sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

O lado acertado de uma profecia ridícula ou sobre golpes e golpistas: Merval, Temer, Cunha e Gilmar


Merval Pereira, com seu artigo Merval Pereira, com seu artigo "Caminho Livre", caiu no ridículo pela profecia totalmente equivocada quanto ao resultado do julgamento do STF sobre a manobra de Cunha na Câmara para prejudicar a Dilma no processo de impeachment.
Animado com o voto de Fachin e, provavelmente, insuflado pelo Gilmar Mendes, de quem é amigo, Merval imaginou que o rito adotado por Cunha seria aprovado no STF de forma quase unânime. Deu no que deu.
Mas há uma declaração de Merval nesse artigo da qual se pode extrair uma verdade. Disse ele que a decisão do STF, que ele imaginava seria contrária aos interesses da presidenta, daria "a chancela democrática e legal ao instituto do impeachment, o que transforma em reles artifício do debate político a acusação de que se trata de um golpe".
Portanto, agora que o resultado do julgamento
já é de conhecimento geral e foi muito diferente da profecia mervaliana, pode-se interpretar, a contrario sensu e dentro da mesma lógica desenvolvida pelo Ataulpho (conforme PHA), que o STF desnudou a manobra de Cunha, dela retirando qualquer possibilidade de ser entendida como um elemento democrático ético e legal. O voto do ministro Barroso implica reconhecer que a manobra golpista era isso mesmo: uma manobra golpista.
A tentativa de Cunha simbolizou a ponta de um imenso iceberg político formado em torno da ideia de um golpe para alcançar o que não se conseguiu pelo mero exercício da democracia: conduzir alguém à presidência à revelia dos eleitores e sem necessidade de eleição.
Para Cunha, não custou muito pois em breve estará preso de qualquer maneira.
Quanto a Temer, o custo foi mais alto. Se já se considerava desimportante como vice-presidente, como demonstrou na sua carta mimimi, caso o impeachment não vingue sua participação no governo será praticamente zerada. Se porventura o impeachment vier a ocorrer e ele venha a assumir a presidência pelo restante do mandato, seu poder estará limitado pela perda do próprio crédito pessoal perante a população e pelos custos dos compromissos fisiológicos com o golpe. Provavelmente terá tão pouco poder efetivo como o que reclama ter como vice. Seu futuro político é bastante sombrio, terá dificuldades até para se eleger deputado federal novamente. Temer tornou-se um cadáver político por enquanto insepulto.
Gilmar Mendes, por sua vez, extremamente irritado com a derrota do resultado que antecipara ao Ataulpho, esbravejou, gritou, babou, bateu os pés com força no chão e saiu apressado do plenário, dizendo que iria viajar, não perdendo a oportunidade, na primeira fala pública, de ofender descaradamente os ministros do STF que votaram contra a manobra de Eduardo Cunha no impeachment. Deles disse Gilmar terem sido "cooptados" pelo governo e que foram "bolivarianizados", o que pode ou não significar comprados, mas que certamente significa que, para ele, descumpriram a lei.
Com uma declaração como essa, não seria hora de se pensar seriamente no impeachment de Gilmar Mendes, que não respeita sequer a instituição que integra, a mais alta corte do país?

Com a palavra, a OAB ou o Senado.

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