quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Playboys antipetistas atacam o inatacável Chico Buarque


Chegamos a esse ponto: um bando de riquinhos idiotas antipetistas bêbados pensa ser capaz de competir em termos de intelectualidade com ninguém menos que Chico Buarque. Não bastasse isso, acham que possuem o direito de ofendê-lo por sua inclinação política. Antes, já haviam agido assim com Guido Mantega, com Haddad, com Gregório Duvivier e tantos outros, até um cadeirante petista foi agredido pela intolerância política.
É sempre assim: membros da Ku Klux Klan se sentiam superiores aos negros e portanto consideravam um ato de justiça divina espetar cruzes flamejantes nos quintais das casas de negros, violentá-los e matá-los. Nazistas arianos julgavam-se integrantes de uma etnia melhor do que a dos judeus, sentindo-se livres para persegui-los, colocá-los em guetos, aprisioná-los em campos de concentração e dizimá-los em câmaras de gás.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

O lado acertado de uma profecia ridícula ou sobre golpes e golpistas: Merval, Temer, Cunha e Gilmar


Merval Pereira, com seu artigo Merval Pereira, com seu artigo "Caminho Livre", caiu no ridículo pela profecia totalmente equivocada quanto ao resultado do julgamento do STF sobre a manobra de Cunha na Câmara para prejudicar a Dilma no processo de impeachment.
Animado com o voto de Fachin e, provavelmente, insuflado pelo Gilmar Mendes, de quem é amigo, Merval imaginou que o rito adotado por Cunha seria aprovado no STF de forma quase unânime. Deu no que deu.

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

O impeachment passará, Dilma perderá a presidência


Michel Temer enviou “carta confidencial” à presidenta Dilma pretensamente para esclarecer como se comportará em relação ao pedido de impeachment. Após várias linhas de lamúrias infantis e ralas, ele informa, em uma singela frase, o que fará: permanecerá em silêncio obsequioso, com o objetivo de alcançar unidade partidária dentro do PMDB.
Em outras palavras: “Sra. Presidenta Dilma, participarei do golpe e tentarei tomar o poder”.
A carta é histórica. Pela primeira vez uma pessoa pública de importância significativa no cenário político brasileiro tem a coragem de expor publicamente as próprias entranhas fisiológicas ao povo.
Michel Temer, completamente despreocupado com a explicitação de seu caráter, relata à Dilma uma série de frustrações vaidosas e ególatras

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Lava Jato poderia ser uma ótima operação, mas não é




A Lava Jato poderia ser uma ótima operação, mas não é.
Não tenho dúvida alguma de que crimes ocorreram e ainda ocorrem na política brasileira, antes e após o ingresso do PT no governo federal. Tampouco tenho dúvida alguma de que, infelizmente, continuarão a existir após a saída do PT.
É evidente que esses criminosos, sempre que possível, devem ir para a cadeia. Qualquer pessoa minimamente honesta assim deseja.
Não é por apologia à corrupção que defendo o governo e critico a Lava-Jato, mas por verificar que essa operações se degenerou, transformando-se num mecanismo antidemocrático de oposição ao governo. Praticamente todos os ilícitos praticados por pessoas públicas da oposição estão sendo acobertados. De que forma isso pode ser classificado como combate honesto à corrupção?

domingo, 29 de novembro de 2015

Lava Jato possui apenas a aparência do bom direito

Enquanto nossa imprensa não vê problema algum nos procedimentos de nossos juízes heróis e estrelas, como Joaquim Barbosa e Sérgio Moro, a imprensa estrangeira lança sobre eles um outro olhar, como demonstra o jornal The Sunday Times, cujo link forneço abaixo.
Outro dia, foram os alemães e os espanhóis. Agora, são os juristas ingleses a acusar a Lava Jato de ferir princípios constitucionais do Brasil. Falam sobre coisas que estranhamos, coisas sofisticadas que integram o cotidiano de países mais avançados civilizatoriamente. Coisas como direitos humanos, defesa irrestrita dos direitos e garantias individuais, devido processo legal, ampla defesa e vedação incondicional de provas obtidas por meios ilícitos. Claro, eles não entendem nada de Direito, não é mesmo?

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Fernando Gabeira: a melancólica capitulação de um ex-rebelde



Era o segundo semestre de 1986. Tinha acabado de ingressar na Faculdade de Direito. A vida, e suas vicissitudes, forçaram-me iniciar a faculdade com uma idade em que muitos a completam. Tinha 23 anos e meio, completaria 24 em dezembro.
Durante o segundo grau, terminado quase quatro anos antes, fui ativista estudantil febril e entrei na faculdade com muito do gás político adquirido quando secundarista.
O início da faculdade coincidira com a eleição para governador do estado. A disputa tinha dois fortes concorrentes: Moreira Franco, pelo PMDB, e Darcy Ribeiro, pelo PDT. Correndo por fora, com chances quase nulas, estava o meu candidato, Fernando Gabeira, pelo PT.

domingo, 25 de outubro de 2015

Estados Unidos da América: por trás dos golpes, as garras da águia



John Adams foi o primeiro vice-presidente dos Estados Unidos, tendo George Washington como presidente, e seu segundo presidente, governando no período de 1797 a 1801. Iluminista e republicano, está inserido num contexto histórico que representa o início do fim de uma longa tradição, cujo berço é Grécia clássica e seu filho dileto é o senado romano, na qual o pensamento filosófico e a arte da oratória ainda eram fortes na política. Tempos nos quais não havia esperança para um candidato a político alienado da razão, das verdades e das condições históricas de sua própria época, como hoje parece ser apanágio necessário de parcela considerável dos políticos brasileiros.
Adams disse uma obviedade que, proferida pela boca de um pensador que experimentou o poder, ganha densidade: “Existem duas maneiras de conquistar e escravizar uma nação. Uma é pela espada, a outra

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Escândalo do Divinão: Gilmar Mendes acusa Lula de pedir interferência de Deus no julgamento de Dilma pelo TSE



A revista Veja dessa semana traz novo escândalo envolvendo o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, e o ex-presidente da república Luiz Inácio Lula da Silva.
Através de entrevista concedida com exclusividade absoluta para a revista Veja, o ministro Gilmar Mendes formula novas acusações contra o ex-presidente da república Luiz Inácio Lula da Silva, de interferência indevida no julgamento da impugnação da eleição da presidente Dilma Roussef, pelo TSE.
Acusado no passado, pelo próprio ministro Gilmar Mendes, de solicitar o adiamento do julgamento do mensalão para após as eleições, sob a promessa de ajudar o ministro a livrar-se da acusação de ter viajado à Europa por conta do bicheiro Carlinhos Cachoeira, Lula agora é acusado de continuar a envidar esforços para manipular o calendário do julgamento da campanha de Dilma pelo TSE, utilizando, para tanto, não somente todas as suas forças políticas, mas também poderes além de qualquer compreensão humana.

terça-feira, 20 de outubro de 2015

Coisas, marcas e pessoas



Morre a atriz Yoná Magalhães, aos oitenta anos.
Não posso me afirmar um grande fã de sua carreira, que na verdade conheço pouco, mais dos tempos de criança, quando ainda assitia novelas em função do apreço dos meus pais por esse tipo de entretenimento. Naquele tempo as casas em geral somente tinham uma televisão, o que já era um luxo para poucos. Então, não havia escolha, quando o pai chegava a gente assistia o que ele queria. 
Contudo, o sentimento de perda é real, pois o nome da Yoná é um dos muitos que

domingo, 18 de outubro de 2015

Eleição de 2018: atenção ao legislativo



O comentarista Weden, em texto de sua autoria publicado no blog do Luis Nassif, ancorado no portal de notícias GGN, cujo link forneço ao final, fala sobre o imenso capital político de Lula, sustentando que talvez não seja na presidência que ele poderá dar sua melhor contribuição em favor do país. Na opinião de Weden, numa conjuntura política em que se tem um legislativo reacionário e a necessidade de um presidencialismo de coalisão para obtenção governabilidade, o presidente eleito, qualquer que seja, se torna apenas um sócio do poder e, às vezes, nem isso.
Weden nos chama a atenção para um fato: “Hoje as esquerdas estão reduzidas a 1/6 do Congresso. Com isso, direitos de cidadania e trabalhistas estão correndo sérios riscos. E outros tantos que precisam ser conquistados estão infelizmente adiados.”
Constatada essa realidade política, Weden sugere que “Lula poderia ser um inestimável puxador de votos para as esquerdas na próxima legislatura.”
Absolutamente perfeita a lógica do Weden.
De fato, talvez a melhor estratégia política a ser adotada pelo PT para as eleições de 2018 fosse colocar a eleição presidencial em segundo plano, um objetivo secundário.

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Delfim Netto e o capitalismo inovador


Bastante interessante esse pequeno artigo de Delfim Netto, publicado no Portal GGN e cujo link disponibilizo aqui, sobre as condições sociológicas históricas que dão azo à formação do capitalismo. Destaco a parte em que ele pontifica que o capitalismo é apenas um momento no processo histórico, não podendo ser classificado, nem como natural, nem como eterno. Que ótimo que isso seja dito por um intelectual conservador, não é mesmo? Delfim corrobora o que costumo dizer: a honestidade intelectual dá sabor e veracidade à palavra, escrita ou falada, que, assim, clama por ser consumida. Nada mais detestável do que um texto sofista e tendencioso.
Tendo a concordar com Delfim com relação ao que Marx pensaria sobre o capitalismo atual, que provavelmente o entusiasmaria, embora mantendo a crítica da imoralidade e da injustiça que o permeia.

terça-feira, 13 de outubro de 2015

A faxineira e o delegado



Imagine a seguinte situação absolutamente hipotética: você chega na sua mesa de trabalho e descobre que um colega comeu um bombom de sua caixa. O que você faria?
Se você for uma pessoa equilibrada e altruísta, você terá colocado a caixa de bombons à vista justamente porque queria que os colegas os consumissem.
Se você for só equilibrado, mas não altruísta, sorrirá pela sapequice do colega, mas não ficará demasiadamente aborrecido.
Se for um pouco exigente demais, irá no máximo considerar que houve um certo abuso e ficar chateado.
Se for um ranzinza cricri, irá se queixar diretamente com o colega.
Se além de ranzinza, for egoísta, irá se queixar ao chefe e pedir que ele admoeste o colega de trabalho.
Se for um celerado, um ególatra ou um completo retardado mental, você irá a uma delegacia policial registrar queixa pelo crime de furto.

sábado, 10 de outubro de 2015

A república dos parvos ou Por que a crise política não acaba?


Por que a crise política se eterniza, por que não acaba?
É a pergunta que me tenho feito insistentemente ante a percepção de que o Brasil, ao contrário do que tentam fazer crer, não se encontra em situação econômica pior do que a que já esteve na maior parte de sua história. Só acredita nisso quem tem menos de cinquenta anos e não vivenciou a crise que parecia infindável e que durou do início da década de 1960 até o final da década de 1990, portanto por cerca de quarenta anos. Até quando contava cerca de quarenta anos de idade, cheguei a acreditar que jamais viveria num país com uma certa estabilidade financeira e com uma boa oferta de trabalho e renda para sua população. Afinal, sou do tempo em que, praticamente em todas as ruas do Centro do Rio de Janeiro, da porta de cada prédio jorrava, como uma enorme língua, imensa fila de pessoas candidatando-se a uma mísera vaga de emprego. Fui parte dessas línguas em várias oportunidades e arrepiava-me a ideia de ter que retornar à saliva de uma delas.
É inegável a enorme contribuição de Itamar Franco, que tomou a si a responsabilidade de introduzir o Plano Real, e de Fernando Henrique Cardoso, que continuou a administração do plano após a saída de Itamar.

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

O pitbull desempregado




E eis que Rodrigo Constantino, blogueiro ancorado na revista Veja, foi demitido.
Em seu último "artigo", diz que o PT o torna uma pessoa pior. Pior do que quem, cara-pálida? Duvido muito.
Os comentaristas e admiradores do seu blog (reproduzindo a fala do MM, eles existem) lamentam e não duvidam de que, logo em breve, ele estará contratado por alguma empresa interessada em seus "milhões de leitores"? Como assim, "milhões", onde? Nos EUA? Na Inglaterra? No Canadá? Claro que, no Brasil, nem pensar.

A sopa está quase fervendo

O clima político está tenso, muito tenso, mas não se preocupem... pode piorar e provavelmente irá piorar.
O diálogo já está praticamente impossível, o afastamento acaba se impondo. Estamos nos atomizando, as festas estão mais vazias.
O problema é que, em se tratando de várias vozes distintas falando ao mesmo tempo e sem que um ouça o outro, de um povo restrito a um único território que não querem dividir com a divergência, o resultado inevitável, como pontifica Leandro Karnal, é a guerra civil, o último modo de resolução interna dos conflitos políticos da sociedade.
Como se inicia uma guerra civil?
Guerra civil é o câncer de uma sociedade, seu início é imperceptível. Se desenvolve enquanto o mundo continua girando, o sol e a lua continuam os mesmos astros iluminando nossas cabeças, os mercados abrem regularmente e ainda nos proporcionam comprar o nosso pão de cada dia.

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

O deputado e o motorista


Lamentável a violência ocorrida no episódio no qual o deputado Takayama (PSC-PR), de 67 anos, acabou levando um soco do motorista do senador Delcídio do Amaral (PT-MS) nas vias de acesso ao Congresso Nacional.
Não é possível defender ou justificar qualquer violência, muito menos quando verificada a desproporcionalidade física entre os envolvidos. O deputado, afinal, é um idoso.
Porém, as imagens captadas pelo sistema de segurança da Polícia Legislativa do Congresso são inquestionáveis. Os vídeos, que foram divulgados, claramente comprovam que: (a) não houve manobra de risco acentuado por parte do motorista quando dirigindo; (b) o deputado inicia a agressão ao desferir um tapa ou um soco no motorista, que somente então revida.
Além disso, aparentemente as lesões derivaram mais da forma com que se deu a queda do deputado, do que propriamente do soco que recebeu.

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

O limite do possível político


Exagera quem considera que está ocorrendo uma grande derrota das forças progressistas brasileiras por culpa das dificuldades do PT em se manter coerente ao seu projeto utópico original.
As conquistas do PT no governo federal não se resumem ao aumento do consumo, proporcionado pelo inegável incremento da renda. Longe disso...
Primeiro, é preciso deixar claro que esse aumento de consumo não pode ser confundido com o consumismo da classe média e da classe rica, superficial e fútil. Trata-se de consumo de bens de primeira necessidade, como alimentos. Assim, trata-se, no fundo, de melhoria na condição alimentar da população pobre, notadamente entre as crianças, o que implica melhora na saúde geral dessa população.

sábado, 26 de setembro de 2015

Os cavaleiros do apocalipchment

Após o fim do ciclo militar, com Sarney assumindo a Presidência às pressas, em substituição ao falecido Tancredo Neves, o país ingressou num longo e tedioso período de calmaria política, somente interrompido em situações episódicas, como a dos caras-pintadas que exigiam a saída de Fernando Collor da presidência.
Não se discutia política no Brasil. O churrasco era regado a cerveja e conversas sobre futebol, carnaval e mulheres. As queixas eram genéricas, as de sempre: péssima educação pública, péssima saúde pública, péssima segurança pública e por aí vai. São queixas com as quais o brasileiro se encontra acostumado, afinal, o serviço público é ruim no Brasil desde Cabral. Ninguém, porém, brigava com o amigo por conta do presidente que ele escolheu. No máximo, uma piada sobre o mau-gosto e nada mais.
E outra coisa: como pouco ou nada se discutia de política numa era de pouco fluxo de troca de informações interpessoais, quase nada sabíamos de fato sobre o que as pessoas à nossa volta, amigos e familiares, realmente pensavam sobre política.

terça-feira, 15 de setembro de 2015

Consumismo, exacerbação do individualismo e estado social



Alguns pensadores afirmam que a evolução do ser humano, em sua dimensões individual e coletiva, ocorreria segundo as etapas da prevalência do direito de propriedade, passando à primazia do direito político e finalmente desaguando no estágio final da formação do estado democrático em sua expressão mais pura, a do estado social.
O ser humano, por natureza e por pressão evolutiva, é socialista, dado que coloca, ainda que de forma inconsciente ou semi-consciente, a condição pessoal do próximo como elemento comparativo de avaliação da própria realização pessoal e felicidade individual. Isso vale para todos, pobres e ricos. Ricos somente deixam de atuar como socialistas em relação a quem considera inferior, movidos pelo princípio de egoísmo que os induz a proteger a própria riqueza, Nunca, porém, deixam de perseguir a igualdade com os superiores, os mais ricos do que eles. Seriam uma espécie de socialistas na riqueza. O móvel, porém, é idêntico.

domingo, 5 de abril de 2015

Mundo selvagem


O animal selvagem, tremendamente forte e robusto, rosna com insatisfação ao perceber um outro de sua espécie, abatido e esquálido, se aproximando da carcaça. A carcaça é três vezes maior do que o animal selvagem robusto, mas ele não deseja dividi-la. Nesse momento, o instinto de sobrevivência grita forte no espírito indomado. Não é possível à fera perceber a possibilidade de solidariedade. Seu lado irracional é mais forte e seus filhotes esperam por um pedaço daquela carne semi-putrefata.
O animal mais esquálido para à certa distância. Avalia a situação. Teme uma reação da robusta besta que está se alimentando. Está muito fraco, não pode se dar ao luxo de um combate. Nota que a carcaça é imensa, poderia alimentar um bando inteiro. Verifica que a fera está se alimentando por um dos lados da carcaça. Imagina que, se chegar pelo outro lado, não irá incomodar. Talvez nem seja notado. Sabe que terá que tentar, pois seu corpo não resistirá à fome por mais um dia. Resolve prosseguir. Irá abocanhar um pedacinho de carne e sair correndo. Não fará falta naquela imensa carcaça e quem sabe a fera perceba que não vai valer a pena uma luta por um naco tão pequeno da carne.

segunda-feira, 23 de março de 2015

O capitalismo e os mortos de fome II

Críticos do socialismo costumam afirmar, como uma das mais fortes razões para o repúdio, que o socialismo real, aquele materializado principalmente nas experiências soviética e chinesa, normalmente é fundado em governos aristocráticos e no culto à personalidade, acabando por redundar num totalitarismo sanguinário, que mata milhões de pessoas para a manutenção do poder.
Não há dúvida quanto ao horror soviético. Stalin, sozinho, chacinou nove milhões de cidadãos russos. Tampouco cabe negar o maléfico comunismo chinês, com Mao Tsé Tung sendo responsável pela morte de setenta milhões de pessoas. De fato, ambos os regimes foram totalitaristas, marcado por cidadãos instados ao dever da vigilância recíproca e patrulhamento ideológico de uns em relação aos outros, causadora de intensa paranoia social, porém com o efeito de manter todos no direcionamento pretendido pelos camaradas governantes. Nessa situação, o sentido de pertencimento à comunidade se esvai,

quinta-feira, 19 de março de 2015

Os trezentos picaretas de Lula se tornaram os quatrocentos achacadores de Cid Gomes


Em 1993, Lula disse que existiam 300 picaretas no Congresso Nacional.
De lá para cá, alguma coisa mudou: hoje são 400 achacadores.
Isso é o que falou Cid Gomes, na condição de Ministro da Educação, em discurso para o plenário da Câmara dos Deputados, reafirmando, em tom enérgico, a declaração que fizera no sentido de que certos políticos são achacadores e buscam fragilizar o governo para assim obter vantagens, o famoso “criar dificuldades para vender facilidades”. Eduardo Cunha, presidente da Câmara, reagiu e desligou o microfone do ministro.
Tenho dúvidas sobre se, em algum momento da história do Congresso Nacional, algum ministro de Estado tenha ido, nessa condição, ao plenário da Câmara dos Deputados para desancá-lo.
É um retrato desse momento que vivenciamos, um período de muito nervosismo na sociedade brasileira no aspecto da discussão política. Os ânimos estão exaltados. Grande parte da população defende o governo, uma outra parte, de igual importância e relevo, odeia o PT e o resultado disso é que estão se tornando comuns os embates enraivecidos entre críticos e defensores.

segunda-feira, 16 de março de 2015

É hora de Gilmar Mendes devolver o processo


Passadas as marchas pró e contra o governo, é hora de nós, brasileiros e brasileiras, nos juntarmos para, sem coloração partidária, sem ressentimentos e sem rivalidades mesquinhas, promovermos ações políticas coletivas que estejam acima de qualquer suspeita de ambos os lados.
Tanto nas passeatas do dia 13, como nas do dia 15, era imenso o número de pessoas portando cartazes e faixas contra a corrupção. Trata-se, pois, de uma agenda política de todos os brasileiros. Que tal representantes de ambos os lados da disputa política, como, por exemplo, Lobão e Stédile ou FHC e Lula, demonstrarem que não se limitam à retórica emocional dos palanques? Que estão dispostos a abraçar uma causa objetiva e concreta que possui amplas possibilidades de produzir algum efeito positivo em nossa política?
A partir dessa repugnância à corrupção demonstrada por todos e dadas as informações que são reveladas a partir da Operação Lava-Jato, a primeira dessas ações concretas que merece ser abraçada parece ser o financiamento privado das campanhas políticas.

domingo, 15 de março de 2015

O ordinário se presume


Uma pessoa me acusa de ser paranoico e inventor de teorias da conspiração, por conta da advertência que fiz da possibilidade de uso, por parte da oposição ao governo, da tática de bandeira falsa, ou seja, colocação de pessoas travestidas de petistas para provocar desordem nas passeatas de hoje, 15/03.
De fato, pode existir paranoia do meu lado, se esse for um novo nome para cautela (se informem sobre os sequestradores do empresário Abílio Diniz e as camisas do PT que usavam). Afinal, já diz o ditado de sabedoria popular que gato escaldado tem medo de água fria.
Há, contudo, mais, muito mais, ingenuidade do outro lado, pessoas para quem recomendo que busquem informações na rede sobre como atuam, na geopolítica mundial, os chamados "assassinos econômicos".

sexta-feira, 13 de março de 2015

Sucesso nas manifestações pró-governo. Agora é esperar o dia 15.

As manifestações de hoje (13/03), a favor da Petrobras, pela reforma política e contra o desvario do impeachment foram bem sucedidas. Nas 22 capitais em que foram realizadas, foi considerável o afluxo de manifestantes. Milhares de cidadãos atenderam ao chamado da CUT.

Um mar vermelho tomou conta das capitais. Vermelho da CUT, mas também do PT. Incontáveis cartazes defendiam a Presidente Dilma. Outros tantos exigiam uma reforma política decente.

Nem a chuva pesada desanimou os manifestantes. A Avenida Paulista foi totalmente tomada pelos manifestantes, molhados da cabeça aos pés. Pela energia que demonstraram, se a avenida fosse alagada eles provavelmente teriam continuado a se manifestar, a nado.

A grande imprensa, sem condições de simplesmente ignorar o fato, dada sua proporção, prodigalizou nas tentativas de reduzir o tamanho do evento. Imagens gravadas no período da manhã, quando as pessoas ainda estavam chegando, foram apresentadas como se fosse do momento, mais tarde, o que dava a falsa impressão de que a quantidade de manifestantes não era relevante. Em outros locais, os cinegrafistas davam preferência a focalizar pontos onde as pessoas estava mais esparsas, algumas vezes as escondendo atrás de uma árvore ou de um prédio.

quinta-feira, 12 de março de 2015

Afinal, "coxinha" é um palavrão?




Não há dúvida de que, em qualquer setor do conhecimento e da práxis humana, a polifonia sempre será saudável. Isso se aplica também, principalmente e não poderia ser diferente, à política, pois a existência de visões múltiplas sobre a melhor maneira de organizar a sociedade permite que a escolha recaia sobre aquela que se revele mais adequada.
Como diz o velho e sábio ditado, várias cabeças pensam melhor do que uma.
Esse processo, claro, envolve a discordância dos defensores do projeto perdedor. Tal oposição é normal e aceitável na democracia, desde que não extrapole o âmbito da razão e não ser arvore na pretensão de derrubar, por vias oblíquas, o que democraticamente foi decidido. A racionalidade é o caminho, sempre.

segunda-feira, 9 de março de 2015

A encruzilhada do futuro




O futuro nasce a partir do presente entendido como o ápice do passado, vale dizer, o arcabouço do futuro repousa sobre os alicerces do presente, construídos que foram no passado. A utilização das ferramentas históricas herdadas pelo presente constituem a causa necessária do futuro que se projeta como ideia, pois possibilitam iniciar a obra que, em potência, representa o futuro que concretamente poderá vir a ser experimentado pela civilização.
Enfim, para simplificar esse raciocínio que já está ficando tortuoso, não é possível pensar num futuro a partir do nada. Do nada, nada vem, a não ser no caso único e excepcional da criação divina. Fora essa possibilidade teológica, o futuro sempre emergirá de suas bases históricas, ainda que sob a forma de contradição.

sábado, 28 de fevereiro de 2015

O sistema político-econômico que se avizinha



Historicamente, nada é imutável e nada é insubstituível. Não fosse assim, a própria noção de história, entendida como a sucessão de eventos no tempo, seria seriamente comprometida e a previsão de Fukuyama não faria sentido algum. Por outro lado, em geral todas as mudanças são lentas e graduais, mantendo-se durante muito tempo pontos de intercessão entre os modelos antigo e moderno.
O feudalismo tornou-se um sistema inconveniente para os proprietários e foi substituído pelo capitalismo. Isso não ocorreu de um dia para o outro. Ao lado de empreendimentos realizados já sob o espírito do novo sistema econômico, muitos feudos persistiram durante décadas, talvez por mais de século, antes de sucumbir por completo. Na verdade, o modelo de grandes fazendas que persistiu até o final do século XIX e início do século XX, com seus escravos, não possui diferença de monta com a prática econômica do milênio anterior.

domingo, 22 de fevereiro de 2015

Armadilha conceitual


Encontro-me preso numa armadilha conceitual.
Se, por um lado, repudio a ideia de que seja saudável adequar-me perfeitamente às exigências de uma sociedade acerbamente doente, por outro não encontro fascínio no isolamento asceta do eremita.
O dilema que enfrento me leva a concluir que, embora a sociedade seja um conjunto de indivíduos, ela acaba por ser muito maior do que a soma de suas partes. O Leviatã é um ente cujo tamanho é superior ao que justificaria o número de células que lhe dá forma.
O valor de cada indivíduo não é somente menor no poder de influenciar a pletora de regramento coletivo que oprime de forma geral os demais indivíduos, mas igualmente menor no desejo de oprimir os desejos do próximo.

O inimigo comum imaginário criado pelo diabo que não existe


Charge de Ivan Cabral
Há uma máxima, atribuída ao poeta francês Charles Baudelaire, segundo a qual o maior truque realizado pelo diabo foi convencer a todos de sua própria inexistência. Grande esperteza. O diabo sabe que o povo estará pronto para adotar uma atitude passiva e se acomodar quando restar convencido de que determinado mal é fruto de lenda urbana, de teorias da conspiração ou da histeria de poucos. Nada como a inação popular para quem deseja o poder. Em terra de apáticos, o mal ativo será rei.
O diabo, porém, é ainda mais maligno. Não satisfeito em, num passe de alquimia, transmutar uma existência concreta, a sua própria, em delírio de poucos para, com isso, se tornar invisível, a liberdade da invisibilidade lhe proporciona realizar outra façanha alquímica extraordinária: metamorfosear uma inexistência, o éter, em medo coletivo palpável. Isso porque o diabo sabe que a melhor maneira de conquistar, manter e ampliar o seu poder é através da criação de um inimigo comum que, unindo o povo num propósito, direcione a energia coletiva para o objetivo desejado pelo mal.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

O contexto maior de Veríssimo

Ao final do texto, disponibilizado o link para o texto de Luis Fernando Veríssimo, originalmente publicado no jornal O Globo, mas reproduzido no site do GGN, que inspirou esse meu texto. Sempre vale a pena ler Veríssimo.
No texto, Veríssimo nos fala sobre a importância de analisar a situação política atual com uma visão de longo prazo ou, como ele denomina, sob uma perspectiva de "contexto maior".
Veríssimo, como sempre, um sábio. Curioso é alguém tentar desmerecer a erudição evidente dele. Talvez haja um quê de inveja nesse desdém. E, desde logo, é bom esclarecer que erudição e sapiência não estão relacionadas e que uma não é condição necessária da outra, mas Veríssimo detém ambas as qualidades.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Beija-Flor e o ditador: a vergonha de uma vitória


A República da Guiné Equatorial é um país localizado na porção centro-atlântica da África, com cerca de vinte e oito mil quilômetros quadrados, população de seiscentos mil habitantes e PIB de de quinze bilhões de dólares, ou seja, a área de Alagoas, com a população do Amapá e o PIB do Rio Grande do Norte.
Até pouco antes do ano 2000, a economia da Guiné era, basicamente, focada na exportação de cacau, café e madeira. A partir daí, ganhou relevo substancial a exploração de petróleo. Até 1778 era uma colônia portuguesa e, a partir daí, passou ao domínio espanhol, somente alcançando independência em 1968.
Alcançada a independência, a Guiné esteve, por dez anos, sob o comando do ditador Francisco Nguema, que é apontado como responsável por assassinar milhares de opositores.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Zizek e a importância da esquerda radical


Slavoj Zizek, em seu pequeno livro "Bem-vindo ao deserto do real", trata do confronto, ou do falso confronto, entre democracia liberal e fundamentalismo islâmico. Foi escrito a propósito do atentado às torres gêmeas, sendo, dessa forma, um tanto profético em relação aos recentes acontecimentos em Paris. Zizek é uma leitura difícil, não é para iniciantes, como eu. Tanto que, ao arrogantemente tentar ler um de seus livros mais densos, "A visão em paralaxe", a evidente ausência da bagagem necessária me fez desistir da empreitada, repondo o livro na estante à espera do imprescindível amadurecimento intelectual.