Se
um dia disse algo um tanto estranho, tranquilize-se.
Não
tenho compromisso com verdade ou com mentira.
O
verdadeiro comove-me tão pouco quanto o falso.
Somente
levo a sério o coração.
Se
percebo em você a angústia de ouvir aquilo que não acredito,
Sinceramente
minto e digo, como espécie de conforto.
Pois
te amo.
Se
desconfio de sua urgência em um gesto meu
Difícil,
mas não impossível, faço-o, por que não?
Por
que negar o socorro que, não solicitado em sua boca,
Vislumbro
aflitivo em seus olhos irrequietos?
Seria
um mal a mentira que conforta e apazigua?
Será
um bem a verdade crua e destrutiva?
Entre
dois males, elejo o causador de pouco dano
Pois
não há sentido em dar sustento a infinita tristeza
Que
solapa o espírito e atormenta a razão
Somente
pelo fugaz orgulho da sinceridade.
Não,
é claro que não.
Então,
mentirei sempre
Quando
a verdade causar dano e a mentira, alegria.
Porque
a nua e crua sinceridade, muitas vezes,
É
apenas pouco sutil sinônimo de grosseria.
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