quinta-feira, 31 de maio de 2012

Amparo


Se um dia disse algo um tanto estranho, tranquilize-se.
Não tenho compromisso com verdade ou com mentira.
O verdadeiro comove-me tão pouco quanto o falso.
Somente levo a sério o coração.

Se percebo em você a angústia de ouvir aquilo que não acredito,
Sinceramente minto e digo, como espécie de conforto.
Pois te amo.

Se desconfio de sua urgência em um gesto meu
Difícil, mas não impossível, faço-o, por que não?
Por que negar o socorro que, não solicitado em sua boca,
Vislumbro aflitivo em seus olhos irrequietos?

Seria um mal a mentira que conforta e apazigua?
Será um bem a verdade crua e destrutiva?

Entre dois males, elejo o causador de pouco dano
Pois não há sentido em dar sustento a infinita tristeza
Que solapa o espírito e atormenta a razão
Somente pelo fugaz orgulho da sinceridade.

Não, é claro que não.
Então, mentirei sempre
Quando a verdade causar dano e a mentira, alegria.
Porque a nua e crua sinceridade, muitas vezes,

É apenas pouco sutil sinônimo de grosseria.

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