sexta-feira, 13 de março de 2015

Sucesso nas manifestações pró-governo. Agora é esperar o dia 15.

As manifestações de hoje (13/03), a favor da Petrobras, pela reforma política e contra o desvario do impeachment foram bem sucedidas. Nas 22 capitais em que foram realizadas, foi considerável o afluxo de manifestantes. Milhares de cidadãos atenderam ao chamado da CUT.

Um mar vermelho tomou conta das capitais. Vermelho da CUT, mas também do PT. Incontáveis cartazes defendiam a Presidente Dilma. Outros tantos exigiam uma reforma política decente.

Nem a chuva pesada desanimou os manifestantes. A Avenida Paulista foi totalmente tomada pelos manifestantes, molhados da cabeça aos pés. Pela energia que demonstraram, se a avenida fosse alagada eles provavelmente teriam continuado a se manifestar, a nado.

A grande imprensa, sem condições de simplesmente ignorar o fato, dada sua proporção, prodigalizou nas tentativas de reduzir o tamanho do evento. Imagens gravadas no período da manhã, quando as pessoas ainda estavam chegando, foram apresentadas como se fosse do momento, mais tarde, o que dava a falsa impressão de que a quantidade de manifestantes não era relevante. Em outros locais, os cinegrafistas davam preferência a focalizar pontos onde as pessoas estava mais esparsas, algumas vezes as escondendo atrás de uma árvore ou de um prédio.

Os jornalistas repetiam à exaustão que as manifestações eram a favor da Petrobras. E só. Como se esse fosse o único objetivo do movimento. E, logo a seguir, falavam sobre a Operação Lava-Jato, sugerindo que a manifestação seria uma demonstração de indignação do povo contra o governo em função do problema na Petrobras.

Vez ou outra um jornalista mais desavisado lembrava que o ato era pró-governo também, mas em passagens rápidas.

Na GloboNews, a mesma estratégia. A comentarista política Cristiana Lobo informou, com movimento de sobrancelha e lançamento de olhares sugestivos, que o movimento foi inicialmente programado para ser contra o governo, mas que posteriormente o governo cooptou a CUT e conseguiu, não somente mitigar a crítica, mas transformar o movimento num ato pró-governo.

O sucesso das manifestações pró-governo largou uma batata quente nas mãos dos organizadores das manifestações contra o governo, programadas para o próximo dia 15, domingo. A comparação entre as quantidades de manifestantes será inevitável. Aquele que atrair maior número de manifestantes sairá vitorioso na guerra de trincheiras que vem sendo travada na internet.

Será uma reedição da apuração da eleição, com o povo dividido entre as duas opções? Ou, desta vez, um dos lados conseguirá emocionar maior parcela da população? Veremos.

Claro que, para a grande imprensa, o ato contra o governo será o vitorioso se apresentar uma boa quantidade de manifestantes, mesmo que muito inferior ao do pró-governo. Novamente será importante o trabalho dos cinegrafistas, só que ao contrário. Farão quase um photoshop da realidade.

Contudo, nem a grande imprensa irá sustentar uma bazófia dessas se o fracasso for retumbante.

E o risco de fracasso é grande, ao menos fora de São Paulo e dos estados do sul. Mesmo em São Paulo, num domingo à tarde... Difícil. Se chover, então, como aconteceu hoje, impossível.

Talvez Aécio consiga algo em Belo Horizonte, mas não são favas contadas. O povo de Minas não está dando essa bola toda para o senador, não.

O fracasso no nordeste é praticamente inevitável.

De qualquer forma, tudo será feito para tentar "salvar" a honra das passeatas contra o governo. Afinal, dizem as más línguas que a Globo é sócia do movimento, tendo inclusive solicitado a mudança de horário de um jogo para garantir um bom número de pessoas nas ruas. Faltou pedir aos restaurantes caros que fechassem as portas nesse domingo, o que garantiria mais gente bacana e elegante, gente "de bem" ou "de bens", nas ruas protestando inclusive em inglês e francês, porque sem dúvida é mais chique. Será que levarão suas panelas Le Creuset para a Avenida Paulista?

Há mais um sinalizador importante vindo das manifestações de hoje: o povo afirmou claramente a sua disposição de lutar pela normalidade democrática e colocou na pauta dos assuntos políticos, como uma exigência de massa, o que parecia ser apenas um indicativo intelectual. A reforma política tornou-se uma agenda coletiva.

As reuniões de pauta das grandes redações devem estar alvoroçadas. Está ficando cada vez mais difícil escolher as manchetes a partir do pressuposto básico do cidadão Homer Simpson.

Na verdade, isso já está ficando ridículo.

3 comentários :

  1. Oi, Marcio.

    Não sei se dá para fazer algum tipo de comparação entre uma passeata marcada para um dia da semana em horário de trabalho (fora a chuva) com o veto claro dos grandes meios de comunicação e uma marcada para um domingo com o apoio e a divulgação 24/7 da grande mídia tradicional.

    Eis uma coisa que não dá para entender: a insistência da esquerda em fazer passeata em dia da semana e horário de trabalho. Será que não percebem que é contraproducente, pois, além de irritar quem fica preso no trânsito - seja em transporte individual, seja em coletivo -, impede que outros trabalhadores de regiões mais distantes se desloquem a tempo de participar do evento?

    A direita detém o monopólio das passeatas em fins de semana e feriados?

    [ ]s,
    Ninguém

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  2. Agora me fala... como você mesmo colocou la encima.. uma mar vermelho tomou conta das capitais...
    afinal.. o protesto é para o bem de um país ou de um partido? Até onde sei a cor do país e verde e amarelo. E concordo com o comentário acima, um protesto feito em dia de semana durante o horario de trabalho... realmente mostra quantos desocupados que vivem a partir das bolsas nos temos hoje em dia.

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  3. Toda manifestação é válida e é direito democrático, mas me incomoda o discurso do "o que outro faz é errado e só o que eu faço é certo". É isso que leio nesse texto! É assim que o PT tem se comportado desde que vestiu o manto do poder. Só podem protestar neste país o MST, a CUT ou quem porte uma bandeira vermelha? A"odiosa classe média" paga impostos e não pode bater suas panelas de suas "varandas gourmets"? Quanto mais leio ou ouço incoerências, mais me arrependo de um dia ter acreditado e de ter votado no PT que já deixou claro que não me representa! Falam em nome dos trabalhadores, mas são formados por quem suga o trabalhador. Vivem empunhando bandeiras para protestar e paralisar a vida de quem trabalha, mas se outros protestos dizem que são golpistas. Quem foi às ruas hoje não defende um partido, mas o Brasil. E são trabalhadores indignados que pagam impostos que são desviados. Ao contrário de um grupo que certamente não precisa trabalhar, porque vive às custas de nossos impostos, por isso puderam sair às ruas em pleno dia útil! Há tempos decidi não assistir TV a não ser a TV Câmera, TV Senado e TV Justiça, para vejo ao vivo o que os que dizem ser meus representantes estão fazendo ou dizendo em meu nome, mas o que tenho visto só confirma a incoerência dos partidos que apoiam o governo: dizem que os outros querem destruir o Brasil e que não pensam nos pobres, mas votam a favor de medidas que diminuem ainda mais os direitos dos trabalhadores e empobrecem ainda mais os brasileiros. Os governistas mantiveram todos os vetos da Presidente e todos eles eram contra o trabalhador, mas sob o discurso da governabilidade. O pior é imputar ao outro, sem autocrítica, os próprios erros. O PT mentiu para ganhar a eleição e agora faz o que dizia que o outro faria. Mais: culpa os governos anteriores pelos problemas atuais, a bolha financeira nos EUA, o clima... Chamam de terceiro turno o direito de protestar e de fazer oposição... Chamam de golpe o direito de livre manifestação! Golpe foi o que sofremos ao comprar o que nos vendeu o João Santana e receber no pacote o Joaquim Levy! Não sou a favor de intervenção e nem de impeachman, mas se há uma punição para a propaganda enganosa, o político que mente, que mascara, que manipula os números para enganar o eleitor deve ser punido por isso! Afinal, é com os números dos votos que se julga legitimamente eleito e autorizado a impor medidas não mencionadas antes!
    Se posso pagar cada vez mais impostos, também tenho direito de reclamar, sem que isso seja chamado de golpe!

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