A
matéria do iG cujo link destaco em seguida a esse texto corrobora o
que venho alertando: o antipetismo representa mais do que um
movimento contrário ao PT no governo. Trata-se de ação irrefletida
de uma parcela considerável da população que aproveita-se de uma
disputa eleitoral para apresentar o que verdadeiramente povoa suas
cabeças: um discurso de ódio, intolerância, elitismo e preconceito
contra pobres e nordestinos. Os eleitores antipetistas que não
compactuam com isso devem refletir sobre quem está do seu lado.
É
direito sagrado votar contra o PT. É direito inalienável manifestar
opiniões. Contudo, compete a cada um dos antipetistas, constatando
que a opinião que está compartilhando é idêntica à dos baluartes
da segregação e do ódio, parar por um momento para pensar em que
tipo de pessoa está se transformando, que espécie de pensamentos
está se incorporando à natureza do ser humano que se é.
Após
a vitória de Dilma, a rede social povoou-se de opiniões que nada
tem de políticas. São discursos separatistas, de ódio aos
nordestinos, de desprezo aos que recebem bolsa-família. Essa eleição
teve vários aspectos ruins, mas produziu ao menos uma coisa boa:
está nos revelando o tipo de pessoa que somos.
Somente
existiam duas possibilidades de escolha, cada uma com seus próprios
méritos e defeitos a serem avaliados. Uma optou pela continuidade
dos programas de melhoria social destinados aos pobres. A outra
pretendia uma espécie de purificação ética no governo. Ambas são
pretensões legítimas e uma prevaleceu, como deve ser numa
democracia.
A
defesa de uma dessas opções não guarda relação alguma com a
demonstração explícita de elitismo e preconceito contra
nordestinos e pobres que legitimamente fizeram sua escolha. O
discurso do ódio não revela nossa orientação política, mas o que
temos de podre em nossos recônditos. O mérito dessa eleição foi
trazer isso para a superfície.
Quanto
a mim, tenho orgulho de todas as regiões do país, mesmo dos estados
de São Paulo para baixo, que votaram maciçamente no projeto
alternativo. Não tenho dúvidas, porém, de que, se essa conversa
insana e preconceituosa de separatismo fosse à frente, escolheria
para morar a região que melhor representa o verdadeiro espírito
brasileiro: o nordeste.
Se
essa loucura fosse adiante, não hesitaria em dizer: fiquem com as
indústrias e a riqueza de São Paulo; quero ficar com o povo humilde
e acolhedor, com o clima quente e instigador, com as praias
paradisíacas do nordeste.
Não
hesitaria em substituir meu passaporte: de brasileiro com muito
orgulho para nordestino com orgulho ainda maior.
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