Em artigo publicado em setembro de 2017, aqui, produzi uma breve análise sobre o posicionamento de um certo político do cenário nacional. Supus firmemente que nunca mais retornaria ao tema, inclusive por não desejar bater palmas para o maluco dançar. Contudo, as circunstâncias assim exigem; poucas vezes somos senhores dos nossos destinos. Naquele texto, tratei de Ciro Gomes e suas então recentes declarações antipetistas e anti-Lula. Na ocasião, refutei suas afirmações e afirmei não ser possível classificar Ciro “como um jumento político, um ignorante que tateia aleatoriamente no escuro das possibilidades eleitorais”. Sustentei que, pelo contrário, tratava-se de “um político experiente que não desconhece que, em política, somente os tolos jogam para o tudo ou o nada. Esse é um dilema ético, sem dúvida, mas que é imposto pela realidade inescapável e não pela vontade individual”. Ante tal conclusão, indaguei o que teria levado Ciro a abdicar de quase um terço do eleitorado nacional. A conclusão a que cheguei na época foi a de que as declarações narcísicas decorriam de pura hipocrisia oportunista provocada por desespero. Seu sofrimento íntimo provinha, continuei, da sede de poder que parece ter sempre orientado cada passo seu, além da percepção de que o seu tempo estava passando sem a abertura de uma janela política favorável.
Passados três anos e sete meses desde a publicação do texto, indaga-se: houve mudança de comportamento por parte dele nesse tempo? A resposta, infelizmente, é não. Ao contrário disso, o quadro de egolatria e narcisismo somente se agravou. O delírio chegou ao ponto dele supor que lhe competia enviar condolências à rainha da Inglaterra por ocasião do falecimento do marido. Sem medo algum do ridículo, ainda fez propaganda disso nas redes sociais! Pouco provável que a missiva sequer tenha ultrapassado os limites das dependências do camareiro real. Porém, se assim foi e chegou às mãos da rainha, é possível imaginar Sua Majestade, sentada no trono da Inglaterra, com toda pompa e circunstância, levantando o pincenê do nariz real e, com a cara de nojo típica da nobreza, indagando ao secretário: “Who the fuck is Ciro Gomes”?