No
Brasil, vice-presidentes não são eleitos, sendo apenas integrantes
da chapa vitoriosa. Pode não ser desejável, mas nossa tradição
política não é de valorização da figura do vice de qualquer
coisa, que em geral é apena um elemento decorativo, seja no âmbito
federal, como em estados, municípios e mesmo em condomínios
residenciais. Poucos lembrarão quem era o vice do prefeito ou do
governador no qual votou. O mesmo fenômeno, com um grau talvez um
pouco menor, ocorre quanto ao candidato a vice-presidente.
Quantos
lembrarão quem era o vice nas chapas de Geraldo Alckmin ou José
Serra à presidência? Ou quem era o vice de Marina nas eleições em
que foi candidata? Sem titubear, cravo que o número desses
privilegiados da memória será próximo de zero.
Em
geral, a população somente lembrará de vices que, por destino,
tornaram-se titulares, como Sarney ou Itamar Franco, mesmo assim
provavelmente deles se lembrarão como presidentes e não como vices
que se tornaram presidentes.
É
verdade que alguns vices, invariavelmente por falta de opção no
espaço político no qual atuam, acabam se tornando cabeças de chapa
na eleição seguinte, como ocorreu com Luiz Paulo Conde ou Pezão,
para o município e estado do Rio de Janeiro, respectivamente, ou com
Pitta, no município de São Paulo. Isso, porém, constitui-se em
exceção, não em regra. Como regra, a carreira de vice continua no
estágio anterior ao de vice ou aí encontra seu ponto final, como
lamentavelmente ocorreu com o saudoso José Alencar, vice de Lula
constituído de uma argamassa político-moral do tipo que parece não
se fazer mais.
Que
fim levou Índio da Costa? Possivelmente sua carreira política
continua, inexpressiva nacionalmente, como era antes de ser candidato
à vice de José Serra. Alguém, em sã consciência, pensou que
Índio da Costa iria contribuir com votos de forma expressiva para a
eleição de Serra? Claro que não.
A
contribuição do vice, quando há, é meramente na composição das
alianças interpartidárias ou, se chapa pura (fenômeno cada vez
mais raro), no apaziguamento das correntes partidárias internas. E,
também em sã consciência, quem votou em Serra achava que aquele
jovem desconhecido de quarenta anos, com aparência e comportamento
um tanto infantilizados, seria um perfeito substituto caso o Serra
viesse, por exemplo, a morrer durante seu mandato? Óbvio que o
eleitor de Serra nem chegou perto de refletir a respeito dessa
possibilidade. A chapa para cargos majoritários é como um combo de
lanche em fast food: o consumidor não escolhe o que virá no
combo, escolhe apenas o número de um combo que já é predefinido
com refrigerante, sanduíche e batata frita.
Conclui-se,
pois, que os vices são meros beneficiários da votação dada do
titular. Sem papas na língua: vices são decorativos, não recebem
votação popular e servem apenas para composição da chapa, na fase
pré-campanha.
Sendo
mero beneficiário dos votos recebidos pelo cabeça de chapa, um vice
com comportamento ético adequado está plenamente ciente de seu
papel na coligação: substituir o titular em suas ausências, nada
mais. Salvo as raras ocorrências de saída definitiva do titular,
vices não são eleitos para alterar por completo a política
implementada pelo titular, o que seria causa de alta insegurança
política.
Nenhum
titular de coisa alguma, nem chefe de seção de agência bancária,
nem presidente de grande empresa, muito menos um presidente da
república, pode ficar sobressaltado pela possibilidade de ter que se
ausentar do poder e dar ao vice, que assume interinamente, o poder de
modificar toda a estrutura montada com a finalidade de permitir ao seu governo implementar o rumo político eleito pelo povo. Aceitar essa hipótese implica
tornar absolutamente inútil o papel do vice, dado que, nesse caso, o
titular ser veria na contingência de ter que evitar a todo custo criar
um vazio no poder, como viagens internacionais representando o seu
governo, pois isso permitiria ao seu vice, a prática de rapinagem ou
pirataria política.
Desde
13 de maio de 2016 o Brasil vem sendo governado pelo vice-presidente
Michel Temer, que os jornais insistem em denominar de presidente
Temer, assim buscando legitimar uma ignomínia, ou seja, o assalto ao
poder praticado por um vice que deveria se limitar a substituir a
presidenta, nos atos meramente burocráticos ou emergenciais, até a
decisão final do Senado sobre o processo de impeachment.
Somente
após um julgamento favorável ao impeachment da presidenta Dilma,
com seu afastamento definitivo, o vice se tornaria, de fato,
presidente da república, caso em que estaria livre para adotar uma
linha de governo própria, autônoma.
Ao
Supremo Tribunal Federal, uma vergonha jurídica para todos os
brasileiros, mesmo para os que não possuem tal consciência,
competiria ser causa de segurança jurídica e política para o país.
O que vemos é sua permissão para a bagunça política, para a
rapinagem da política eleita pelo povo, para a supressão de
direitos civilizatórios mínimos criados até a posse desse governo pirata, para a instalação de um governo "provisório",
sem votos, enquanto ainda válido o mandato daquela que efetivamente
foi eleita.
Resta
indagar o que esse Supremo pouco sábio refletiu sobre a
possibilidade de Dilma não ser impedida no julgamento do Senado.
Será um cenário ridículo, com o inevitável desmonte do ministério
pirata de Temer, de troca da nova política econômica por aquela que
já vinha sendo implementada, enfim, de retorno a todas as diretrizes
governamentais anteriores. Isso significa dizer que, num espaço de
seis meses, o Brasil terá demitido todo o seu ministério e alterado
inteiramente a sua dinâmica de poder duas vezes.
Mais
banana do que isso, impossível. E tudo patrocinado pelo glorioso
Supremo Tribunal Federal.
É de dar calafrios imaginar que Dilma possa ter provocado essa ira do
Supremo por conta de impedir reajustes salariais para ministros e
servidores. É preferível imaginar que não temos uma corte
constitucional de tão baixo nível, com valores tão levianos,
embora seja hipótese que não se possa afastar. Afinal, ministros do
Supremo, como um ou outro mais falante e partidarizado nunca deixa
negar, são humanos, sujeitos de todo tipo de virtudes e também dos
vícios mais vis, mais mesquinhos.
Bom,
ao menos estamos livres da corrupção no país desde o dia 13 de
maio de 2016. Sim, porque a cantilena dos antipetistas entoava que o
PT era o único problema institucional de corrupção no país.
Alvíssaras, problema resolvido. Parafraseando Karnal, como são
felizes as pessoas que acreditavam nisso.
Com
novos partidos no governo, PMDB e PSDB, que todos sabemos serem
compostos por políticos honestíssimos, eticamente inatacáveis, a
corrupção está resolvida e vamos trabalhar....
Não
serão três ou quatro ministros piratas delatados e defenestrados do
ministério, até agora, que irão desmentir essa verdade. Nem mesmo
o fato da delação ter alcançado o próprio Michel Temer ou de se
saber que Michelzinho, seu filho, com apenas sete anos, possui um
apartamento, devidamente documento, avaliado em dois milhões de
reais, embora o Michelzão viva há décadas basicamente dos salários
dos cargos políticos que ocupou. Apartamento que Michelzão avalia,
para efeito de pagamento de impostos, em 190 mil reais.
Deve
ser uma novidade histórica termos um presidente em exercício com
direitos políticos cassados em decisão transitada em julgado,
acusado de integrar o que é considerado o maior esquema de corrupção
da história, que escolheu um ministério repleto de pessoas acusadas
de improbidades e desvios de dinheiro público e que é flagrado em
subterfúgio para sonegação de imposto, sem que isso provoque
reação alguma da imprensa.
Para
um país que defenestra uma presidente por uma acusação tola de
incorreção meramente contábil, parece que tivemos um salto
político evolutivo fantástico em apenas algumas semanas.
Importante,
mesmo, que continua a merecer manchetes intermináveis, é o sítio
do amigo de Lula que deve ser de Lula, embora sem documentação
alguma que prove isso, porque, afinal, ele vai lá com frequência.
Quem vai com frequência a algum lugar deve ser dono desse lugar, diz
essa inovadora lógica jurídica. Péssima notícia para aquele amigo
que sempre disponibiliza a casa em Búzios: a casa é minha pois vou
sempre lá. Perdeu, otário, rá rá rá...
Duvido
muito que Sérgio Moro tenha a coragem, na sentença que reconhecer a
propriedade de Lula e condená-lo por isso, de determinar a
retificação do registro de imóveis em relação à titularidade do
sítio. Repito: duvido ...
Resolvida
a questão da corrupção, que passa a ser coisa do passado na
história tupiniquim a partir de agora, como anda o governo pirata na
questão da economia? Devemos nos lembrar que esse era o outro motivo
alegado para o rompimento com a normalidade democrática.
Bom,
parece que, ao menos em parte, deram razão ao governo Dilma, afinal.
Ninguém reconhece isso explicitamente, mas é o que transparece da
aprovação do excedente orçamentário requerido pelo pirata
interino Temer, no valor de 170 bilhões de reais. A Dilma havia
requerido permissão para um déficit de 95 bilhões de reais e foi
massacrada por isso e não há dúvida de que a demora em conseguir
aprovação foi um dos motivos dela ter criado a contabilidade
criativa apelidada de "pedaladas fiscais". Se não fosse
aprovado o novo déficit, Temer teria duas opções: paralisar o
governo ou adotar as pedaladas como único meio de governabilidade.
Mas, para ele, as manchetes saudaram o pedido de déficit, 78% acima
do que pedira Dilma, como sabedoria. Vá entender...
O
governo pirata provisório já conta com mais de um mês de mandato.
O que assistimos é uma corrida contra o tempo. O governo pirata está
apressado em desmontar o guarda chuva assistencial, reduzindo o
orçamento de benefícios importantes como bolsa-família, "Minha
casa, minha vida", Fies e outros, tudo em nome da
responsabilidade fiscal.
Inacreditavelmente,
querem meter a mão até no abono anual do Pis, renda valiosa para os
trabalhadores mais humildes, que recebem até dois salários mínimos.
Os
programas sociais representam transferência orçamentária para os
miseráveis e pobres. Segundo a lógica do governo pirata de Temer,
tais benefícios, direcionados aos pobres, parecem ser a causa do
aperto orçamentário da União.
Será
isso - os cortes orçamentários para os programas sociais - que
salvará o país da bancarrota?
Claro
que não. Todos esses programas sociais, juntos, não impactam de
maneira relevante o orçamento federal.
Apenas
para dar uma ideia, o bolsa-família custou cerca de 27 bilhões de
reais no ano de 2015, para um orçamento total de 1.149 trilhões de
reais. Trata-se de apenas 2,3% do orçamento total. O orçamento do
"Minha casa, minha vida" é similar, girando em torno de 20
bilhões ano.
É
importante lembrar que diversos programas sociais, como o
bolsa-família, não representam apenas desembolso, mas significam
também arrecadação, o que reduz sensivelmente o impacto
orçamentário.
Exagerando
ao máximo, os programas sociais possivelmente não chegam a impactar
em 5% o orçamento federal.
Isso
é a transferência orçamentária para os pobres. E para os ricos?
Quanto de nossos impostos retorna ao bolso dos ricos através de
transferência direta do orçamento público?
É
preciso entender que os juros pagos pelos títulos públicos
significam, aqui simplificando, transferência de dinheiro para os
ricos, pois nada mais representam do que empréstimos que o governo
pede no mercado, simbolizados pelos títulos do Tesouro público.
Sendo assim, toda vez que o Banco Central aumenta os juros dos
títulos públicos, aumenta a quantia que o governo tem que pagar aos
ricos que compraram esses títulos.
Além
dos ricos receberem altíssimos juros quando emprestam ao governo, pagam pouquíssimos
juros quando emprestam do governo através de financiamento do BNDES
ou de programas de subsídios e incentivos. Isso sem falar que pagam
pouco imposto de renda, menos do que a classe média, por exemplo.
E
quanto os ricos recebem do orçamento federal?
Bom,
a despesa com juros da dívida pública, somente no ano de 2015, foi
maior do que o gasto orçamentário em quinze anos do programa
bolsa-família. Mais exatamente, 277,3 bilhões de reais em 2015,
mais de dez vezes o gasto no mesmo ano com o bolsa-família.
Então
isso não é problema para "O Globo", para Míriam Leitão,
para o "Valor Econômico", para o Temer, para o antipetismo
doente? O problema são os gastos com os pobres, dez vezes menores? É
isso mesmo? Qual a lógica que subjaz a isso?
É
a economia, estúpido!
E
a economia nada mais representa do que o motivo da existência da
política. Quando alguém diz que o pobre votou nos governos petistas
por causa dos programas sociais e que, por isso, seria um voto de
cabresto, está, ao mesmo tempo, certo e errado.
Estão
certos, porque ricos e pobres votam sempre no partido ou candidato
que lhes trará benefícios. Faz parte da natureza democrática
escolher quem irá atender melhor aos interesses individuais. A soma
dos interesses individuais que se sentem representados pelo candidato
é justamente o que significa democracia, cujo sentido é o de saber
perder e não o de vencer sempre.
Seguindo esse raciocínio, tem-se que os ricos, que até então sempre venceram as eleições, se sentiam
representados pelos candidatos que prometiam mais transferência
de dinheiro para eles, com política de juros altos para os títulos
da dívida pública, juros baixos para os financiamentos do capital,
subsídios, isenções fiscais e outras benesses.
E
estão errados, pois se transferência de recursos significa voto de
cabresto, isso sempre existiu para os ricos, que sob tal lógica
teriam sido cooptados pelos candidatos que os favoreceram. Claro que
não. Ricos votam nos candidatos que os beneficiam como classe, assim
como os pobres.
A
política existe como meio de conciliar conflitos basicamente
econômicos entre ricos e pobres sem necessidade de uma guerra civil.
As
instituições brasileiras, Procuradoria Geral da República e
Supremo Tribunal Federal à testa, estão desconstituindo o caminho
da política como instrumento de pacificação social. Deveriam saber
que a alternativa é a guerra entre compatriotas, é o sangue
derramado nas ruas.
Que
mal haveria em aguardar democraticamente as eleições de 2018 e
deixar ao povo a tarefa de higienizar a política?
Obviamente
não haveria mal algum, o problema é que o povo não parecia
disposto a higienizar a política na direção desejada pela elite
não eleita. A democracia não estava mais funcionando como sempre
funcionou, ou seja, na perspectiva que a elite desejava. Alguém
tinha que colocar a antiga "democracia" nos trilhos.
Para
isso, cassaram o meu voto e o de mais 54 milhões de pessoas. Nem se
preocuparam em dar uma aparência de gravidade. Acusaram a Dilma de
praticar um mecanismo orçamentário absolutamente corriqueiro nos
governos federais anteriores e nos estaduais anteriores e atuais. E
isso antes que as contas orçamentárias do ano supostamente eivado
de irregularidades tivessem se encerrado e sido apreciadas pelo órgão
competente, o TCU, numa pressa incomum que não se coaduna com o
sentido de justiça e com a noção de democracia.
Não
se trata de legitimar uma prática irregular, mas, primeiro, de
colocar as coisas nos seus devidos lugares (a prática é
insignificante como desvio ético), e, segundo, de estabelecer que a
rotina também se coloca como legitimadora de ações, na condição
de usos e costumes. Se é para alterar o padrão normal até então
aceito, há que se estabelecer um marco temporal absolutamente
cristalino e declarar de forma geral: a partir de tal data esse
comportamento não será mais tolerado. Trata-se de atitude
administrativa inteligente que é adotada até quando municípios
querem estabelecer um novo comportamento fiscalizatório em relação
a ações ilícita até então toleradas, como estacionamento em
local proibido ou comércio ambulante em determinados locais.
É
inadmissível que um novo rigor orçamentário seja utilizado como
instrumento de cassação do voto de milhões de brasileiros, quando
está patente que esse novo rigor sequer será repetido em relação
a outros governos, como demonstra a aprovação da nova margem de
déficit orçamentário para o Temer ou a ausência de acusação
semelhante para governadores, como Alckmin.
É
puro casuísmo destinado a romper com a normalidade democrática,
apoiado por um Supremo que não se envergonha de afirmar, à revelia
do texto expresso da Constituição, que qualquer asno em direito não
teria dificuldade em entender, mas em favor desse mesmo casuísmo,
que trânsito em julgado ocorre no julgamento da apelação, ainda
que pendente recurso, e que é possível o impedimento de presidente
mesmo sem crime de responsabilidade, por perda de apoio político,
como se fôssemos um estado sob o regime parlamentarista.
Construções
racionais para justificar tais entendimentos são meros sofismas
canalhas que escondem a real intenção: estuprar a democracia e
cassar o voto de milhões de brasileiros que escolheram de forma
legítima um determinado governante para implementar uma determinada
política.
A
elite não aceitou a escolha popular e, por caminhos que se esforça
inutilmente por afirmar institucionais e democráticos, colocou no
poder um presidente e uma política que foram rejeitados no voto.
É
importante frisar: quando se tem a força, militar ou de informação
ou institucional, é fácil romper com o processo democrático;
difícil é saber o que virá depois.
Muitos
do povo não se importam com política, outros, porém, tomam a coisa
como pessoal e não aceitam ter tido o seu voto cassado. Muitos
desses últimos estão preparados para matar ou morrer em nome da
democracia. Não se deve ficar admirado se, sob a frustração do mau
funcionamento das instituições, alguém do povo resolver fazer
justiça com as próprias mãos. É comum em outros países
considerados até mais adiantados politicamente que o Brasil, como
nunca foi aqui, que ocasionalmente alguém do povo assassine um
político. Recentemente houve o caso da deputada inglesa. Nos Estados
Unidos os casos são inumeráveis, a começar pelo mais famoso, de
JFK.
Não
se está fazendo apologia a esse tipo de atitude, apenas chamando
atenção para as possibilidades encerradas no rompimento do processo
democrático e na inação das instituições em seu dever de
preservar a soberania do povo.
A
partir de 1964, durante o regime militar, muito da quietude do povo
pode ser creditado à ausência de instrumentos eficazes de
divulgação da informação.
Os
governos petistas jamais calaram a imprensa que lhes açoitou
implacavelmente durante 13 anos. Nunca a Rede Globo deixou de receber
a maior fatia orçamentária da publicidade governamental, assim como
outros grandes da mídia. Ainda assim, foram acusados de tentar manipular a liberdade de imprensa.
Em
um mês, o governo Temer resolveu cassar a publicidade dos sites e
blogs independentes, na esperança de silenciar a oposição. Os
jornalões não criticam essa manobra, não bradam contra a tentativa
de amordaçamento dos colegas jornalistas independentes. Como poderão
gritar se, num retorno de governo popular, tiverem encerrada a
publicidade oficial?
Rompimento
do processo democrático, tentativa de silenciamento da informação
e perseguição jurídica dos focos de resistência a favor da
democracia, como Jandira Feghali e Jean Wyllys. Essa descrição se
encaixa para uma democracia?
Será
possível silenciar as vozes democráticas com esse tipo de
totalitarismo fascista praticado por mídia e algumas instituições
do estado?
O
silenciamento que houve na ditadura militar, que pacificou o povo e o
conduziu a aceitar ferir seus próprios interesses, será possível
agora, com a internet? Dificilmente...
O
Supremo Tribunal Federal, no vazio do Poder Legislativo e do Poder
Executivo, tem agora em suas mãos a possibilidade de criar as
condições políticas do futuro recente. Podemos retornar à
normalidade democrática, ainda que com feridas a curar, mas também
estão postas e criadas as conturbações necessárias a nos fazer
tornar uma nova Nicarágua, uma nova Venezuela, ou seja, um país em
convulsão com consequências imprevisíveis.
Se
isso ocorrer será ruim para todos, inclusive para os patrocinadores
dessa confusão institucional.
É
incrível que quase tenhamos chegado a uma condição de país
plenamente desenvolvido, mais igualitário e, basicamente por conta
de preconceitos, vaidades e orgulhos feridos de poucas pessoas,
abjetas, estejamos deixando passar essa oportunidade.
Ainda
há tempo para a razão e para a justiça, mas os segundos se esvaem
rapidamente.
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