Cristovam
Buarque, o senador da educação, defendeu a inovadora tese do
decrescimento econômico.
Para
quem nunca ouviu falar, trata-se de uma tese econômica segundo a
qual o aumento constante do PIB dos países não é ambientalmente
sustentável, de modo que, para entrarmos em equilíbrio com o
ecossistema global, utilizando os recursos naturais de forma
inteligente, a humanidade deve promover um gradual decrescimento de
sua economia, e também de sua população total, até atingir um
ponto - algo como o PIB da humanidade nos anos 1960 - em que fosse
possível mantê-lo estabilizado para sempre.
Como
não podia deixar de ser, o senador foi ridicularizado simplesmente
por apresentar a ideia. Pobres almas, não sabem do que falam e o que
os espera se não ouvir o que o senador tem a dizer.
São
muitos os que defendem a ideia do decrescimento e o número aumenta
cada vez mais.
Deve-se
inicialmente destacar que crescimento econômico ou populacional e
desenvolvimento humano são coisas distintas e, muitas vezes,
inconciliáveis.
O
desenvolvimento humano, entendido como aumento do grau
civilizatório, da capacidade de raciocínio, uso da
inteligência e, com essas ferramentas cognitivas, de aprimorar
nossa condição de vida como seres vivos, trata-se de objetivo que
não pode ver seu incremento cessado nunca. Sempre buscaremos nos
aprimorar como seres humanos.
O
conceito econômico de crescimento, entretanto, envolve o desejo pelo
aumento populacional como resposta ao aumento da produção
industrial. Ambos os aumentos, populacional e industrial, trazem
subjacentes a si, um correspondente ataque às reservas da terra.
Por
maior que nosso planeta seja (e nem é tanto assim), o fato é que
suas riquezas naturais e o próprio espaço territorial disponível
para utilização econômica do ser humano são bastante limitados.
Sob esse ângulo, quem defende a tese do crescimento infinito, ou é
insano, ou inconsequente, ou sequer parou para pensar sobre o
assunto. Ah, claro, pode ser também um economista, que simplesmente
adoram qualquer crescimento.
Não
se pode perder de vista que o ser humano não é o único ser vivo
que possui direito a um espaço nesse planeta. Sendo esse o enfoque,
ao considerar a área necessária a um equilíbrio mínimo entre a
nossa existência e a dos outros seres vivos, não há dúvida que o
pedaço que nos cabe nesse latifúndio, nossa cota territorial, já
foi ultrapassada.
Estamos
invadindo o terreno do vizinho, os animais e as florestas.
Mesmo
para os que estão se lixando para as demais espécies, pois existem
pessoas assim em número bem mais elevado do que seria adequado, que
se consideram seres superprivilegiados em relação aos demais, o
fato é que, em breve, um século, com muita sorte dois, sequer
teremos o espaço necessário, adequado, salutar, para uma existência
digna de nossa espécie.
Os
críticos podem ridicularizar Cristovam Buarque e todos os que
defendem o decrescimento. Todavia, isso não mudará a circunstância
de que o ser humano, um dia, se verá no mesmo dilema que viveram os
habitantes da Ilha de Páscoa, que consumiram toda a riqueza natural
da ilha ao custo da extinção de sua civilização, pois todos
morreram em função desse delírio de grandeza.
Claro,
pode-se argumentar que há um paliativo: não seremos nós a
vivenciar o inferno, mas nossos netos ou bisnetos.
Então,
tá...
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