sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

O milagre da fé


O Deus judaico-cristão-muçulmano é onipotente, onisciente e onipresente. Em síntese, pode TUDO. Portanto, poderia ter criado um mundo perfeito, sem fomes, sem doenças, sem miséria, onde todos tivessem uma moradia decente e confortável. Enfim, um mundo feliz, fraterno e igualitário.
Porém, assim não o fez, preferindo produzir um mundo com poucos ricos e muitos miseráveis. Com doenças terríveis cujas curas somente são acessíveis aos ricos. Deus resolveu deixar os seres, humanos ou não, comerem-se uns aos outros, literal e figurativamente.

No Velho Testamento não havia o Diabo. Deus era responsável por todas as coisas, fossem boas ou más, e, para deixar isso bastante claro, vez ou outra arrasava uma cidade inteira com todos os seus habitantes, homens, mulheres e crianças. Ou mandava um ferrenho crente matar o próprio filho a título de sacrifício feito em seu nome.
Ele também era Deus de um povo só e claramente tomava partido dessa parcela da população, chamando-a “seu povo” e matando impiedosamente qualquer outra nação que ousasse fazer mal aos seus escolhidos.
A partir do cristianismo, tornou-se o Deus de toda a humanidade. Em contrapartida, criou-se a figura do Diabo, sem dúvida um ser também obra de Deus, que, onipotente, poderia impedir que seus anjos, Lúcifer ou Belzebu, como queiram, se desviassem para o mal e caíssem do Céu, criando o inferno. Novamente, assim não o fez. Aliás, poderia, se assim o quisesse, retirar qualquer poder do Diabo, tampouco resolveu fazê-lo, considerando melhor permitir que praticasse ele suas maldades contra a humanidade. Como o Diabo não está no Céu e também possui poderes extraordinários, trata-se de uma deidade, o que abala um tanto a crença no monoteísmo.
Em seguida, resolveu enviar um distinto emissário para advertir a humanidade sobre os seus desvios ético-morais, proclamando-o “seu único filho”, expressão que nos exclui completamente de sua paternidade. Poderia tê-lo mandado do nada e extremamente poderoso, mas resolveu engravidar uma jovem solteira virgem e submetê-la aos naturais constrangimentos da época. Também não concedeu ao filho nenhum grande poder, deixando ao seu encargo tentar convencer os demais homens de que não era maluco, mas o messias, filho encarnado de Deus. E sendo filho de Deus, é mais uma deidade a contrariar a tese do monoteísmo.
O Filho de Deus realizou alguns milagres, é verdade. Ajudou numa pescaria, transformou água em vinho, multiplicou pães, curou uns enfermos e, pasmem, chegou a ressuscitar um morto. Ainda assim foram poucos milagres e menos impressionantes do que se poderia esperar de uma divindade que hoje acredita-se tão poderosa quanto o próprio Deus. Em toda a sua vida, Jesus realizou menos milagres do que os que são hoje creditados a alguns pastores pentecostais em um único culto.
O Filho nunca disse ser igual ao Pai, mas que era apenas filho. Atualmente, porém, Filho e Pai são equivalentes, acrescendo-se a isso um Espírito Santo. Três deuses em um, mas ainda uma religião monoteísta. É o milagre da fé.
Claro, para alguns acreditar em tudo isso é muito mais lógico do que acreditar que Deus não existe ou, se existe, que ele não é bem como nos revelam as “sagradas escrituras” escritas pelos homens.

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