Vez
ou outra assisto a programas que apresentam exemplos de pobres que,
por esforço pessoal, conseguiram superar a pobreza. Invariavelmente
dão a entender que qualquer pessoa esforçada conseguirá vencer na
vida e que, por outro lado, quem continua na pobreza é porque é
desidioso e preguiçoso.
Isso
não corresponde à realidade. Nem sempre é possível vencer, por
conta própria, a barreira do descaso. Alguns conseguem, outros não.
A culpa não é do fracassado.
Não
cabe utilizar o exemplo de superação de alguns como justificativa
para o abandono dos demais.
O
ser humano se diferencia dos animais pela inteligência, que, se não
serve como catalisadora do altruísmo social, não serve para dar aos
humanos uma categoria destacada no reino animal.
Se
adotarmos como imperativo moral o axioma de cada um por si, em nada
teremos nos diferenciado dos animais irracionais.
Se
não desejamos um Estado de bem estar social que proteja o pobre e o
miserável das agruras da vida, então somos como abutres lutando
individualmente por um naco do cadáver putrefato da riqueza
planetária.
Enquanto
o ser humano assistir impassivelmente à coexistência de poucos
bilionários e muitos miseráveis, não poderá honestamente se
considerar desenvolvido e civilizado.
Enquanto
entender ser um direito a concentração de riqueza, ao mesmo tempo
que reage horrorizado à distribuição estatal de migalhas aos
miseráveis, estará se igualando às hienas na hierarquização do
direito de morder a carne da presa abatida.
Podemos
ser animais melhores, inteligentes e racionais, ou podemos ser iguais
aos animais irracionais.
Que
tipo de animal você prefere ser?
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