É
importante que todas as pessoas com forte autocrítica ou que se
sintam incompreendidas em suas ideias e que, por isso, não se deem o
devido valor, mitigando o próprio talento ou se sentindo infelizes
com as críticas alheias, saibam que algumas personalidades de valor
histórico inquestionável não foram compreendidas em vida, somente
tendo o devido valor reconhecido postumamente.
E
a razão disso é que estavam à frente de seu tempo.
Seus
contemporâneos não dispunham da habilidade necessária para
compreensão de sua obra, de seu pensamento. Faltava-lhes a condição
visionária.
Van
Gogh, cujas telas hoje possuem valor inestimável, somente vendeu uma
delas quando vivo. Suicidou-se pobre e tomando-se por um fracassado.
Nietzsche
confortava-se do insucesso na publicação de seus livros na
consideração de ter nascido póstumo.
Leibniz,
um dos maiores filósofos e matemáticos da história, morreu
esquecido, sem gozar do devido reconhecimento das pessoas de sua
época.
Kafka,
merecidamente considerado um dos mais influentes escritores do século
XX, não vendeu um único livro em vida.
As
obras musicais de dois grandes compositores, de qualidade
indiscutível, Franz Schubert e Johann Sebastian Bach, somente foram
reconhecidas depois de suas mortes.
A
quase totalidade da poesia da americana Emily Dickinson ganhou
notoriedade após cerca de vinte anos de sua morte.
Outros
exemplos poderiam ser dados.
Portanto,
não esmoreça, não se deixe abater. Assim como ninguém deve
satisfações sobre a forma como decidiu viver a vida, desde que no
rumo do bem, tampouco necessita explicar a obra produzida, seja arte,
seja pensamento.
A
arte e o pensamento devem ser apenas materializados, encontrando por
si mesmos a fortuna que lhes foi reservada. Resigne-se, contudo, com
a possibilidade de que não seja agora, nem tão cedo.
No
fundo, quando a obra emerge na alma do autor, deve ser entendida como
um fim em si mesma, cujo valor há de ser relegado a um segundo
plano, sem muita importância.
A
obra humana honesta e natural é como uma gestação, cuja urgência
é o nascimento e não as características do nascituro.
O
destino inexorável do autor é pari-la e colocá-la em sua condição
de existência, ainda que surjam dúvidas sobre o valor do que virá.
Obs:
A imagem é da tela "A vinha encarnada", única obra
vendida por Van Gogh em vida.
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