É
absolutamente inacreditável que a Petrobras esteja sendo utilizada
pela mídia e pela propaganda tucana como exemplo de má gestão do
governo do PT.
Digo
inacreditável porque bastam alguns cliques na internet para
comprovar que essas notícias são falsas.
O
próprio O Globo, em 29 de agosto último, teve que reconhecer que,
no final do governo tucano de FHC, em 2002, a Petrobras possuía um
valor de mercado de US$ 15,4 bilhões (01) e que agora, em outubro de
2014, ela valia US$ 116,3 bilhões (02), o que inclusive a fez
retornar à condição de maior empresa da América Latina.
O
valor da Petrobras, portanto, cresceu sete vezes e meia no governo do
PT em relação ao tucano. Por conta disso, ela, cuja colocação no
ranking mundial das empresa era acima do centésimo lugar, pulou para
a quarta colocação em 2010 (dados da Wikipedia).
Em
2011, a Petrobras tornou-se a quinta maior empresa petrolífera do
mundo. A partir de 2010, se consideradas somente as empresas de
energia, passou ao segunda lugar do mundo em valor em valor de
mercado (idem).
Pelo
menos desde o ano de 2006 vem apresentando lucros gigantescos. Veja o
quadro abaixo:
Ano
|
Lucro
líquido (R$ bilhões)
|
2013
|
23,57
|
2012
|
21,18
|
2011
|
33,31
|
2010
|
35,19
|
2009
|
28,98
|
2008
|
32,99
|
2007
|
21,7
|
2006
|
25,9
|
2005
|
23,7
|
2004
|
17,9
|
2003
|
17,8
|
2002
|
8,1
|
2001
|
9,87
|
Observação:
a origem das informações está referenciada no item (3) ao final do
artigo.
A
diferença entre os governos do PSDB e os do PT no que concerne à
lucratividade da Petrobras é absolutamente gritante. Logo no
primeiro ano do governo petista, 2003, o lucro saltou para o dobro,
triplicando em 2005. Entre 2008 e 2011 quadruplicou. Depois, em 2012
e 2013 houve um recuo, mas ainda assim foi pelo menos o dobro do que
era no governo tucano.
Como
em qualquer outra empresa, em alguns anos o lucro é menor do que no
anterior, em outros maior. Mas basta o lucro ser menor para virem as
manchetes estridentes com o propósito de passar a falsa ideia de que
variação negativa de lucro confunde-se com ausência de lucro ou
prejuízo.
Aliás,
a redução do lucro em alguns anos pode ser creditada aos altos
investimentos realizados pela Petrobras. Para o quadriênio 2014-2018
está previsto um investimento da ordem de mais de 220 bilhões de
dólares, ou seja, cerca de 55 bilhões de dólares por ano. Com
isso, tornou-se uma das maiores empresas investidoras em produção
do mundo e aqui está se falando de todas as empresas e não somente
das petrolíferas.
Outra
bronca da imprensa decorre da manutenção do preço da gasolina.
Aqui, mira-se exclusivamente no benefício dos acionistas, uma grande
parte deles formada por especuladores estrangeiros. Deixam de
considerar que o povo sofre ao pagar uma gasolina caríssima. Porém,
a Petrobras ainda é uma empresa estatal, que pertence
majoritariamente ao povo. Se um dos seus propósitos não for
beneficiar o povo, para que tê-la? A gasolina já é cara e a
Petrobras dá lucro. O povo deve beneficiar-se disso.
Numa
outra frente de combate de nossa imprensa aguerrida de um lado só,
critica-se o preço das ações da Petrobras. Qualquer baixa é
motivo para sugerir uma suposta incompetência petista, embora se
saiba que nenhuma empresa controla o mercado de ações, que é
flutuante mesmo. O máximo que uma empresa pode fazer é dar lucro
aos acionistas, na forma de dividendos, e esse papel a Petrobras tem
cumprido. O curioso é que, quando a flutuação é favorável,
retornando a ação ao valor normal ou até aumentando, publica-se
uma notinha lá no fim da página de economia. Na verdade, nenhuma
empresa pode garantir que todos os anos baterá recordes de
lucratividade. Isso sequer é compatível com os princípios do
capitalismo e do livre mercado.
Essa
espetacular lucratividade da Petrobras inclusive derruba a velha
máxima de que empresas com capital público sempre são mal geridas
e dão prejuízo.
Mas,
não adianta. Mesmo dando lucro e crescendo, criam-se situações de
escândalo, como o caso Pasadena, um negócio de 2006 ressuscitado
próximo à eleição. Coincidência, não? Mais recentemente, veio à
tona o caso do diretor que recebia propina, denúncia também
afinadinha com o calendário eleitoral.
Quanto
à Pasadena, a imprensa martelou insistentemente um prejuízo
inventado, de mais um bilhão de dólares, embora uma análise isenta
demonstre que o negócio teria sido bom, não fosse o percalço
inesperado da crise econômica americana de 2008, que devastou a
economia do mundo inteiro. Tenho um amigo que investiu todas as suas
economias numa financeira também em 2006, viu o seu negócio
alavancar de uma forma extraordinária e, de súbito, infelizmente,
tudo desmoronou em 2008. Ele não estava errado em investir no que
investiu. Ele teve um bom faro e tudo indicava que era uma excelente
oportunidade. Houve, simplesmente, um evento fora do alcance de
qualquer previsão. O mesmo ocorreu em Pasadena.
E
o prejuízo está longe de ter sido de mais um bilhão, como apregoam
as manchetes tendenciosas. Para chegar a esse número, os "experts"
somaram tudo o que a Petrobras gastou desde a compra, inclusive
adequações nas instalações, além do preço correspondente aos
estoques existentes na refinaria quando da compra. Estoque é
mercadoria a ser vendida, é ativo, não é prejuízo. Reforma não
tem nada a ver com o preço da compra. Houve prejuízo, sim, mas é
muito provável que não chegue aos quinhentos milhões de dólares,
se considerados os ativos adquiridos. Ainda assim é um valor alto.
Todavia, corresponde a cerca de um por cento do total de
investimentos da Petrobras e, considerado o tamanho gigantesco dos
investimentos, é natural que algo dê errado, o que não significa
improbidade. E o prejuízo é meramente suposto, pois Pasadena
continua a ser da Petrobras e sabe-se que já está dando lucro
novamente.
Quanto
ao atual caso de corrupção na Petrobras, que envolve um ex-diretor
da empresa e um doleiro, precisamos lembrar que o ex-diretor possui
relações com a empresa desde 1979 e já ocupava cargos de direção
na Petrobras no governo de FHC, desde 1995. Por pressão política de
parlamentares, Lula o nomeou em 2004. E ele já estava desligado da
empresa há mais de dois anos quando o escândalo veio à tona, sendo
ridícula a menção que se faz da "carta de recomendação"
a ele dada quando de sua saída. Trata-se de procedimento rotineiro e
anterior à ciência dos fatos. E o que deve fazer uma empresa quando
fica sabendo que um diretor, já desligado, apropriou-se de
patrimônio da empresa? Ora, realiza o boletim de ocorrência
policial e solicita a devida investigação. E o procedimento
criminal já está sendo realizado. Isso não tem necessariamente
nada a ver com o presidente da empresa ou com o presidente do país.
Mais
uma vez, constrói-se uma pauta midiática negativa e clamorosa às
vésperas de uma eleição.
Curiosamente,
esquece-se completamente do maior caso de prejuízo potencialmente
causado por frouxidão na gestão da Petrobras. Trata-se do
escandaloso afundamento da plataforma P-36 em 2001, ocorrido durante
a gestão de Fernando Henrique Cardoso. A P-36 era a mais cara e
maior plataforma de petróleo da história do mundo até então.
Custou, à época, 350 milhões de dólares. Hoje, facilmente
chegaria à casa de um bilhão de dólares. Ainda assim, as manchetes
da época em nenhum momento vincularam uma possível incompetência
de FHC ao episódio. Após o choque do dia do acidente, seguiu-se um
acompanhamento morno pela imprensa, geralmente em pequenas
reportagens nas páginas internas dos grandes jornais, apesar de ter
sido comprovado que o acidente foi causado por erros de projeto e de
manutenção, ou seja, problemas de gestão.
É
assim que funciona a imprensa brasileira, confessadamente o maior
partido de oposição do Brasil. Para essa imprensa, não é motivo
de manchete um candidato a presidente que dirige intoxicado, sem
habilitação e se recusa a fazer o teste do bafômetro. Se descumpre
as leis mais básicas, irá respeitar as mais severas? Tampouco é
motivo de manchete esse mesmo candidato construir dois aeroportos,
com o dinheiro público, para atender interesses particulares. Fez
isso em Minas, o que fará com o Brasil?
Nada
disso é errado.
Errado
é ser o autor da nomeação de uma pessoa, dentre milhares, que
posteriormente veio a se revelar desonesta. Ah, isso não tem perdão.
Fontes:
(01)
link do Globo Online -
http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:Lo9y8b5gcCgJ:oglobo.globo.com/blogs/preto-no-branco/posts/2014/08/29/dilma-valor-de-mercado-da-petrobras-547693.asp+&cd=5&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br
(03)
tabela de lucros da Petrobras:
(dados
de 2006 a 2013 extraído da Wikipedia em 21/04/2014 de:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Petrobras)
(dados
de 2001 e 2002 extraídos de
http://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/noticia/2003-02-17/petrobras-lucro-consolidado-em-2002-foi-superior-r-8-bilhoes
(dado
de 2003 extraído do site da Folha de São Paulo em
http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:jY0gcWfOlk8J:www1.folha.uol.com.br/fsp/dinheiro/fi1402200402.htm+&cd=4&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br)
(dado
de 2004 extraído do site da Folha de São Paulo em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u93816.shtml)
(dado
de 2005 extraído do site da Folha de São Paulo em
http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:616pzExnv_UJ:www1.folha.uol.com.br/fsp/dinheiro/fi1802200602.htm+&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br)
Texto originalmente postado em abril de 2014 e atualizado em 16 de outubro de 2014.
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