sábado, 25 de outubro de 2014

Último debate. Agora, a eleição!


E lá se foi o último debate eleitoral entre Dilma e Aécio.

À exceção de Aécio logo no início, com a primeira pergunta, tentando encurralar Dilma com uma espada forjada com a famigerada capa da Veja que, de forma criminosa, lança suspeitas sobre Dilma e Lula, o debate foi em geral, como os anteriores, enfadonho e morno, repetindo-se as mesmas discussões sobre corrupção dos dois partidos, defesa do governo de FHC e do próprio governo pelo Aécio, defesa dos programas do governo do PT com Lula e Dilma.
Após assisti-lo, estou convicto de que, se a eleição seguir o seu curso natural, daqui a um dia Dilma Roussef será reeleita para dirigir o país por mais quatro anos. Esse destino não será modificado pela capa desesperada e criminosa da revista Veja, nem pela atuação dos candidatos nesse debate.

Dilma, a meu ver de forma sábia, adotou o tom certo e enérgico para refutar a "capa de pinóquio" e, como nunca ocorreu em situações idênticas em outras eleições, dessa vez a Veja ficou falando sozinha, ao menos até esse momento em que escrevo, antes do Jornal Nacional de hoje (25).
Sob a estrita ótica do que ocorreu até aqui, nada é capaz de produzir alteração no quadro eleitoral que já se desenhou.
O alcance da revista Veja, sem a intensidade do megafone do Jornal Nacional, é muito limitado, estando basicamente restrito aos seus cerca de um milhão de assinantes e a mais uma parcela menor que lê as pequenas notas que tem saído nos grandes jornais que repercutiram a matéria.
Nas bancas a Veja vende pouco, se comparado com o número de assinantes. Há muito deixou de obter crescimento em vendas diretas por conta das sucessivas acusações baratas vendidas ao preço de escândalos não comprovados. Perdeu credibilidade e, na verdade, virou motivo de piada.
Contudo, se for considerado que uma imensa parcela dos leitores de Veja já integram o conjunto de eleitores antipetistas, isso significa que Aécio pouco ou nada tem a ganhar por conta dessa, hum... vamos chamar de "matéria". É praticamente certo que os poucos eleitores e simpatizantes do PT que porventura ainda tenham assinatura da revista dificilmente serão influenciados por uma fraude tão evidente.
Dilma ganhando ou Aécio ganhando, o país sai dividido dessa eleição como nunca se viu antes. Dividido e extremamente radicalizado. São três segmentos populacionais muito bem delineados em relação à opção político-ideológica: o petismo, o antipetismo e os neutros.
É preciso, porém, destacar que não há uma divisão PT x PSDB. Isso é um mito. O PSDB está muito longe de possuir um eleitorado militante como o PT possui. Nesse momento, os tucanos são apenas depositários de votos oriundos do antipetismo, este sim o movimento que fraciona o eleitorado.
Para o antipetismo é irrelevante quem seja o adversário do PT. Estariam agora maciçamente votando no Eduardo Campos, se não tivesse morrido, ou na Marina, sua sucessora, que são políticos com uma trajetória dentro da normalidade política, porém votariam, da mesma forma, em qualquer pessoa que viabilizasse a derrota eleitoral do PT.
Votariam tranquilamente no pastor Silas Malafaia, ou no pastor Feliciano, no deputado Bolsonaro, no ator Alexandre Frota ou até no cantor Lobão apenas pelo prazer ilusório e momentâneo de comemorar a saída do PT do governo federal. Iriam às ruas e festejariam. O custo disso, ah, depois a gente paga. Vale tudo para, como eles dizem, "extirpar essa corja petista" do poder, para "acabar com a raça do PT" na fala de Bornhausen.
Nada mais importa e os antipetistas estão dispostos inclusive ao sacrifício pessoal, a bancar a derrota do PT ao custo de perda da própria renda, ao custo de desviar o Brasil da rota de desenvolvimento social contínuo que se iniciou em 2003, com Lula.
Tornou-se uma obsessão e toda obsessão, como se sabe, é doentia e causa danos em quem a tem e, em muitos casos, às pessoas à sua volta.
São essas pessoas, que já integram o antipetismo, que a revista Veja irá convencer. O grande problema, entretanto, é que eles já estavam convencidos.
A bala de prata revela-se, assim, inútil para os petistas e também para os antipetistas.
A única ambição dessa capa, desse modo, era atingir os eleitores indecisos e, no último momento, inverter a "boca de jacaré" que se formou nos gráficos das pesquisas em favor da Dilma.
Tarefa ingrata pois, eleição após eleição, os eleitores brasileiros vêm demonstrando reiteradamente que não mais guia o seu voto em função de discursos moralistas de corrupção, ainda mais quando proferidos na boca da urna. Esse veneno já foi tantas vezes instilado nas veias do eleitor que ele se tornou imunizado, cansou.
O povo sabiamente desconfia daquele que aponta um dedo para o outro e esquece que os outros quatro apontam para si mesmo.
E o eleitor mais pobre vê todos os dias, dentro da própria casa, o resultado prático de uma política governamental que privilegiou produção, emprego e renda, que levou luz onde só via escuridão, que fornece as condições para a criança ir à escola, enquanto pai e mãe, muitas vezes pela primeira vez em toda a história familiar, conseguem ingressar na faculdade através do Prouni. Essa percepção concreta o discurso moralista de uma via só não consegue obscurecer.
Ainda não sei o resultado das urnas. A eleição será amanhã. Seja quem for o vitorioso, terá que construir pontes para unir a sociedade dividida. A divisão e o acirramento são daninhos para todos. Esse é um imperativo para quem for o eleito.

E torcerei pelo sucesso do projeto político vitorioso. Afinal, sou brasileiro, não desisto nunca.

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