sábado, 26 de setembro de 2015

Os cavaleiros do apocalipchment

Após o fim do ciclo militar, com Sarney assumindo a Presidência às pressas, em substituição ao falecido Tancredo Neves, o país ingressou num longo e tedioso período de calmaria política, somente interrompido em situações episódicas, como a dos caras-pintadas que exigiam a saída de Fernando Collor da presidência.
Não se discutia política no Brasil. O churrasco era regado a cerveja e conversas sobre futebol, carnaval e mulheres. As queixas eram genéricas, as de sempre: péssima educação pública, péssima saúde pública, péssima segurança pública e por aí vai. São queixas com as quais o brasileiro se encontra acostumado, afinal, o serviço público é ruim no Brasil desde Cabral. Ninguém, porém, brigava com o amigo por conta do presidente que ele escolheu. No máximo, uma piada sobre o mau-gosto e nada mais.
E outra coisa: como pouco ou nada se discutia de política numa era de pouco fluxo de troca de informações interpessoais, quase nada sabíamos de fato sobre o que as pessoas à nossa volta, amigos e familiares, realmente pensavam sobre política.
Não sabíamos que, entre nós, existem simpatizantes do pensamento político-econômico ultraliberal que pouco se importam com condição do miserável e que hostilizam nordestinos. Pessoas que admitem formar fileiras e unir passeatas com nazistas, homofóbicos e adeptos da ditadura, desde que isso sirva ao propósito político de retirar do governo o partido do qual discordam. Voto? Eleição? Quem se importa...
E, já que não se falava de política, Sarney pôde insistir em planos econômicos sucessivos, todos fracassados, cada um deles gerando incalculáveis prejuízos ao brasileiro comum, que era quem os suportava na verdade. As massas permaneceram silenciosas.
Collor pôde cassar a poupança dos brasileiros, deixando várias pessoas penduradas na brocha, um ato impensável num verdadeiro Estado de Direito, sem que as massas viessem às ruas. Imaginem o governo federal extorquir a poupança de uma vida inteira de uma pessoa, digamos, com sessenta anos? Mesmo ante tamanha violência, ninguém testemunhou uma pessoa esmurrando outra por saber que ela havia votado no Collor.
Fernando Henrique Cardoso pôde dilapidar o patrimônio público brasileiro, conforme denunciado e demonstrado no livro "A Privataria Tucana", do laureado jornalista Amaury Ribeiro Junior, três vezes ganhador do Prêmio Esso de jornalismo, sem com isso reduzir um tostão da dívida pública que, pelo contrário, aumentou ainda mais. Não houve, contudo, qualquer comoção pública além das normais lamúrias cotidianas.
A calmaria perdurou exatamente até 1º de janeiro de 2003, momento em que Luis Inácio Lula da Silva finalmente, na quarta tentativa, subiu a rampa do Palácio do Planalto e tomou posse como o 35º presidente do Brasil.
A partir desse momento, iniciou-se um processo de acirramento político cujo tom foi gradualmente se elevando à medida da percepção da dificuldade em tirar o PT da presidência meramente pelo exercício democrático do voto.
Em 2015, doze anos após o início dessa escalada da discórdia, a oposição ao PT chegou a um nível que dificilmente alguém poderia imaginar. Hoje, a oposição aceita quebrar o Brasil economicamente, desde que com isso se alcance extirpar o PT do governo federal. Tome-se como exemplo a Operação Lava-Jato, no qual claramente o remédio está matando o paciente. O que fazem os grandes formadores de opinião? Pedidos de comedimento, de obediência aos ritos ou de criação de formas de proteção ao patrimônio público? Que nada... são só elogios para o juiz Sérgio Moro que, aparentemente, não erra. Deve ser somente coincidência, mas a partir da Operação Lava-Jato o desemprego no Brasil começou a crescer.
Fica a indagação: por que as manifestações políticas cresceram a partir da assunção do PT à presidência?
A resposta óbvia: pelo comprometimento maciço da grande imprensa com a oposição política do Brasil. Muitas pessoas entendem que isso não explica tudo e que grande parte do incremento do sentimento antipetista se deve às trapalhadas do PT no governo. Isso não é verdade. Trapalhadas todos os governos fazem e, pela minha experiência, os anteriores fizeram bem mais e com menos créditos sociais a apresentarem.
A diferença está toda na forma como as notícias passaram a ser veiculadas, no estrépito, nas entrelinhas maliciosas, na ligação necessária de qualquer notícia boa com algo ruim. O Manchetômetro da Uerj está aí para corroborar isso.
Mas, quem são afinal esses líderes da moralidade e da ética eleitos pela imprensa para dar voz ao antipetismo? Quem são essas figuras públicas que os grandes veículos de comunicação do país, todos os dias, há doze anos, privilegia, concedendo um espaço precioso para a exposição de suas falas antipetistas, sem a idêntica contraparte necessária?
Creio que os principais são Fernando Henrique Cardoso, Gilmar Mendes, Aécio Neves e, mais recentemente, Eduardo Cunha.
Não coloco aqui personalidades como Bolsonaro, Malafaia, Lobão e outras porque são caricaturas. Ninguém as leva a sério. São usadas pela mídia em função de suas próprias radicalidades e idiossincrasias que, além de possuírem um certo público, pequeno, formado por ignorantes e aproveitadores, atraem pela curiosidade, como alguém fantasiado de vampiro numa maratona.
E quem dá voz aos quatro cavaleiros do apocalipchment?
São principalmente os integrantes de duas famílias respeitáveis: os Marinho e os Civita. Os quatro cavaleiros estariam a pé se não fossem essas famílias.
A questão que se impõe enfrentar é: essas pessoas e essas empresas possuem legitimidade para exigir de alguém específico o comportamento moral e ético que apregoam?
Inicialmente, é importante levar em consideração que toda a suposta “verdade” que chega ao cidadão comum é apenas a notícia de terceira mão coletada, selecionada, manipulada e produzida por algum veículo de informação. Não estamos lá, dentro da sala da Presidenta Dilma, para saber se a frase dita por ela, e informada em off ao Merval Pereira, por exemplo, realmente foi dita ou se, por outro lado, se trata de informação falsa passada ao imortal, ou ainda se é pura e simples mentira criada por ele para atender aos próprios interesses.
Então, trata-se de fé: a gente acredita que o jornalista está falando a verdade ou acredita que ele está mentindo. No fundo, no fundo, não sabemos, de modo que temos que lançar mão de bom senso, inteligência e poder de crítica.
Há, contudo, um elemento importante: se é possível acreditar na imprensa contra o PT, por que desacreditá-la contra os antipetistas?
Por conta disso, e com base no que a imprensa publica, vejamos o que encontramos em relação aos supostos bastiões da moralidade, sempre levando em conta que, em princípio, são apenas notícias e não fatos.
Fernando Henrique Cardoso
As privatizações geraram um prejuízo, à época, de quase dois bilhões e meio de reais. Se atualizado, esse valor seria certamente multiplicado várias vezes. Isso não é um valor simbólico, pelo que perdemos com as estatais. Nada disso. Trata-se de prejuízo real, da diferença entre o que entrou e o que saiu dos cofres públicos com os leilões de privatização. Se fosse considerada a subvalorização das empresas privatizadas, o prejuízo seria incalculável.
O problema, porém, não é o prejuízo em si, que pode ser creditado à má gestão. A questão é como se permitiu a formação desse prejuízo, ou seja, a partir de favorecimento de pessoas e conglomerados com, por exemplo, a aceitação de moedas podres pelo preço de face quando valiam, na verdade, uma fração disso. As moedas podres, já podres em si pela desvalorização do mercado, ficaram ainda mais podres ao serem adquiridas pelos compradores através de empréstimos concedidos pelo BNDES.
Uma pessoa que tivesse um sobrenome tucano ilustre, como, apenas como exemplo, Jereissati, pôde ser beneficiado comprando uma telefônica, digamos, uma estatal do porte da Telemar, a preço de banana, financiada pelo BNDES e com imensas garantias de faturamento. Ou seja, praticamente sem botar a mão na própria fortuna. Você, certamente, não conseguiria.
Além disso, é sabida a compra dos votos para a reeleição de FHC. Ah, você talvez não saiba, mas não havia reeleição antes do PSDB chegar à presidência. Ela foi encomendada sob medida para a reeleição de FHC. Hoje, por causa do PT, querem novamente acabar com a reeleição, que provavelmente voltará a existir quando um segmento político considerado mais interessante retornar ao poder.
Os casos de desvios na era FHC são inúmeros: Sivam, Proer, manipulação do câmbio e outros.
Hoje, falam de Lulinha, mas em 2000, quando ainda era presidente, FHC permitiu que o governo financiasse uma empresa para a montagem do pavilhão brasileiro na Expo 2000 na Alemanha. Custo? Em valor da época, R$ 14 milhões de reais (quanto seria agora, 15 anos depois?). A empresa pertencia a quem? A Paulo Henrique Cardoso, filho de FHC. A regra não é a impessoalidade na administração pública? Só vale para petistas?
A filha de FHC, Luciana Cardoso, foi secretária do próprio pai na presidência. Nepotismo? Não se viu jornal denunciando...
O Manchetômetro da Uerj comprova: as capas da Veja e as primeiras páginas dos grandes jornais, à época, não relacionavam diretamente FHC com tais escândalos, nem mesmo no caso da emenda da reeleição, no qual ele era obviamente o principal interessado. Houve blindagem.
Imaginem se tudo isso tivesse ocorrido num governo do PT. Certamente não chegaria ao fim do primeiro mandato.
Gilmar Mendes
É sócio-fundador no Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP) que firmou contrato sem licitação com o Tribunal de Justiça da Bahia, contrato esse que valia dez milhões e meio de reais em abril de 2012, destinado à realização de cursos direcionados a juízes e funcionários. Detalhe: à época, o TJBA estava sendo investigado pelo Conselho Nacional de Justiça.
O ex-sócio de Gilmar Mendes no IDP, Inocêncio Mártires Coelho, que é também ex-procurador-geral da República e também ex-professor dele, apresentou denúncia, conforme matéria publicada na revista Carta Capital, em junho de 2012, afirmando que o IDP, com Gilmar à frente, faturou cerca de dois milhões e meio de reais, entre os anos de 2000 e 2008, com diversos contratos firmados com órgãos do governo federal, todos sem licitação. O ex-sócio afirmou que Gilmar fazia retiradas ilegais, desfalcando o caixa do IDP, além de sonegar impostos e exigir pedágio dos outros sócios para, como ministro do STF, servir de garoto propaganda do IDP.
A revista Carta Maior, em agosto de 2012, publica reportagem na qual Gilmar Mendes é acusado de manter relações com o contraventor Carlinhos Cachoeira e seu amigo Demóstenes Torres, o mesmo senador que teve uma conversa gravada pela Polícia Federal, entre ele e o contraventor Carlinhos Cachoeira, na qual o senador afirma ao bicheiro que conseguiu obter favor de Gilmar Mendes, no STF, numa ação que envolvia Companhia Energética de Goiás.
A revista Carta Capital, também em 2012, publicou reportagem na qual acusava Gilmar de sonegação fiscal, de nepotismo, de intervir em julgamentos em favor de José Serra e outros desvios.
A empresa de um Ministro do Supremo Tribunal Federal fecha contrato milionário, sem licitação, com um tribunal estadual investigado pelo CNJ, além de diversos outros contratos com órgãos federais, todos sem licitação. Dois semanários o acusam de nepotismo e advocacia administrativa. Há uma suspeita de envolvimento com um bicheiro. Embora tudo isso, nenhum escândalo na imprensa, nenhuma manchete, nenhum comentarista dissecando a informação.
Resta perguntar: e se ele fosse simpatizante do PT?
Aécio Neves
Que político brasileiro é famoso por ser cachaceiro? Quem disse Lula acertou em cheio. Quantas vezes Lula foi flagrado bêbado em algum lugar? Nenhuma. E dirigindo? Nenhuma. Há notícia de Lula, alcoolizado, agredindo alguma mulher? Não.
E há notícia de Lula agredindo a D. Marisa? Também não.
E Aécio? Bem, é fato que ele se recusou a fazer um teste do bafômetro em 2011, quando dirigia, preferindo pagar a multa. Nesse mesmo episódia sua carteira foi apreendida por estar vencida.
Além disso, o jornalista Juca Kfouri noticia, em 2014, que ele agrediu a mulher numa festa no Hotel Fasano, no Leblon.
No quesito ética e envolvimentos suspeitos, destacam-se os cinco aeroportos construídos com dinheiro público mineiro, no seu governo, sempre próximos a terras da família, sendo famoso o caso do aeroporto da cidade mineira de Cláudio, que não entrou em operação e cujas chaves ficavam de posse do tio do governador.
A família de Aécio controla duas rádios importantes em Minas e mais um semanário. Há fortes suspeitas de que esses veículos tenham sido favorecidos com a publicidade estatal no governe dele. A irmã dele, Andrea Neves, trabalhava de graça no governo, enquanto o irmão era governador, em órgão de assessoramento do governo cuja atribuição era, olha que coincidência, aprovar os gastos em publicidade.
Aliás, no quesito nepotismo Aécio é campeão. Além da irmã Andreia Neves, que trabalhava de graça aprovando despesas com publicidade que incluíam pagamentos a empresa de mídia da família, recebiam salário mineiro seis primos e um tio, cujo nome também era Tancredo Neves, todos com altos cargos na administração pública mineira. Até mesmo o genro do padrasto de Aécio conseguiu ser nomeado presidente de uma estatal mineira.
Vamos supor que Lula ou Dilma tivessem nomeado tantos parentes para o governo federal. Alguém duvida que o mundo cairia?
Agora, em setembro de 2015, sai a notícia, na revista Época, que Aécio usou aviões do governo de Minas para vir ao Rio de Janeiro, nada mais, nada menos, do que 124 vezes nos sete anos e três meses em que foi governador. Além disso, aproveitou o avião público para fazer seis viagens à Florianópolis, onde morava a namorada.
Aécio deve ter se afeiçoado ao avião, pois depois que saiu do governo, deixando lá o amigo tucano Anastasia, ainda utilizou a aeronave oficial uma meia dúzia vezes.
Apenas para constar, o governador petista Pimentel, em nove meses, somente utilizou o avião uma vez.
Eduardo Cunha
Será que é necessário escrever algo sobre o Eduardo Cunha, o mais recente dos cavaleiros do impeachment? Aliás, prova viva de que a imprensa está disposta a quebrar o país se isso possibilitar a saída do PT do governo, afinal a mídia incensou sua candidatura à presidência da Câmara.
Cunha foi nomeado presidente da Companhia Estadual de Habitação do Rio de Janeiro, no governo de Anthony Garotinho, saindo poucos meses após ante a acusação de fraudar licitações da estatal para favorecer a construtora de um colega de partido. Ao responder ao processo, seu advogado utilizou documentos falsos para inocentá-lo. A fraude processual foi descoberta.
Cunha também foi vinculado a denúncias de desvio de recursos na Prece, que é o fundo de pensão da Companhia de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro.
O prócer do impeachment, todavia, viu o próprio nome envolvido no escândalo da Petrobras, que seria o fio condutor da tentativa de retirar da Presidenta Dilma os 53 milhões de votos que obteve na eleição. Ironia do destino.
A deputada estadual Cidinha Campos, do PDT-RJ, acusou Cunha, em 2007, de comprado uma casa por setecentos mil dólares, vendendo-a por oitocentos mil dólares a um traficante de drogas.
Cunha foi acusado de participar, entre os anos de 2002 e 2006, de um esquema de sonegação fiscal que deu um prejuízo de quase um bilhão de reais ao estado do Rio.
Cunha foi nomeado presidente da antiga Telerj pelo então presidente Fernando Collor, por indicação de Paulo César Farias. Após dois anos no cargo, suas contas foram reprovadas pelo TCU ante a contratação de servidores sem concurso e por licitações irregulares.
Um petista com esse passado teria se candidato impunemente à presidência da Câmara dos Deputados, sem alarido da imprensa? Aqui vale destacar que o deputado é casado com uma jornalista global.
A Família Civita
A Família Civita é proprietária da Editora Abril, que publica a revista Veja. Possui fortes ligações com o tucanato foi ou está sendo processada, na 12ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo, acusada de ser beneficiária de de desvio de dinheiro público em favorecimento da Fundação Victor Civita.
A revista Veja é acusada de fazer composição com o bicheiro Carlinhos Cachoeira, que tinha ligações com o ex-senador Demóstenes Torres e com o ministro Gilmar Mendes, para produzir denúncias contra o governo do PT. As investigações apuraram que Policarpo Jr., diretor da sucursal da revista Veja em Brasília, trocou cerca de duzentas ligações telefônicas com Carlinhos Cachoeira, que se gabou deser o pai de “todos os furos” da revista.
A revista Veja, provavelmente agradecida pelos “furos”, publica, em 2004, matéria considerada falsa sobre a CPI da Loterj, transformando o contraventor Carlinhos Cachoeira, que era réu, em vítima de achaque, o que possivelmente o livrou da cadeia.
O Distrito Federal, quando José Roberto Arruda era o governador, comprou assinaturas da revista Veja, no expressivo valor, para a época, de quinhentos mil reais. Na mesma semana da compra a revista publicou uma entrevista destacada com o governador, nas Páginas Amarelas.
A Prefeitura de São Paulo, no governo de Gilberto Kassab, comprou assinatura da revista Veja em setembro de 2012, também de cerca de quinhentos mil reais. No mesmo mês o prefeito foi objeto de uma matéria de capa na revista.
Meras coincidências?
Que tipo de manchete a revista Veja publicaria se uma gravação comprovasse a ligação de Lula com alguém do submundo do crime? E vangloriando-se de criar factóides?
A Família Marinho
A relação de escândalos vinculados às Organizações Globo é imensa e antiga.
Começa com o explícito apoio, confessado, ao golpe militar de 1964, o que evidencia sua já antiga natureza anti-democrática, de inconformismo com o resultado das urnas, o que também seria evidenciado no famoso caso Proconsult, de 1982, quando a Globo, atemorizada pela possibilidade de eleição de Brizola para o governo do Rio, participou de uma tentativa de fraudar as eleições.
A manipulação da informação pelo jornalismo da Globo é fato notório. O comício das Diretas Já foi transmitido como sendo parte das comemorações do aniversário de São Paulo. A edição do debate entre Lula e Collor, para favorecer Collor, fato também confessado por representantes da Globo à época, é outro. Collor era dono de uma das tevês regionais afiliadas da Globo, ou seja, sócio da Globo.
Repórteres que saíram da Globo, como Luiz Carlos Azenha ou Rodrigo Vianna denunciam a determinação da empresa para que fatos desabonadores sobre políticos do PSDB ou positivos sobre governos do PT fossem escondidos. A regra era publicar somente fatos negativos sobre o PT, maximizando-os, chegando ao ridículo do episódio da bolinha de papel lançada no então candidato José Serra.
A Globo não se intimida em usar o poder para lucrar. Em 1986, Antonio Carlos Magalhães, então ministro das comunicações, suspendeu os contratos públicos com a empresa NEC Brasil, que perceu valor vertiginosamente, obrigando a NEC do Japão a vender sua filial brasileira por um milhão de dólares para a Globo. Após a venda, os contratos públicos foram restabelecidos e a empresa voltou a ser valorizada no mercado, passando ao valor de 350 milhões de doláres. Poucos meses depois ACM foi recompensado com a propriedade de uma afiliada da Globo na Bahia.
Em outro exemplo, lançou o título de capitalização Papa-Tudo, sendo vendidos milhões. Contudo, os títulos jamais foram honrados e ninguém da Globo foi preso.
Recentemente, ficou-se sabendo do escândalos que envolvem a Fifa e o futebol brasileiro. Existem ligações íntimas com a Globo, que domina o esporte enquanto espetáculo, inclusive ditando os horários dos jogos.
Vinculada à questão do futebol, a Globo viu-se envolvida num suspeitíssmo e nebuloso caso sobre uma pendência com a Receita Federal, que envolve quase um bilhão de reais em valores atuais. O processo fiscal, que concluíra pela dívida não paga da Globo, que tentara sonegar através da utilização de uma paraíso fiscal, simplesmente sumiu na Receita Federal. Posteriormente, foi provado que uma Auditora Fiscal retirou o processo do arquivo e deu fim a ele. Ela foi presa e, posteriormente liberada por um habeas corpus concedido... por quem? Sim, por Gilmar Mendes. A servidora se recusou a informar por que fez isso. Céus! A quem interessaria sumir com um processo que responsabilizou a Globo em quase bilhão de reais? Não faço a menor ideia.
...
Esse é o resumo da ópera em relação aos principais líderes da oposição no Brasil.
Notícia por notícia, todos são acusados de desvios éticos e morais. A diferença ocorre somente no destaque que se dá às acusações. Algumas merecem manchetes diárias. Outras nem aparecem. A suposta sonegação fiscal da Globo, por exemplo, não é noticiada pelas co-irmãs, somente sendo encontrada nos chamados blogs sujos.
Essa é a oposição que algumas pessoas enxergam como ícones da honradez. Não que não o sejam. Podem até ser. É discutível, entretanto, que essas mesmas pessoas formem sua opinião a partir das manchetes dos jornais somente para um dos lados.
Mentiras por mentiras, elas existem para ambos os lados.

Assim como as verdades.

Um comentário :