segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Pequena imensidão

Enganou-me um dia a ilusão de ser imensidão.
Mestre de todo tempo, senhor da eternidade, a morte, para mim, não existia. Sentia-me, não montanha isolada na planície, nem o pico mais alto da serrania, mas toda a cordilheira da superfície, gigante a perder de vista, sem fim, no horizonte.
Desconhecia limites, medos, era um ímpio. Meu poder não era o de Zeus, mas o do inteiro Olimpo.
Um imenso oceano pretensioso de ser. Enorme e audaz furacão faminto de tudo ter, criando vagalhões a cada movimento no espaço. Como fosse o próprio Sol a iluminar todo ser e qualquer passo.

Mas o tempo, sem meu comando, passou e, com ele, tudo mudou. Vivi, experimentei, senti, me transformei.
Percebi que, entre a brisa e o tempestuoso furacão que venta, é preferível ser a aragem que acalenta.
E que o oceano e toda sua pressão, não é mais do que pequenas gotas em coleção.
Que cordilheiras não são montanhas em cadeia, senão imensas formações de grãos de areia.
Não busco mais ser o Sol que alumia, senão a partícula que auxilia, pois nada existe só, sem companhia.
Que imaginar o todo é um disparate sem não levar em conta cada parte.
Que, se é bom ser intenso, também o é o ser ameno. Entendi, finalmente, a grandeza de ser pequeno.
Essa pequena imensidão que sou.

3 comentários :

  1. É verdade, Lu e Marcinho...
    Não existe o todo sem suas bases elementares. Cabe a cada um de nós valorizá-las igualmente.
    Um bjão em vcs...

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  2. Obrigado, Cris. Saudades docê. Beijos. Marcio.

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