamente irresponsável, dos “jornalões” às ações ilícitas cometidas pela operação lava jato. A partir daí, a debandada dos leitores tornou-se uma avalanche montanha de credibilidade abaixo.

O presente texto objetiva responder à provocação de Nassif, ou seja, refletir sobre as motivações subjacentes de alguns poderosos empresários brasileiros que parecem gastar mais energia com questões políticas menores (pois nada há mais importante e emergente do que combater a miséria, a fome e, principalmente nesse momento histórico, fornecer saúde pública em quantidade e qualidade) do que com o sucesso dos próprios negócios. Embora Nassif tenha mirado nos donos da grande mídia, porque, claro, são os que mais se expõem justamente em função da atividade que desenvolvem, o mesmo espanto reflexivo, porém, deve ser direcionado aos demais membros da elite empresária brasileira, nossos bilionários, pois praticam ações similares com idênticos móveis subjacentes. É espantoso verificar que, embora reconhecendo o inegável direito da elite empresária possuir posicionamento político explícito, muitas gestores demonstram despreocupação com o dever de zelo pelo próprio empreendimento e, conforme o caso, pelo compromisso que tem com os acionistas na obtenção de lucro. Em lugar de guardar um distanciamento seguro dos posicionamentos políticos de alta controvérsia, emanados das diversas cores do espectro político, social e partidário, dos cidadãos, atiram-se de cabeça na guerra política, assumindo alinhamentos que se opõem, não somente ao pensamento, mas a interesses e necessidades de milhões e milhões de brasileiros e brasileiras, de todas as etnias, gêneros, credos e inclinações. Agindo assim, correm o risco de contrariar o principal objetivo empresarial, a razão de ser do próprio negócio, que é arregimentar o maior número possível de clientes. Alguns já foram alvos de boicotes explícitos dos consumidores.