terça-feira, 8 de maio de 2012

Cristovam Buarque e a tese do decrescimento


Cristovam Buarque, o senador da educação, defendeu a inovadora tese do decrescimento econômico.
Para quem nunca ouviu falar, trata-se de uma tese econômica segundo a qual o aumento constante do PIB dos países não é ambientalmente sustentável, de modo que, para entrarmos em equilíbrio com o ecossistema global, utilizando os recursos naturais de forma inteligente, a humanidade deve promover um gradual decrescimento de sua economia, e também de sua população total, até atingir um ponto - algo como o PIB da humanidade nos anos 1960 - em que fosse possível mantê-lo estabilizado para sempre.
Como não podia deixar de ser, o senador foi ridicularizado simplesmente por apresentar a ideia. Pobres almas, não sabem do que falam e o que os espera se não ouvir o que o senador tem a dizer.
São muitos os que defendem a ideia do decrescimento e o número aumenta cada vez mais.
Deve-se inicialmente destacar que crescimento econômico ou populacional e desenvolvimento humano são coisas distintas e, muitas vezes, inconciliáveis.
O desenvolvimento humano, entendido como aumento do grau civilizatório, da capacidade de raciocínio, uso da inteligência e, com essas ferramentas cognitivas, de aprimorar nossa condição de vida como seres vivos, trata-se de objetivo que não pode ver seu incremento cessado nunca. Sempre buscaremos nos aprimorar como seres humanos.
O conceito econômico de crescimento, entretanto, envolve o desejo pelo aumento populacional como resposta ao aumento da produção industrial. Ambos os aumentos, populacional e industrial, trazem subjacentes a si, um correspondente ataque às reservas da terra.
Por maior que nosso planeta seja (e nem é tanto assim), o fato é que suas riquezas naturais e o próprio espaço territorial disponível para utilização econômica do ser humano são bastante limitados. Sob esse ângulo, quem defende a tese do crescimento infinito, ou é insano, ou inconsequente, ou sequer parou para pensar sobre o assunto. Ah, claro, pode ser também um economista, que simplesmente adoram qualquer crescimento.
Não se pode perder de vista que o ser humano não é o único ser vivo que possui direito a um espaço nesse planeta. Sendo esse o enfoque, ao considerar a área necessária a um equilíbrio mínimo entre a nossa existência e a dos outros seres vivos, não há dúvida que o pedaço que nos cabe nesse latifúndio, nossa cota territorial, já foi ultrapassada.
Estamos invadindo o terreno do vizinho, os animais e as florestas.
Mesmo para os que estão se lixando para as demais espécies, pois existem pessoas assim em número bem mais elevado do que seria adequado, que se consideram seres superprivilegiados em relação aos demais, o fato é que, em breve, um século, com muita sorte dois, sequer teremos o espaço necessário, adequado, salutar, para uma existência digna de nossa espécie.
Os críticos podem ridicularizar Cristovam Buarque e todos os que defendem o decrescimento. Todavia, isso não mudará a circunstância de que o ser humano, um dia, se verá no mesmo dilema que viveram os habitantes da Ilha de Páscoa, que consumiram toda a riqueza natural da ilha ao custo da extinção de sua civilização, pois todos morreram em função desse delírio de grandeza.
Claro, pode-se argumentar que há um paliativo: não seremos nós a vivenciar o inferno, mas nossos netos ou bisnetos.

Então, tá...

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