Até
mesmo a mais ingênua das almas caridosas conseguiria enxergar que o
destino de uma reforma política a cargo dos atuais parlamentares
seria a lata de lixo, como aliás tem ocorrido ao longo das quatro
últimas décadas. No máximo, alguma perfumaria e nada de efetivo.
Mesmo
a mais idiota das pessoas saberia que o Chefe do Poder Executivo não
manda nos parlamentares e não consegue direcionar o Poder
Legislativo, um poder completamente autônomo e independente, tanto
que presidentes, governadores e prefeitos necessitam costurar
alianças para alcançar a tal da "governabilidade",
alianças espúrias tecidas com os fios do fisiologismo ou do
patrimonialismo - cargos para alguns, um dinheirinho para outros.
Portanto,
mesmo a mais ingênua e idiota das pessoas, deveria saber que somente
uma representação parlamentar exclusiva, para mandato único e com
projeto legislativo restrito à criação de novas regras
político-eleitorais, sem interesse direto nessas novas regras, seria
capaz de efetivamente inovar e realizar uma reforma mais consentânea
com os interesses do povo.
Mesmo
assim, tão logo a Presidenta Dilma lançou a ideia da constituinte
exclusiva, sendo imediatamente massacrada pelos políticos
tradicionais e pela imprensa, ambos com interesses escusos por trás
das "indignações", diversas pessoas manifestaram-se nas
redes sociais contra o projeto. Algumas, que conheço, nada tem de
ingênua ou idiota, pelo contrário, são pessoas de expressiva
inteligência. Ainda assim posicionaram-se contra um projeto
absolutamente democrático e que contraria os interesses dos atuais
parlamentares, justamente esses que são o principal motivo do povo
estar nas ruas protestando.
O
motivo? Difícil dizer. Insensatez, preconceito contra qualquer coisa
vinda do PT, adesão impensada a movimentos midiáticos.
Tenho
um amigo, vascaíno doente, que, entretanto, muito mais do que
vascaíno é anti-flamenguista roxo, a ponto de, numa partida entre o
Vasco e outro time, do qual dependa o futuro do Flamengo no
campeonato, ele torcer contra o time do coração.
Às
vezes somos assim, damos um tiro no próprio pé desde que isso
interrompa a caminhada do adversário. Paciência, esse é o jogo e,
afinal, somos humanos e temos direito a errar.
Pensando
bem, talvez eu é que seja o idiota e ingênuo.
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